21:35 PM

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- Então... No que posso te ajudar?

Enquanto eu tento ser útil para o moço do outro lado da porta, para que ele se sinta logo satisfeito e nos tire daqui, William apenas sorri ao meu lado. Eu olho para ele, tentando fazê-lo parar quando fecho a cara em sua direção. Conquanto, não surte efeito algum. Estando tão próximos como estamos, consigo visualizá-lo bem melhor, embora o banheiro possua uma atmosfera mais escura devido à luz amarelada e velha que parece não ter sido trocada há muito tempo.

Seu sorriso é mais bonito do que eu me lembrava, e seus olhos são... É difícil explicar, mas, eles parecem quase como um chamado intenso.

Desperta, garota! Eu me viro novamente para a porta quando o cara se pronuncia, de forma grogue, falando desengoncadamente:

- Você sabe, espírito. Eu não acho que precise te contar. Você não é um daqueles espíritos que tudo sabem?

Eu demoro um pouco para respondê-lo. Não porque sua pergunta seja algo difícil. Na verdade, estou encucada com a minha reação diante a William. O que há contigo? É passado, lembra? A mente quer argumentar, mas o coração acelerando uma batida a cada novo segundo que se passa discorda veementemente.

Droga de coração traiçoeiro!

- Você ainda está aí, espírito? - O moço bêbado questiona.

- Sim, ainda estou. - respondo de imediato, voltando a mim. Não posso de forma alguma deixá-lo escapar. É a nossa chance de sair daqui - Eu sei sobre tudo, é verdade. Mas seria interessante que você falasse. Assim, além de fazê-lo se sentir melhor por colocar tudo para fora, refrescaria a minha mente e me faria te ajudar melhor.

Silêncio. Olho novamente na direção de William, porque estou receosa que o bêbado tenha desistido e ido embora. Quem sabe não pegou no sono? Era só o que faltava! O moço ter dormido. O que faremos? Não quero mais ficar aqui dentro. O calor está aumentando. Estou hiperventilando. Porque William está tão próximo? Ele não pode se afastar um pouquinho?

- Você está bem? - interpela ele, mirando-me com os olhos opinativos.

Respiro fundo. Que merda está acontecendo?

- Você tem razão! - exclama o desconhecido, parecendo estar certo diante a sua fala ao demonstrar um tom mais certeiro. - Mas por onde começo?

- Talvez queira me dizer porque acha que Suzane pode ser a mulher certa para você? - concentro-me no moço, sem responder William.

Salva pelo bêbado! Ufa.

- Eu não acho, eu sei. - diz ele, certo de si.

- Tudo bem. - falo, tentando soar compreensiva - Mas toda essa certeza se baseia em quê?

- Eu me apaixonei por Suzane no dia à dia. Nós nos conhecemos esse ano, sabe, quer dizer, você sabe. - sorri ele, demorando um pouco à voltar a falar novamente - Fui eu que dei o primeiro passo, indo falar com ela em uma dessas festas das meninas. Então, enfim, nós estamos juntos desde então.

- Eram namorados? Ela terminou contigo, foi isso?

- Você está me ouvindo? - seu tom fica impaciente - Não. Ela veio para cá com outro cara, lembra?

- Por que ela fez isso?

- Por que a gente não namora, ela pode ser de quem quiser. Ficar com quem quiser. Merda! Eu a amo tanto que isso dói demais.

Ele volta a chorar. Começo a sentir dó dele. Coitado! Deve ser mesmo apaixonado.

- Por que você não tomou iniciativa e pediu-a em namoro? - aponto o óbvio.

Meu BluesWhere stories live. Discover now