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Posso estar neste momento no auge da fantasia, mas quando a porta é aberta, faz eu me sentir como se eu tivesse sendo sugada de volta para a minha realidade verdadeira. Ao mesmo tempo, o ar parece entrar de uma só vez. O banheiro realmente é muito abafado. Sinto um ar um pouco mais agradável adentrando vagarosamente e subindo pelas minhas pernas e entre as minhas coxas.

A sensação é boa. Trás até mim um alívio gostoso. A frente de mim duas figuras tomam forma. Detrás deles, o corredor vazio se estende, fazendo eu me perguntar o quão ingênua fui para acreditar em Thalia e ser arrastada até esse banheiro.

Quem eu suponho que seja o Hector olha em nossa direção alarmado, em surpresa. Ele é extremamente alto. Atrás dele está uma garota ruiva. Suzane, talvez? Espero que sim. Afinal, ele disse que tinha conseguido, não foi? Espero que nossa conversa tenha ajudado, mas no final ele teve que fazer sozinho, acompanhado de sua coragem.

- Desculpem a demora, é que a gente ficou meio ocupados. - ele olha para a moça, que sorri em resposta.

William e eu nos entrelhamos, sorrindo.

- Tudo bem, a gente entende. - eu respondo.

- Mas... eu pensei que vocês fossem espíritos! - ele exclama, ainda cheio de surpresa estampada em seus olhos. - Eu estava até me preparando. Claro, eu nunca vi um espírito antes, sabe? Tipo, eu não sabia como vocês eram, se tinha a aparência demoníaca igual de filmes de terror ou se eram mais amigaveis. Eu tenho medo de filmes de terror, claro, por isso me preparei tanto...

Hector não para de falar, e Suzane até sorri atrás dele. Não um sorriso debochado, mas de quem gosta da pessoa.

- Espera, vocês já foram humanos, não é? Então podem mesmo ser espíritos. - ele alarga os olhos. Os cabelos castanhos claros e enrolados balançam um pouco.

-Não levem a sério o que ele fala. - a moça se pronuncia. De perto sua voz é ainda mais suave. - Está muito bêbado.

- Tudo bem. -William diz.

- Eu sou a Suzane. É bom conhecer vocês. - Nós a cumprimentamos, e então seu olhar se torna curioso: - Mas como ficaram presos aqui?

Nós explicamos rapidamente. Ela acha tudo muito suspeito e até dá a ideia de que talvez alguém possa ter aprontado conosco. Nós respondemos a ela que já pensamos nisso e então sua pergunta faz eu me lembrar outra vez de Thalia.

- A festa ainda está acontecendo, não é? - questiono.

William fica atento a minha pergunta. Parece também querer saber sobre.

- Na verdade, não. - Suzane responde.

- Não? Mas já está tão tarde assim? - me surpreendo. Quanto tempo passamos aqui dentro?

Ainda há música tocando, o que me deixa confusa.

- Não, ainda são... - ela olha rapidamente no relógio de pulso. - meia noite. É que teve uma briga e a festa teve que terminar. Somos um dos últimos a ir embora.

Aceno levemente com a cabeça. Ter brigas nas festas que as meninas organizam não é nenhuma novidade e sempre que acontece, a festa realmente acaba, na maioria das vezes, dependendo do quão tensa a briga foi. Espero que Thalia não esteja envolvida.

- Você viu a Thalia? Conhece ela? - pergunto, em expectativa.

- Conheço sim. Ela saiu com um cara há pouco tempo. Álias, foi ela que nos deu a chave. Hector tava em desespero procurando. -ela diz, e então olha para ele com um sorriso no rosto, para logo depois voltar a nos encarar.

William e eu nos entrelhamos. Então foi mesmo ela, eu penso. Acho que vou realmente estrangula-la.

- Viu como esse cara era? -William pergunta.

- É... tinha o cabelo cacheado preto... e, eu não lembro muito bem.

- Tinha mais alguém com ele?

- Sim, dois caras. Mas eles não foram juntos, saíram separados, eu acho.

- Droga! - William exclama.

Eu o encaro curiosa, para logo depois perguntar-lhe:

- Que foi?

- Acho que eram os meus amigos. Pode ser, não é mesmo? A sua amiga também está no meio. A descrição bate um pouco. Foram eles que armaram para a gente! - William diz.

Me surpreendo.

- Devem ter sido mesmo eles. - concordo. - Que merda!

De canto de olho, vejo Suzane esboçar um sorrisinho de canto. E logo após nos observar por algum tempo, ela volta a falar:

- Eu preciso ir. Preciso levar o Hector para casa.

- Gente, eu já disse que ela me ama? - Hector volta a dizer de repente, feliz, mas ainda grogue em decorrência da bebida.

Suzane ri outra vez.

- Deu mesmo uma chance para ele? - pergunto, por que estou mesmo curiosa.

Suzane sorri outra vez. Seus olhos até parecem brilhar.

- Sim. Eu gosto muito desse cara, mesmo sendo meio maluquinho.

Sorriu em direção a ela. Vê-los juntos trás ate mim uma sensação boa. Esqueço por alguns instantes que essa noite está chegando ao fim, e que isso me deixa tonta tamanho o nervosismo em decorrência do que irá acontecer amanhã, quando o sol despontar.

- Vocês formam um casal muito bonito. - afirmo, ainda sorrindo.

Ela retribuiu o sorriso.

- Obrigada. - responde meio boba. Então lança um olhar significativo. - Vocês dois também. Até outro dia, quem sabe...

William e eu nos entreolhamos novamemte. Ambos se distanciam. Ficamos a sós outra vez.

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oi, gente, tudo bem?

espero que gostem do capítulo. não esqueçam de deixar o seu voto e quem sabe um comentário? me ajuda muito e é sempre bom saber o que estão pensando.
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Bjxs,

Triz

Meu BluesOnde as histórias ganham vida. Descobre agora