Capítulo 32

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Se o rapaz sobrevivesse, era graças a sua força de vontade em viver e a velocidade de Lorcan em levá-lo para a ala médica e encontrar uma curandeira que pudesse salvá-lo.

Enquanto eu andava, ou melhor, corria até a ala médica, coincidentemente, encontrei com Henrik em um dos corredores e comecei a puxá-lo comigo, ao mesmo tempo que explicava o que aconteceu. No começo ele não entendeu nada e tentou se soltar de meu aperto.

— Resolva seus problemas sozinha. — ele me disse, em seu tom frio de sempre.

Não liguei para o seu coração de pedra, continuei a explicar o que estava acontecendo até ele entender, parar de hesitar e correr para a ala médica, me deixando para trás.

O rapaz havia dito o nome do príncipe, então deviam ser conhecidos e o mesmo, talvez, tinha ido até aqui por causa do amigo e se feriu no caminho. Era a única explicação.

Henrik imediatamente o reconheceu e a preocupação o envolveu ao perguntar para a curandeira responsável se ele iria ficar bem, se iria sobreviver. A única resposta da curandeira foi "irei fazer o possível" e pediu, gentilmente, que todos saíssem do quarto do paciente e a deixasse trabalhar.

Achei que o príncipe iria protestar e ficar dentro do quarto, mas ele acabou obedecendo e saiu do cômodo, com o olhar preocupado e transtornado. Ele se encostou sobre a parede e ficou totalmente em silêncio, olhando vez ou outra para a porta onde o amigo estava sendo atendido. Henrik nem percebia o que estava acontecendo ao seu redor, graças a preocupação.

Era melhor esperar notícias antes de tentar falar com ele, e foi o que fiz. Eu sabia como uma pessoa ficava quando alguém querido era ferido. Precisava dá um tempo.

Levei Lorcan para o outro canto do cômodo onde estávamos, esperando notícias, e arrumei um pano úmido para limpar seus braços e mãos que estavam sujas de sangue. Não podia fazer nada pela sua camiseta marrom. Parece que ele rolou no sangue.

— Você não quer mesmo ir para seu quarto e se limpar? — perguntei ao jovem Rei enquanto passava o pano sobre um de seus braços.

Ele podia fazer isso sozinho, se limpar, mas eu me ofereci para fazer e ele tampouco protestou. Não era hora de falar do que aconteceu, porém, isso não queria dizer que devíamos ficar um longe do outro, como se o beijo tivesse sido errado. Algo nunca foi tão certo para mim.

Em minha cabeça, sempre teve a frase "não se envolva com nobres, é a maior complicação" e realmente é, uma complicação de sentimentos que nunca sentir.

Eu escolhi meu coração. Escolhi parar de brigar comigo mesma. Escolhi aceitar meus sentimentos por um rei e o beijar. Um Rei! Mas eu esperava que a gente pudesse levar um dia de cada vez e ver no que acontecia. Se eu ficasse sobre pressão, iria surtar. Nunca me relacionei com ninguém assim e ainda não sei lidar completamente com esses sentimentos.

Surpreendentemente, não estava nem um pouco assustada com isso como achei que ficaria. A confusa ainda estava presente, já que nunca havia gostado tanto de alguém, como mais do que amigo, e isso começar tão repentinamente.

— Não. — Lorcan respondeu, eu olhar preso em mim, me observando limpá-lo. — Vou esperar notícias do rapaz e então vou.

— Tudo bem. — abri um sorriso no canto dos lábios e coloquei o pano em sua mão direita. Era melhor me afastar antes que aquilo ficasse intenso demais. Não era a hora certa de agarra-lo de novo. — Limpe as mãos, Majestade.

O pequeno sorriso que iluminou seu rosto...tive que respirar fundo para controlar meus batimentos cardíacos teimosos.

— Aaah, mas eu tava gostando de observar você tão perto, limpando meus braços. — ele murmurou em um tom baixo para somente eu ouvir. Um tom que fez minha nuca se arrepiar. — Estava uma visão e uma sensação maravilhosa.

A Veracidade das SombrasWhere stories live. Discover now