capítulo 20

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— thread by thread I come apart
if brokenness is a work of art
surely this must be my masterpiece

















  Quando Thalassa decidiu que queria ter filhos imaginou algo como adoção, ou até mesmo procurar por algum método mágico de fertilização onde a genética dela e de sua esposa poderiam se cruzar… mas o pensamento de Hedia foi outro. A verdade era que desde que havia sido liberta ela passou a adorar viver aventuras constantes ao lado de sua esposa, e no momento em que decidiram que teriam filhos não poderia ser diferente. A grã-feérica propôs então que quando estivessem em seu período fértil as duas sairiam em busca de um macho para passar a noite, assim as duas teriam a mesma chance de engravidarem e fariam isso juntas. 

Thalassa achou um absurdo — primeiro pensando se tratar de uma brincadeira — e ficou com ciúmes, mas com o tempo e certos toques em certos lugares a esposa a convenceu de que era uma opção divertida para tentarem engravidar. Eufemismo seria dizer que Trovard achou que as duas estavam malucas, mas a decisão final era delas, então apenas observou as duas saírem em busca de diversão na noite. Afinal ele não era ninguém para julgar pessoas que gostavam de passar a noite com mais de um parceiro. 

Ninguém realmente acreditava que as aventuras noturnas das jovens resultaria em algo. Obviamente não dormiam com qualquer um, sempre procuravam saber os mais viris e que aparentavam ser "limpos" — só a mãe sabia onde certos feéricos enfiavam o pau e se tinham doenças e infecções —, elas também não faziam todos os dias e nem procuravam machos férteis em um só lugar, viajando de cidade em cidade por cinco meses em tentativas inúteis. A última vez que tentaram fora quatro semanas antes com um dos machos mais lindos que Thalassa viu em sua miserável vida, quase dois metros de altura, braços grossos como suas coxas, cabelos platinado e hidratados que alcançavam as costelas do macho; sua pele pálida e seus olhos bicolores — um azul tão escuro quanto os céus trovejantes em uma noite tempestuosa e outro dourado como o pôr do sol na Corte Crepuscular — a Capitã e sua esposa tiveram um interesse mútuo no grão-feérico logo procurando saber mais sobre si e seus gostos. Quando constataram que o macho estava limpo e que demonstrou interesse, as coisas só melhoraram. Ele acabou percebendo a intenção das duas ali e diferente do esperado afirmou que estava mais que disposto a ajudar a causa. 

Thalassa e Hedia tiveram uma das melhores noites de sua vida, o macho tinha um pau acima da média e sabia usar com glória. Quando Hedia sentou sobre o rosto da Capitã enquanto a mesma era penetrada pelo macho — que descobriu chamar-se Kael —, Thalassa pôde jurar que aquilo era o paraíso. Após fuderem e se cansarem além da conta, as duas se foram deixando Kael dormindo no quarto. 

Kael foi o último com quem se atreveram a dividir os lençóis, após isso seguiram viagem e deram uma pausa em suas tentativas. As coisas começaram a desandar, durante o percurso para a Corte Invernal — onde a tripulação passaria alguns meses em terra firme — o navio passou por turbulentas tempestades, o mar parecia gritar e despejar sua fúria na tripulação do Nostradamus, foi em meio às águas turbulentas e selvagens que Thalassa sentiu um de seus puxões em direção à algo maior e como todos da tripulação estavam acostumados com as buscas incessantes por objetos perdidos, não foi nenhum problema abandonar o percurso para mais uma de suas caçadas. Conforme se aproximavam, uma angústia devoradora espremia seu peito em um aviso constante de que seja lá o que fosse aquilo, não era nada como o esperado. 

Tentou desistir da ideia de ir atrás da coisa, mas Hedia com todo seu espírito coberto de adrenalina insistiu na ideia, disse que precisavam espairecer e o que melhor que a busca de um objeto mágico para fazer isso? 

Corte de Sombras e Marés Waar verhalen tot leven komen. Ontdek het nu