capítulo 07

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——— keep on dreaming, don't stop breathing, fight those demons
sell your soul, not your whole self



Que merda aconteceu? 

Era tudo que passava pela cabeça de Thalassa quando ela acordou nua em um lugar completamente desconhecido. Sua cabeça pesava e rodava fazendo feérica se questionar por que diabos bebeu tanto na noite anterior. Estirada no chão tendo apenas um tapete esfarrapado entre ela e a madeira fria a garota olhou ao redor tentando se localizar. Viu uma cama vazia ao seu lado porém um pouco desarrumada, onde um pequeno móvel com apenas uma gaveta repousava ao lado dela, na parede em sua frente uma pequena janela de vidro fosco ficava no meio da parede. Pela abertura da janela percebeu que o céu ainda estava escuro mas logo amanheceria completamente. 

Não se deixando mais na miséria, Thalassa se levantou do chão xingando ao sentir o corpo dolorido pela falta de conforto da sua cama. Viu uma poltrona no canto da parede e para sua sorte seu vestido estava ali, mas quando o pegou em mãos sentiu um forte cheiro de vinho. Ah merda, conseguiu estragar a obra de arte que era aquela peça, esperava realmente que os servos do Palácio fossem capaz de consertar. Depois de conseguir enfiar a roupa no corpo dolorido passou a procurar a calcinha, olhou embaixo da cama — em cima dela também —, atrás da poltrona e até dentro do pequeno móvel, mas a pecinha havia realmente desaparecido. 

Desistindo da adorada peça, saiu do quarto enquanto amarrava os cabelos em uma trança simples. A porta soltou um rangido, que só piorou sua dor de cabeça, quando foi aberta. Do lado de fora do quarto havia um pequeno corredor com três portas de cada lado, no final dele uma abertura levava a escada, saiu da última porta do lado esquerdo e ignorou todas as outras. Seguindo para as escadas Thalassa teve vislumbres da noite anterior. 

Depois que seu patrono saiu da festa a fêmea havia se soltado ainda mais. Usou todas as cigarrilhas a que tinha direito — já que ficaria um bom tempo sem elas por causa da viagem —, bebeu o máximo que podia e dançou até seus pés doerem. Se lembrou de ver Azriel sair do salão com aquela expressão de quem estava sempre espionando alguém e de Cassian e Nestha dançando por um bom tempo. 
Também lembrou de si mesma ajoelhada em um dos corredores escuros do Palácio chupando o pau de um macho que não se lembrava o nome mas que tinha uma boa ferramenta. 

Pisou no térreo e imediatamente soube onde estava, era uma taberna simplória mas de muito sucesso e perto do porto. Uma fêmea baixinha estava limpando as mesas que cheiravam a cerveja quando Thalassa saiu do estabelecimento. 
— Bom dia. 

A rua de pedras estava vazia, sem toda aquele alvoroço da noite o lugar parecia calmo e tranquilo. Uma brisa gelada abraçou o corpo de Thalassa enquanto ela caminhava até o porto — que estava mais perto que o Palácio Dourado. Seu plano era ir ao Nostradamus tomar um banho e se tornar apresentável novamente, ir a Boneville locar os livros para terminar sua pesquisa — se arrepiou de forma temerosa ao se lembrar dos eventos da noite anterior, mas sabia que a culpa não era da biblioteca —  e voltar para o Palácio para visitar seu adorado pégaso 

Cruzou os braços quando o vento se tornou mais forte conforme se aproximava do mar que mesmo de noite tinha uma beleza etérea e paradisíaca. Ela se lembrava de como sua paixão pelo mar começou, tinha pouco tempo que Helion tinha chamado-a para morar com ele mas eles passavam pouquíssimo tempo juntos e vendo que sua protegida passava mais tempo na companhia de criados do que a dele o Grão-Senhor propôs um passeio de barco. Era a primeira vez que a garota via o mar de tão perto e se apaixonou perdidamente pela forma com a embarcações vibrava com o balançar das ondas, o jeito que a cor da água mudava conforme o dia passava era uma das coisas mais belas que já havia visto e quando o macho disse que os olhos de Thalassa eram iguais e incertos como aquelas águas a feérica simplesmente decidiu que queria tudo aquilo para si. Queria aprender a navegar para que pudesse viajar pelas ondas, e Helion como o babão que era fez o possível para aquilo acontecer. Leu o máximo que podia sobre o assunto e até perguntou a alguns comerciantes que viajavam pelo mar como era e funcionava. No final, apenas uma tripulação de piratas aceitou a garota em seu navio e as coisas terminaram muito ruins. 

Corte de Sombras e Marés Where stories live. Discover now