Capítulo 8

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Aretha Anders

— Para de enrolar Aretha Anders, abre logo esse envelope. — Jam reclamou pela centésima vez.

Eu já estava aqui a mais ou menos duas horas e meia e ela não tinha parado de falar do tal envelope. Até a avó dela já estava sabendo da história e curiosa.

Eu conheci Jam em um momento muito delicado na minha vida e ela havia se tornado uns dos meus pilares. Com o tempo nossa amizade foi amadurecendo, podemos passar dias sem conversar e nada muda, é só contar uma fofoca que tudo volta ao normal. A única coisa que não havia mudado em todos esses anos era a curiosidade elevada dela. E Jam ficava insuportável quando estava curiosa.

— Mas a gente vai perder o filme. — Fiz bico para a televisão que passava Meninas Malvadas, peguei um dos doces de chocolate que estava sobre a mesa de centro da sala e coloquei na boca para disfarçar.

Não que eu não estivesse curiosa para abrir o envelope, mas agora o medo estava dominando. O que eu poderia esperar de um envelope todo fofo vindo daquele cara?

— Até eu sei que é só dar pause no filme, Aretha. — Dona Bethany falou, a senhora de cabelos brancos era a avó da minha melhor amiga, também a pessoa que a criou a vida inteira. Muito simpática, mas não poupava palavras.

— Tá bom. — Levantei as mãos em redenção, pegando o envelope que estava no bolso da minha mochila, Jammie deu pause no filme imediatamente. — Vamos ver então.

Olhei mais uma vez o envelope, os gatinhos e corações era feitos com carimbos coloridos, abri com cuidado olhando curiosa para o conteúdo: uma folha lilás dobrada no meio. Peguei a folha com cuidado e abri vendo uma carta escrita com uma letra lindíssima, deu até inveja. Comecei a ler em voz alta, sobre os olhares atentos das duas mulheres ali presentes.

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Para a moça que me salvou...

Oi, tudo bem?

Confesso que tentei iniciar essa carta de exatas 73 formas diferentes, mas nada parecia suficientemente bom.

Talvez você nem lembre quem eu sou, porém sempre vou ter na minha memória as duas moças que salvaram a minha vida. Me sinto na obrigação de te agradecer, só eu sei o quão importante aquela noite foi pra mim. Seria horrível morrer no banheiro de um restaurante, mas por enquanto tá tudo bem.

Zayn me falou que te agradeceu, mas eu não confio nele, inclusive nem sei se ele vai te entregar isso. Meu irmão é contra qualquer coisa relacionada com boa educação, às vezes (todo dia) me dá vontade de dar uns tapas nele, mas no fundo (bem no fundo mesmo, quase achando petróleo) ele é uma boa pessoa.

Não sei o que falar além de muitíssimo obrigada e perguntar se você conhece a outra moça que me ajudou, caso ela seja próxima a você, gostaria que ela tivesse acesso a essa carta para saber o quão agradecida estou.

Desejo tudo de bom pra vocês e que possamos nos encontrar alguma dia.

Espero que goste dos gatinhos da decoração do envelope, meu animal preferido são gatos, mas eu não posso ter um. Segundo as meninas que eu conheço, com Zayn em casa eu não preciso de nenhum outro gato nessa residência *imagine que eu revirei os olhos nessa parte, ok?*.

Acho que é isso, beijinhos.

- Hope Manfor

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— Eu achei fofo. — Tia Beth, como gostava de ser chamada, falou sorrindo.

Eu estava com um sorriso no rosto, a carta era extremamente fofa e fiquei feliz em saber que ela estava bem.

— Ela parece exatamente o tipo de pessoa que a gente faria amizade. — Jam falou tirando o papel das minhas mãos e relendo.

— Eu vou escrever uma carta pra ela também. — Declarei animada.

Eu tinha sentido nas palavras que Hope havia usado que algo não estava certo em sua saúde, mas talvez fosse paranóia minha. Acho que ela poderia ficar feliz com uma resposta.

— Eu vou buscar os materiais. - Minha amiga foi correndo na direção do quarto dela.

— O que acha, tia? — Perguntei para a senhora que sorria orgulhosa.

— Vocês cresceram muito rápido. Duas meninas lindas. — Acabei sorrindo ao escutá-la. — Liga pra sua irmã e leia a carta, ela vai gostar. — Assenti a observando levantar arrumando o lenço que usava na cabeça desde que começou o tratamento contra o câncer. — Eu vou tirar o bolo do forno e depois vou conversar um pouco com um senhor que conheci nos comentários de uma receita no YouTube.

Mordi o lábio para não rir, comentários do YouTube e Facebook são o Tinder dos idosos.

Jammie voltou para a sala segurando várias folhas coloridas, envelopes, carimbos, adesivos e canetas, procurei o contato de Audrey no meu celular e a liguei por vídeo. Fiz careta ao vê-la deitada abraçando Harry e assistindo um romance natalino da Netflix.

Durante a próxima hora nós três nos dedicamos totalmente a fazer uma carta para Hope. O resultado nos agradou, tinha ficado leve e divertida.

Eu só poderia pedir na segunda-feira para o gatinho misterioso lhe entregar o envelope, esperava que ele fizesse esse favor.

Depois de organizar tudo, Jam e eu voltamos a assistir o filme e comer o resto das comidas que tia Beth tinha preparado e os doces que minha amiga tinha comprado.

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Continua...

Amor, Bolinhos E CaféWhere stories live. Discover now