- O Assassino -

881 148 1
                                    

Não tinha para onde correr quando a noite caia e a sede de sangue surgia. Não tinha para onde correr quando ele escolhia sua vítima e começava a atacar.

Dessa vez, ele tinha se preparado bem. Durante três noites, ele foi conquistando a pequena e inocente criada aos poucos. Não foi tão difícil. Ela gostava de atenção, gostava de alguns beijos roubados. Ele foi a conquistando com promessas de flores, doces, encontros e o que ela mais gostava de ouvir com detalhes, jóias. A pequena jovem ambiciosa. Mas ela nunca ficava por tanto tempo para ele dar o bote, ela sempre corria para a segurança do seu teto. Hoje, ela iria ficar pelo tempo que ele precisava. 

Ele chegou com um sorriso e foi se aproximando aos poucos de seu corpo, para não assustá-la e fazê-la correr como ela sempre faz. Hoje, ele a hipnotizou com um bom papo que ela nem percebeu quando ele estava bem perto dela e os dois estavam bem escondidos nas sombras. Ele agarrou a cintura dela, começou a beija-la, continuou com o papo idiota de joias para que ela não pensasse em se afastar. 

Então ele a atacou. Com discrição e agilidade, uma faca surgiu em sua mão e cortou bem fundo o pescoço dela. 

O sangue começou a pingar no chão, a jovem começou a sufocar e tudo isso foi...delicioso. A morte era deliciosa. 

Sua boca foi para o pescoço dela e seus dentes...ele abocanhou com gosto o sangue que saia dela, mesmo que não fosse por isso que ele a tinha matado. Era quente, vivo, bom. Com uma palavra enorme, antiga e monstruosa, uma pequena esfera de luz começou a sair do peito da jovem e ele a trouxe para dentro de si, se sentindo logo depois completo e poderoso. Era para isso que tinha vindo atrás dessa jovem inocente, sua alma, sua vida.

Estava se preparando para ir embora quando ouviu um som atrás de si, um passo em falso e um arquejo de susto. Ele se virou e deu de cara com um homem, provavelmente um criado indo para a vila. Soltou um resmungo de frustração. Agora teria que ficar mais um tempo e acabar com qualquer índice de que esteve aqui, isso significava matar a testemunha do crime. 

Pegando a espada que sempre carregava consigo, ele a apontou para o homem intrometido e abriu um sorriso maldoso. Sem dar qualquer chance para o homem ter alguma reação, ele ergueu a espada e o golpeou com um ataque veloz. Em um minuto, ele terminou de cortar o homem em pedaços. Primeiro sua cabeça, para que ele não gritasse, então o resto do seu corpo. A espada era perfeita para isso.

Foi uma cena linda. Foi ainda mais bonito e extasiante cortar o corpo da jovem. Se ele teve que fazer em um, seria bom fazer no outro, para não haver desconfianças. 

Deixando os corpos para trás, ele começou a caminhar pelos corredores. Mas alguém entrou em seu caminho. Ela sempre entrava em seu caminho, ele nunca conseguia evitá-la, nunca conseguia brincar com ela, irritá-la. Mas ele conseguia quebrá-la só de estar em sua frente.

— Está na hora de você ir embora. — ela falou, o olhar mortal, o tom mortal. 

Ela não o assustava.

Ele abriu um sorriso cruel. Ela disse a mesma coisa nas últimas duas vezes, tentando assusta-lo, não funcionava e nunca iria funcionar. Tudo bem. Ele já conseguiu o que queria. Conseguiu o alimento, a vida, para aquela que iria libertá-lo. 

Assim que a mulher proferiu um comando na língua antiga, ele foi embora, muito satisfeito.

A Veracidade das SombrasOnde as histórias ganham vida. Descobre agora