Capítulo 14

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Continuava a leitura do livro atentamente, era o mais interessante até agora do que os outros que continham poucas informações sobre meu poder.

O Criador é um dos poderes mais antigos conhecidos, citado poucas vezes nos pergaminhos históricos encontrados em expedições. Tal poder, único e sagrado, nunca surgiu em nenhuma pessoa além da Deusa Cattleya, criadora de muitas das coisas dos humanos e do mundo. Quando você está em uma luta e precisa de forças, ou está construindo e/ou criando algo novo é a ela que deve suas orações e oferendas. Não se sabe exatamente a extensão desse poder, entretanto, se sabe que ele foi crucial para a criação das barreiras de proteção que rodeia nossos Reinos. Nas escrituras dos pergaminhos á explicações de que a Deusa Cattleya conseguia criar coisas tanto acordada quanto dormindo, quando ela sonhava criava coisas ainda mais grandiosas.

  Foi de um sonho que ela criou as aves Artys, atualmente uma espécie muito numerosa no Reino de Likajhi, e se acredita que com a ajuda do Deus da vidência, Thander, ela criou o Bosque de Haeshym para que os feiticeiros ampliassem sua magia. É de conhecimento de muitos que o primeiro feiticeiro era filho de Cattleya e Thander, fruto de uma relação que não durou muito tempo — Deuses não conseguiam manter uma relação por um longo período, ainda mais entre eles mesmo.

  Há um conto sobre o relacionamento de Cattleya e Thander na página 123 deste livro…”

Nem precisava dizer o quanto estava impressionada comigo mesma. Eu podia criar coisas além de mudá-las, e isso era permanente.

Lorde Alik estava muito impressionado, assim como eu. Ele sabia que eu tinha um poder que estava querendo ser libertado, mas ele não sabia que era isso. Uma surpresa e tanto.

Fechei o livro, após colocar o marcador que veio no mesmo sobre a página, e levantei meu olhar para observar o Lorde Alik, que estava concentrado em uns documentos sobre sua mesa. Sempre que eu aparecia em seu escritório para nossas lições diárias, ele me dava um livro e se sentava em silêncio enquanto trabalhava e eu começava a leitura das páginas que ele marcava.

— Já terminou? — ele perguntou sem levantar o olhar dos documentos. O que ele tanto lia neles, eu não sabia, e nem me atrevia a perguntar. — Ou apenas ficou entediada e resolveu parar?

Eu não era louca de parar a leitura antes de terminar tudo o que ele tinha marcado, tinha cometido esse erro no nosso segundo encontro e levei uma enorme bronca.

“Se quiser que eu continue te ajudando é melhor não parar a leitura antes de terminar. Se concentre."

E quando me atrevi a retrucar dizendo que a leitura de livros não me ajudaria em nada, ele ficou ainda mais nervoso e me lançou um olhar ameaçador que me fez estremecer e me arrepender do que tinha feito.

“A leitura é a nossa maior fonte de conhecimento. Se quer entender seu poder é melhor ler tudo que eu estou lhe dando sem reclamar e guardar tudo na memória. Não me interessa se não se importa com a leitura, agora você irá se importar e ponto final." Ele alegou, me fazendo calar a boca e apenas assentir com a cabeça em concordância.

Eu não cometeria o erro de retrucá-lo de novo.

— Eu já terminei. — respondi sua pergunta, deixando o livro sobre a pilha de livros na mesa ao lado da poltrona que estava sentada. — Ou tenho que ler um conto meloso de romance entre Deuses?

— Esse não é necessário. — ele informou, erguendo seu olhar para me observar, se levantando e contornando a mesa para vir até mim. — Levante-se, vamos ver o que já aprendeu.

A Veracidade das SombrasOnde as histórias ganham vida. Descobre agora