- Eu não faria isso. Não sou tão má quanto pensa! - respondo Hector com o tom de voz mais calmo que consigo, por que, apesar de saber que ele está bêbado, sua postura de bebê chorão está começando a me irritar consideravelmente e sei que não posso falar da forma com a qual quero, afinal, preciso dele para sair daqui.
Sei que as horas estão correndo, mas se quer sei que horas são. Não uso relógio e não reparei se á algum no pulso de William. De qualquer forma, sei que já se passou um tempo considerável, e tudo o que quero fazer é sair logo daqui.
- E se ela disser não? - Hector pergunta. Sua voz está novamente nublada. Ele ainda está chorando, mas agora o choro é contido.
Respiro fundo, buscando as melhores palavras para dizer. Não sei se falo o que penso ou não, por que já notei que Hector não sabe lidar bem com verdades. Na verdade, quem sabe? Nem eu mesma sei.
- E se ela disser não, não é melhor uma resposta negativa do que nenhuma?
O que estou falando? Sou hipócrita. Eu mesma não falaria nada. Deixaria como está, e tentaria esquecer. Deixar que o distanciamento entre nós se tornasse cada vez maior e, com o tempo, eu seria capaz de conviver melhor, mesmo ainda tendo a lembrança. Por que não acho que simplesmente esquecemos de alguém. A gente só aprende a viver sem aquela pessoa, mesmo que no começo seja difícil.
- Eu não sei. É e ao mesmo tempo não é. Só é... tudo tão confuso Queria que as coisas fossem mais fáceis. - ouço quando ele soca a porta.
Na verdade, isso me assusta um pouco, por que estou bem próxima a ela. Ainda estou com muita pressa de sair logo daqui, e a possibilidade de ficar aqui dentro por mais algum tempo ainda me dá nos nervos. Entretanto, começo a me sentir um pouco mais empática em relação ao bêbado. Coitado! Em seu lugar estaria enlouquecendo. Viraria as costas, iria para casa e me trancaria no quarto, disposta a sofrer por horas a fio por sentir demais.
De repente, pego-me pensando que gostaria de poder abraçá-lo, mesmo que ele ache que eu queira sabotá-lo.
- As coisas vão acontecer da melhor forma possível, Hector. Se está mesmo disposto a tentar, sugiro que faça logo isso antes que perca a coragem. - digo - Já estive no seu lugar. Tive a minha chance e a desperdicei. Não faça isso também.
Respiro fundo. Não queria ter que tocar nesse assunto, mas talvez o ajude.
- E o que aconteceu? - Está fungando novamente.
Como alguém consegue chorar tanto? Eu mesma sou chorona, mas esse cara consegue ganhar de mim com facilidade.
Respiro fundo. Não volvo-me para o lado porque sei que William está me encarando. De alguma forma, sinto o seu olhar queimando a minha pele.
- Eu perdi a oportunidade por medo, e depois nunca mais tive outra. Não quero que isso aconteça contigo. Tenha coragem! Lembra que só precisa de alguns segundos de coragem.
E nesse momento reconheço que, além disso, não tenho mais nada para falar a ele. Eu sou uma péssima conselheira.
- Eu vou tentar. Me deseja sorte?!
- Boa sorte, Hector. Você consegue. - digo firmemente.
- Eu já vou então, volto com a chave para tirá-los daqui. - diz ele. Ainda está chorando.
- Boa sorte, cara. - William fala. - Faça como eu te falei. Não pense muito nas consequências. As vezes a gente precisa ser um pouco impulsivo.
Hector se despede completamente desorientado, se afastando. Eu me sento contra a porta. Estou cansada de ficar de pé.
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DU LÄSER
Meu Blues
ChickLit[Concluída ✓/Revisando] Capa feita pela: @knsdesign ❤️ deem uma olhadinha no trabalho dela, pessoal, é simplesmente incrível (: SINOPSE: Angelina não sabe o que fazer quando é colocada em uma situação que nunca a...