Capítulo 13

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Eu tinha dormido por três dias, então nem preciso dizer que quando a noite caiu e todos estavam se preparando para dormir eu não estava com um pingo de sono.

O jantar tinha se seguido em uma harmoniosa conversa, que só continuava por causa de Weynar que não conseguia parar de falar. Pelo menos seu assunto não era entediante, ela sabia manter um bom papo e era bastante engraçada em certos momentos, conseguiu fazer o momento de tensão de minutos atrás no quarto sumir em um passe de mágica. Mas nem por isso eu tinha falado ou olhado para Henrik, estava farta dele e iria o ignorar o máximo possível e esperava que ele me deixasse em paz.

Weynar era com certeza diferente, sempre alegre e com um sorriso no rosto, até parecia que nada podia abalá-la, talvez isso tenha vindo do falecido pai já que Keeran também sempre tinha um sorriso nos lábios. Henrik que discordasse, por não gostar da mãe, mas os dois eram bem parecidos, ambos frios — o filho sendo sempre arrogante.

A princesa me contou tudo o que descobriu sobre seu novo poder, o amplificador, que era capaz de aumentar ou diminuir o poder de alguém e o funcionamento de alguns órgãos do corpo — quando ela estivesse bem treinada poderia tirar ou salvar vidas com isso; e ainda não sabia se quando aumentasse o poder de alguém o quanto isso iria durar, muito ou pouco tempo. Weynar era com certeza a princesa mais forte de todos os reinos, e quando crescesse iria se tornar a mulher mais forte. Antes eu achava que seria Makenna, mas agora estou em dúvida.

Ela iria precisar de boas lições para lidar com a inveja e a ambição de outras pessoas que iria cair em seu colo. As pessoas podiam ser bem cruéis.

Tinha trocado poucas palavras com Makenna, apenas para não ser cruel, e eu sabia que ela percebia que eu estava chateada, mas ela tinha sofrido por três dias com minha inconsciência e não podia ser fria com ela se nem tinha motivos. Uma hora ela com certeza iria me contar o que ela estava escondendo, talvez estivesse reunindo coragem e queria fazer isso sem ser interrompida.

Era o que estava na minha cabeça, aguardando que ela dê-se um mínimo sinal que iria começar a falar, mas o jantar acabou, voltamos a nossa suíte, ela pegou um livro para ler e em minutos estava dormindo no sofá. Devia está bastante cansada depois desses dias agitados, enquanto eu tinha energia de sobra. Deixei de lado meu kit de lápis e o caderno onde desenhava e fui atrás de um cobertor em seu quarto, coloquei sobre ela, guardando o livro que estava lendo, e apaguei as lâmpadas para que a luz não a incomodasse.

Voltei para a poltrona onde estava e acendi um abajur para continuar a desenhar, todos já deviam estar dormindo e o que me restava eram lápis e papel em branco.

Não sabia exatamente o que estava desenhando, já que tinha começado sem nada em mente, mas minha mão se movia, fazendo traços surgirem no papel em branco. Não demorou para que um rosto começasse a surgir e eu continuasse a desenhar-loz mesmo não sabendo ao certo como o conhecia.

Parei assim que percebi que não sabia mais como dá continuidade e olhei atentamente para o desenho. Podia pintá-lo com os lápis que tinha, mas não sabia qual eram as cores dos olhos, da pele e do cabelo cacheado do menino que tinha desenhado. Nem o conhecia, mas sentia que sim, isso era possível? Provável, talvez fosse algum rosto conhecido da minha infância que ao longo dos anos havia esquecido por causa de pouco contato com tal pessoa. Era uma boa lógica.

Balancei a cabeça, fechei o caderno e o coloquei na mesa de centro junto com o kit de lápis. O que fazer agora? Não tinha com quem conversar, não podia fazer barulho para não acordar Makenna e sabia que não teria paciência para ler um livro sem ficar distraída. Então me levantei, caminhei até a porta e parei ao perceber o que estava fazendo.

Não era seguro sair andando a noite pelos corredores, tinha um assassino a solta e os quatro assassinatos era prova disso. Mas a guarda tinha sido dobrada depois que aquelas duas pessoas haviam sido mortas, não tinha como o assassino entrar no castelo sem ser pego. Se ele não fosse alguém aqui de dentro.

A Veracidade das SombrasOnde histórias criam vida. Descubra agora