xxxi. my mysteries are yours

1.7K 154 106
                                    

boa noite, pessoas! como vocês estão? já se vacinaram?

voltei em menos de um mês com um novo capítulo, amaram? hahaha

espero muito que apreciem e, por favor (eu to implorando!!!!!, deixem seus comentários positivos ou negativos, pensamentos acerca da história, qualquer coisinha. isso faz muito bem para quem dedica tempo escrevendo e dá força e ânimo para continuar, pois sabemos que alguém está esperando para ler! <3 obrigada e mil beijos para vocês

O silêncio instalado na casa não estava fazendo maravilhas para a mente atribulada de Louis, que esperava ter êxito em conseguir organizar alguns dos muitos pensamentos que iam e vinham sem rumo e sentido definido.

Após um plantão banhado de sorrisos e imensa alegria, em decorrência da alta de um dos pacientes da ala oncológica infantil, ele se encontrava sozinho em casa, cheiroso depois de um longo banho, esperando ansiosamente pela chegada de Harry, que tinha ido passar a tarde com a mãe.

Tinha escolhido um filme de ação para distrair um pouco, no entanto, não conseguiu prestar atenção em muitos detalhes e agora a televisão estava mutada. Em outro momento, a moça vestida com roupas sociais enquanto lutava e atirava contra uma legião de homens seria o suficiente para entretê-lo, mas a agitação de sua psique não estava dando trégua.

Precisava arrumar uma maneira de organizar todas as estantes, deixando visível apenas o que tinha controle, sem dar chance para que qualquer fragmento do passado viesse à tona para desequilibrá-lo.

Ele trabalhou nisso por tanto tempo, sendo assistido por profissionais que o balizavam na busca por si próprio. Só que aqueles problemas sempre estiveram longe demais, a quilômetros e quilômetros de distância. E, inesperadamente, passaram a se aproximar cada vez mais.

Entendia não haver outra saída que não fosse o enfrentamento. Doris não teria dito aquelas coisas simplesmente para deixá-lo mal ou fazer com que se arrependesse de algo que não era de sua alçada. Ela, mais do que ninguém, compreendia os caminhos que ele percorreu e os motivos que o levaram até lá.

A questão era que ele não queria se sentir responsável por aquele trem que descarrilou. Porque não era. E se tivesse a certeza da compreensão de todas as pessoas, gritaria pelas ruas o nome completo dos verdadeiros culpados, faria com que soubessem da amplitude de sua dor.

Não apenas sua infância havia sido arruinada por aqueles que não sabiam ser pais, mas a de sua irmã também. E o peso dessa agonia era ainda maior pela possibilidade de suas pequenas garotinhas ainda estarem passando pelo mesmo.

Era vívida a memória de quando as viu pela última vez: cabelos loirinhos e lisos esparramados pelas fronhas, respirações baixas, como se no mundo não houvesse guerra e fome, e pálpebras balançando suavemente. Sempre foram tão lindas, miudinhas e risonhas.

Como reflexo da criação engessada que receberam desde o nascimento, não costumavam chorar alto como outras crianças e eram tão, tão compreensivas com absolutamente qualquer coisa.

Louis não percebeu as lágrimas que começaram a cair de seus olhos de maneira gradual, como se fossem parte de um processo que habitualmente ocorria. A saudade surgiu com força, mas ele parecia anestesiado, com o peito doendo como o inferno e aparentemente sem esboçar nenhuma reação além dos olhos e rosto molhados.

Harry chegou um tempo depois, ofegante da pequena caminhada entre o ponto de ônibus e a casa, e nem mesmo sua presença - que incluía o cheirinho de vigor que pareceu ter começado a exalar depois de engravidar - foi capaz de dispersar de imediato aquele estado de torpor em que Louis se envolveu.

aneurysm • lwt+hesOnde as histórias ganham vida. Descobre agora