Amor, Bolinhos E Café

Capítulo 23

Aretha Anders

— Você não atrapalhou. — Expliquei me aproximando, parei ao lado dele, observando também as fotos perto da televisão. — Na verdade, me ajudou.

— Ajudei? — Perguntou com um sorriso irônico, confirmei com um aceno.

— Eu realmente não quero falar sobre o John.

— Certo. — Suspirou. — Archie falou que o documento que nós precisamos tá em um envelope branco na "gaveta secreta" dele. — Revirei os olhos e um sorriso desacreditado desenhou meus lábios.

— Por que o Archie iria guardar um documento na gaveta de cuecas? — Questionei confusa.

— Ele chama a gaveta de cuecas dele de "gaveta secreta"?

— Sim, ele chama. — Suspirei. — Eu já volto, sinta-se em casa.

— Não reclame depois. — Falou antes de se jogar no sofá, fechando os olhos ao deitar a cabeça em uma almofada fofinha que eu deixava ali. Sorri balançando a cabeça e fui para o quarto do meu irmão.

Demorei um pouco para achar o envelope, já que o mesmo estava entre uma cueca do Batman e outra do Ursinhos carinhosos. Eu amava o estilo do meu irmão, mas não conseguia nem imaginar a cara das meninas quando estavam em momentos mais íntimos com ele, afinal Archie só tinha roupas de baixo estampadas.

— Tá vivo menino? — Ao voltar para sala vi que Zayn continuava na mesma posição e sua respiração estava bem calma. — Quem consegue dormir tão rápido? — Perguntei baixo ao parar do seu lado.

De repente, duas mãos grandes seguraram minha cintura me puxando para o sofá, acabei deitada em cima dele. Dei risada enquanto tirava o fios de cabelo que haviam caído sobre nossos rostos, apoiando o queixo na mão para olhá-lo, um sorriso de lado desenhava seus lábios.

— Achei que você tinha dormido.

— Quase... — Comentou. — Foi difícil porque a almofada tem seu perfume e me deixou aéreo.

Sorri boba ao escutá-lo, as borboletas estavam sambando na minha barriga. Talvez algum dia eu me acostume com esses bichinhos ali.

— O que você queria conversar? — Perguntei lembrando do que ele havia falado quando chegou.

— Olha... — Ele riu se sentando sobre o sofá, por consequência acabei sentada em seu colo, suas mãos estavam em minha cintura. Gostava do que estava sentindo. — Não precisamos de palavras pra conversa que eu quero.

Dei risada revirando os olhos, inclinei minha cabeça para o lado enquanto apoiava minhas mãos em seus ombros.

— E o que precisamos então? — Perguntei arqueando a sobrancelha.

— Camisinha.

Arregalei os olhos, por mais que eu fosse bem resolvida, não gostava de ter relações com "qualquer" pessoa, gostava de ter uma conexão ou sentimento.

Sua expressão que estava séria se transformou em uma careta engraçada ao ver o desespero estampado no meu rosto.

— É brincadeira. — Ele riu colocando uma mecha do meu cabelo atrás da orelha. — Eu não sou esse tipo de cara.

— E que tipo de cara você é? — Perguntei aproximando nossos rostos.

— O tipo que vai te beijar agora.

E ele fez o que falou.

O beijo de Zayn era fantástico, não era nada atrapalhado, ele sabia bem o que fazer. A forma como ele ia de carinhoso e calmo para forte e rápido em segundos me deixava fraca.

Os outros caras que eu fiquei, incluindo John, me tratavam como um objeto de porcelana, como se fosse frágil a ponto de quebrar.

Mas com Zayn era diferente. Era como se eu fosse só... Eu. Uma pessoa normal.

E eu gostava muito disso.

Nossa... Tadinho do meu almoço, foi esquecido no rolê...

Agora eu estou com fome de outra coisa, uma que, no momento, está bem embaixo de mim.

Quando ele aproximou as mãos da barra da minha camiseta indicando que iria passá-las por baixo do tecido e tocar minha pele, algo começou a vibrar a baixo da minha perna.

— Você tem um vibrador no bolso? — Perguntei sorrindo irônica, apesar da dificuldade pois seus lábios não se separaram do meus.

— É meu celular. — Falou passando a distribuir beijos por meu pescoço. — Mas nem deve ser importante.

O aparelho parou de vibrar por alguns segundos, mas logo retornou. Suspirei me afastando, Zayn resmungou alguns palavrões tentando pegar o aparelho no bolso da calça jeans, mas não se importou em segurar minha cintura me mantendo no lugar quando tentei me afastar.

— Alô? — Falou colocando o celular no viva-voz, franzi o cenho sem entender a necessidade daquilo.

— Cadê você cara? — A voz do meu irmão saiu do aparelho. — Se perdeu no caminho?

— Eu tive alguns imprevistos. — Zayn respondeu brincando com a alça da minha blusa.

— Eu espero que seus "imprevistos" não envolvam minha irmã. — Advertiu, pressionei os lábios para não rir, o moreno apertou minha coxa com um olhar de repreensão.

— Que? Sua irmã? Eu nem sabia que você tinha irmã. — Debochou e eu ouvi Archie bufar.

— O gatinho misterioso vai virar seu cunhado, Archie. — A voz de Harry se fez presente na chamada.

— "Gatinho misterioso"? — Zayn perguntou sem emitir som e eu sorri envergonhada, sabia que minhas bochechas estavam coradas então abaixei a cabeça fazendo meu cabelo cobrir o rosto. — Linda. — Beijou minha bochecha após afastar os fios que a cobriam.

— Vem logo Zayn! — Archie falou, seu tom estava sério. — Deixa suas mãos, língua e p... Longe da minha irmã. Resumindo? Fique longe dela.

Revirei os olhos com o drama que Archie fazia. Apesar de todo o ciúme que ele sente, nunca faria alguém se afastar de mim.

— Fica tranquilo Archie. — Zayn Sorriu ironicamente. — Não vou tocar sua irmã... Hoje.

A última palavra ele falou no meu ouvido, assim nenhum dos meninos do outro lado iria escutar. Senti toda a minha pele arrepiar, balancei a cabeça em negação para ele que me olhada com uma carinha tão gostosa.

— Ótimo! — Meu irmão concluiu e encerrou a chamada.

Me levantei e Zayn fez o mesmo, pegando o envelope em uma mão e colocando a outra no bolso. Andamos em silêncio até a porta, a qual eu abri contra a minha vontade.

— Então... Tchau né? — Perguntei o encarando. Ele segurou meu queixo me dando um selinho demorado.

— Tchau, anão de jardim. — Sorrimos nostálgicos.

Era assim que ele me chamava quando criança.

— Tchau Shrek. — Sorri usando o apelido que eu tinha dado, ele riu se afastando.

Fechei a porta e me apoiei na madeira, suspirei sorrindo, toquei meus lábios ainda sentindo os efeitos do beijo.

— Meu Deus! O meu almoço. — Declarei me lembrando da comida que já estaria fria.

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Continua...