Capítulo 44

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Hope Manfor

Eu precisei esperar 18 anos para começar a viver. Não que eu não tenha tido bons momentos na minha vida durante esse tempo, Zayn fez de tudo para me ajudar a criar memórias que eu, com certeza, não vou esquecer.

Mas finalmente poder sair de casa, receber visitas, ir à praia, fazer piqueniques no parque, conhecer pessoas novas e, talvez, até me apaixonar.

Aretha e Jammie estavam animadas para me fazer viver uma vida normal, o que estava deixando Zayn quase maluco. Achei que meu irmão fosse desmaiar quando Aretha falou que iria me passar alguns contatinhos antigos.

Depois de dar uma de irmão super ciumento, Zayn ficou emburrado por Aretha ainda "guardar" os antigos contatinhos e estar disposta a passá-los para mim. Lembro que minha amiga sorriu debochada antes de sussurrar algo no ouvido dele, o que desmanchou seu bico no mesmo momento.

Não quero nem saber o que ela falou que fez seu humor ficar tão bom em pouquíssimos segundos.

Também acabei ficando mais próxima do restante da família da minha cunhada, Archie, Audrey e Harry já eram quase da nossa família também e só passaram algumas semanas desde que Zayn e Aretha oficializaram a relação.

Durante esse tempo eu acabei começando a conversar frequentemente com Noah.

O moreno é extremamente engraçado e nossos assuntos fluem com muita facilidade, mesmo ainda sendo estranho pois era o primeiro menino com quem eu tinha alguma contato duradouro além do meu irmão.

Nós já passamos noites conversando e durante todos os momentos do dia em que ele está livre na cafeteria. Mas eu não posso negar como fico nervosa quando estou perto dele, mas não é algo ruim. Até com as mãos tremendo e o estômago revirando, eu ainda me sinto extremamente confortável com ele.

Nesse momento estamos quase todos reunidos fazendo um almoço aqui em casa. Zayn, Archie e Harry garantiram que iriam fazer a melhor lasanha que nós já comemos na vida, então os três praticamente se trancaram dentro da cozinha.

Audrey ainda está trabalhando no hospital, mas garantiu que chegará antes do almoço ficar pronto. Aretha e Jammie estão jogando videogame enquanto eu e Noah aguardamos alguma delas perder para jogarmos.

— Quais são seus artistas preferidos? — Perguntei para Noah que estava deitado no sofá com a cabeça sobre as minhas coxas.

— Seus pais. — Respondeu com os olhos fechados segurando minha mão esquerda e a levando até os fios do seu cabelo, pedindo um cafuné de forma silenciosa.

— Meus pais? — Questionei confusa.

— Eles fizeram você, que é a mais bonita obra de arte que eu já vi. — Ele estava sorrindo de forma convencida, acabei sorrindo enquanto balançava a cabeça em negação.

Mas não posso negar que meu coração acelerou com suas palavras.

— Essa foi péssima Noah. — Jammie falou fazendo careta.

— Melhore, por favor. — Aretha estava sorrindo de forma debochada quando falou, Noah mostrou o dedo do meio para as duas.

— Vamos ali? — Chamou abrindo os olhos e se levantando, Noah estendeu a mão na minha direção e eu segurei nela o acompanhando até a varanda da frente.

Nós ficamos alguns minutos sentados no banco que tinha ali, sem falar nada ou fazer nada, só observando o movimento dos carros passando na rua ou de uma ou outra pessoa que andava casualmente pela calçada com seus cachorros.

— Você já conheceu alguém que te fez sentir tantas coisas boas ao mesmo tempo que você não sabe nem como explicar? — Noah perguntou, eu o olhei atentamente mas não tive tempo para responder já que ele continuou. — Você já conheceu alguém que te marcou tanto que te faz pensar como você vivia sem aquela pessoa na sua vida?

