𝐒𝐞𝐫𝐞𝐧𝐚 𝐁𝐥𝐚𝐜𝐤𝐰𝐞𝐥𝐥 havia sido prometida à Harry Potter. Quando atingissem a maior idade, deveriam se casar, de acordo com o voto perpétuo feito por seus pais. Mas, após Serena conhecer Draco Malfoy, as coisas mudam completamente de rumo...
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S E R E N A 💛
É confuso. Tudo que sinto é enorme e ao mesmo tempo me faz sentir pequena. A solidão é gigantesca, saber que de fato, não tenho ninguém, me faz sentir mínima. Tudo o que está acontecendo comigo é incompreensível e me faz parecer uma indecorosa, então não consigo encontrar um modo de desabafar com Rachel, minha prima politicamente correta.
Tentei enrola-lá com alguns doces trouxas e como já era de se esperar, deu certo. Mas, como eu havia dito antes à ela que tinha algo para contar, tenho ciência de que Rachel não irá esquecer.
— Fazia tanto tempo que não comia estas deliciosas guloseimas. – Rach murmurou, enquanto comia mais um generoso pedaço da barra de chocolate
— Tia Hillary e tio Mikhail nos acostumaram mal. – comentei, lembrando dos pais de Rachel, que amavam doces mundanos
— Por falar em meus pais, passaremos as férias com eles, não!? – a também Blackwell, inquiriu
— Na verdade, estou um pouco indecisa sobre esta questão. – engoli em seco
Lili havia comentado que gostaria de minha presença em sua mansão durante as férias, assim como a de nossos amigos. E Harry, havia sugerido que passássemos as festividades de fim de ano, na toca dos Weasley. Estava dividida entre passar bons momentos com pessoas que gosto e tentar uma boa convivência com Potter.
— Era sobre isso que queria conversar? – limpando os dedos, Rach me encarou
— Não. Não é isso. – suspirei pesado — Primeiramente, sobre as férias e festividades de fim de ano, não sei onde passarei, pois recebi convite de Lili e Harry. Embora queira muito aceitar o convite de um dos dois, também gostaria de ver meus tios.
— Pode passar as férias com Lili e chamar Harry para passar o natal conosco. – minha prima sugeriu — E agora estou curiosa, então conte logo o que nos trouxe até aqui.
Estávamos sentadas embaixo da arquibancada, portanto, não precisaria me preocupar com quem estava ouvindo ou não. Ninguém passava por ali durante o final da tarde. Precisei respirar fundo e completamente envergonhada, contei cada detalhe para Rachel.
Não consegui encara-lá enquanto contava e muito menos após ter cintado. Um silêncio constrangedor se instalou entre nós e fui forcada à encarar minha prima, buscando alguma expressão positiva ou negativa. Seus olhos demonstravam o quão indignada ela estava e foi naquele momento que percebi a besteira que havia feito.
Rachel não me ajudaria. Enviei sinais de pedidos de socorro e ela não entendeu.
— Serena, isso é um absurdo. Está enganando duas pessoas ao mesmo tempo!Harry e eu nos aproximamos durante estás últimas semanas, sei que ele é uma boa pessoa e não merece nada disso, não merece ser enganado. Não tenho contato com Draco, mas sei que ele também não merece nada disto, ninguém merece se envolver com pessoas comprometidas, que não assumem que são comprometidas. – a lufana se levantou, parecendo não saber como reagir — Isso tudo está errado. Se quer ser livre, ficar com quem quiser, sem culpas, procure um modo de acabar com esse voto perpétuo. Esta situação é culpa sua, pois não está buscando mudar nada, só está negando a verdade e enganando outras pessoas.
— Está enganada, Rachel. – argumentei, com a voz embargada — Não há como acabar com um voto perpétuo!Só se meus pais estivessem vivos ou eu não fosse uma Blackwell legítima. Ambas as opções, são impossíveis.
Era óbvio que ambas as opções eram impossíveis. Anualmente, meus tios e eu, visitávamos o túmulo de Lucy e Fergus e eles sempre acabavam relembrando o dia em que os enterraram, desta forma, não há chances deles estarem vivos. E Mikhail e meu padrinho, contavam sobre meu nascimento e de como minha mãe teve uma gravidez complicada.
— Há solução para tudo, Serena!Tudo! – parecendo ter perdido a paciência, Rachel me encarou de modo depreciativo — Você quem está confortável com a situação de se divertir com Draco e no final, ter a estabilidade de ter o Harry ao seu lado, caso Draco desista do que têm.
Suas palavras me magoaram. Não estava confortável com toda essa situação, não queria magoar ninguém...só queria ter uma pequena oportunidade de ser feliz por míseros instantes, sem me apegar à ninguém e depois, aceitar meu destino e esquecer o passado.
— Não quero magoar nenhum dos dois. – falei, sentindo meu peito se apertar
— Está sendo tão egoísta, que ao menos consigo reconhecê-la...
— Egoísta?Agora está verdadeiramente me magoando, então é melhor parar. Se não pode me oferecer apoio e uma mísera ajuda, como sempre fiz com você, só posso afirmar que procurei a pessoa errada.
— Se torna egoísmo, quando você sabe que só ama o Draco, mas quer ter ele e Harry, presos à você – Rachel afirmou, com tanta convicção que cheguei à ficar tonta
Céus, mal podia acreditar que minha prima estava me dizendo aquelas palavras tão cruéis, tão irreais. Rachel só confirmou meus pensamentos: Estou sozinha, é a primeira vez que faço algo por realmente querer e ao ser julgada como errada, estou sendo abandonada aos poucos.
Não me dei ao trabalho de responder às acusações infundadas de minha familiar, apenas me direcionei até o castelo, sentindo-me pequena e meu coração se apertando cada vez mais.
Estava devastada e só queria deitar em minha cama e chorar até não haver mais lágrimas para isto. Mas, meus planos foram interrompidos quando me deparei com Lili e Draco, ambos junto com Umbridge.
Eles não pareciam brigar...pareciam...servir Dolores. Meus amigos estavam mesmo ajudando aquela mulher?E o pior: estavam fazendo por livre e espontânea vontade.
Respirei fundo, tentando buscar um pouco de equilíbrio para deixar meus problemas de lado e tentar conversar com Lili e Draco. Era óbvio que eles não estavam bem, em vista de que há poucos dias também não gostavam de Umbridge, ainda mais depois do que ela me fez. Esperei que a mulher com roupas completamente rosas se afastasse, para me aproximar.
— Por favor, me digam que estou tendo alucinações e não acabei de presenciar vocês servindo aquela mulher. – utilizando de todo o meu tom de escárnio, os questionei
— Deveria fazer como nós. – Lili teve a coragem de dizer, com a expressão mais passiva do mundo
— Estávamos errados. Dolores é o que Hogwarts precisa, para parar de aceitar estes sangue ruins entre nós e disciplinar este lugar. – Draco disse de forma irredutível
Ambos pareciam ter passado por lavagem cerebral, não pareciam as mesmas pessoas do dia em que viram e descobriram as atrocidades de Dolores. Não conseguia acreditar naqueles dois!
— Inacreditável. – ri sem humor
— Serena, você estava errada sobre...
— Não!Por favor, Lili, não!Tive um dia difícil e não quero ter que me desgastar com um assunto tão tolo. – quase implorei, realmente desgastada — Se é o que acham correto, então continuem fazendo. E agora, se me dão licença, tenho outras coisas para fazer.
E então, quando cheguei até meu quarto, agradeci por não ter ninguém, assim, eu poderia chorar e parmanecer do jeito que sempre estive nos últimos meses: sozinha.