— Eu não sei... Acho que ainda não tive tempo pra viver isso. — Revelei sincera. — Mas eu quero muito poder viver algo desse tipo.

— Não conheceu ninguém que te faça sentir borboletas na barriga ou que te deixa ansioso por uma simples conversa? Ou que faça suas mãos tremerem antecipadamente? Que faça seu coração acelerar de uma forma anormal? — Questionou e eu me mantive em silêncio.

Como é que eu poderia responder essas perguntas se eu sentia tudo isso por ele?

E nem sei dizer se isso é bom ou não, não sei o que esse sentimento significa ou o que pode acontecer se eu respondê-lo.

— Você já se apaixonou? — Perguntou depois de alguns segundos e eu neguei imediatamente, olhando para ele como se repetisse a pergunta. — Acho que sim, não sei dizer.

— Como assim? — Perguntei sorrindo confusa. — Como você não sabe dizer se já se apaixonou?

— Hope eu nunca me apaixonei, mas tem uma pessoa que me faz sentir tudo que eu falei antes... Então eu não sei dizer se eu to apaixonado ou não.

— Entendi, eu acho. Também me sinto assim com relação a uma pessoa. — Foi o que eu consegui responder, não sabia o que falar depois da revelação dele.

Noah olhava fixamente para meus olhos, era como se ele conseguisse ler minha alma com um simples gesto visual. Tinha algo muito forte que não me deixava desviar o olhar, era forte e intenso, suas pupilas dilatadas cobriam quase todo os olhos dele, que variavam entre tons de verde escuro e castanho claro, parecido com caramelo.

Me senti inquieta quando ele começou a aproximar seu rosto, tanto que eu conseguia sentir sua respiração batendo contra meu rosto. Tive certeza que ele iria me beijar quando fechou os olhos e se inclinou ainda mais.

Coloquei minha mão em seu peito para impedí-lo e me afastei com os olhos arregalados e a respiração ofegante, não sei dizer se estava assim porque queria que acontecesse oh por simplesmente nunca ter beijado.

— Me desculpa... Eu achei que... Foi errado, me desculpa. Eu não deveria ter... — Noah falou atrapalhado se afastando. — Eu devo ter entendido errado.

— Não é isso... Mas é que eu nunca... — Deixei a frase no ar e ele me olhou assustado.

Então seus ombros relaxaram e sua expressão passou a ser tranquila, ele tocou minha bochecha e sorriu acariciando o local.

— Tudo bem, entendo se você não quiser isso agora... — Falou.

— Eu quero. — Revelei, eu realmente queria aquilo e queria com ele. — Mas eu tenho medo.

— Fica tranquila, beijar não é nenhum bicho de sete cabeças, é mais fácil do que parece inclusive. — Brincou se aproximando ainda mais. — Posso te ajudar se quiser.

Afirmei com a cabeça e ele se aproximou tocando nossos lábios suavemente, em um selinho simples. Ele sussurrou que era só fazer o mesmo que ele e me beijou, dessa vez era um beijo mesmo.

Se eu soubesse que era tão bom beijar já teria feito isso no dia que saí do hospital.

Posso dizer que a sensação que está passando pelo meu corpo agora é melhor que comer um pote de sorvete com cobertura e assistir uma maratona de desenhos animados.

Não foi como eu via nos filmes e séries, mas com certeza foi uma das melhores sensações que eu já experimentei.

Ao se afastar minimamente, Noah pegou uma flor em um dos vasos que tinha ao lado do banco e me entregou.

— Eu gosto de você Hope e só vou desistir de fazer a gente dar certo quando essa flor morrer. — Suas palavras eram sérias, mas ele estava sorrindo.

— Essa flor é falsa. — Comentei sem esconder o sorriso ao olhar a flor de plástico nas minhas mãos.

— Eu sei. — Sorriu convencido aproximando o rosto novamente para me beijar.

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Continua...

Amor, Bolinhos E CaféWhere stories live. Discover now