xviii. make your heart remember me when you're lonely and forget who you are

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Louis tentou ao máximo não chorar, mas ele era apenas a porra de um ser humano e não foi capaz de esconder a tristeza profunda que se instalou em seu peito. O primeiro soluço custou a sair e todos os outros os sucessores passaram a vir com mais facilidade. Não deixou que Harry visse suas lágrimas, mas tinha certeza que ele sabia da situação e apenas o apertou mais forte em seus braços.

Ter conhecimento das circunstâncias abusivas que Harry enfrentou durante anos dentro do casamento o deixava furioso. Tirou autocontrole o suficiente do poço mais profundo da alma quando teve a chance de acabar com a vida de George Warnock e simplesmente chamou a polícia... Mas aquela era simplesmente a gota d'água.

Harry precisou ficar e lutar contra os próprios traumas sozinho. Ele chorou por noites seguidas e se sentiu sujo como ninguém jamais deveria se sentir, a não ser um abusador asqueroso. Louis tinha tanto orgulho daquele homem por ter buscado resiliência tantas vezes, sempre sentindo medo de incomodar as pessoas ao redor. Não que ele fosse fazer isso. Harry nunca seria capaz de incomodar alguém. E tê-lo tão perto provava isso a cada dia que passava. Estar perto dele era simplesmente… Mergulhar em águas mornas e sentir todos os músculos do corpo relaxando. Uma melodia suave. Vinho com queijo e orégano. O vento da noite batendo no rosto. A maresia. O cheiro de terra molhada. Estar com Harry implicava apenas em sensações deliciosas.

A certeza do como um lugar injusto sempre existiu, mas agora… era como se Louis estivesse em posição de telespectador, vendo tudo desabar diante de seus olhos. Os noticiários que costumeiramente mostravam estatísticas de mortes, violência física, sexual, moral, psicológica e relacionamentos abusivos martelavam em sua cabeça sem cessar. Ver isso tão perto e não poder fazer nada para mudar o passado era duro.

Aos poucos, seus corpos juntos foram cedendo sobre o colchão até que estivessem completamente  deitados. Louis resolveu não esconder seus olhos vermelhos e bochechas molhadas quando Harry tentou se desvencilhar do abraço. A visão que encontrou cortou seu coração em pedaços. Harry o olhava com uma expectativa silenciosa — porém perceptível — no olhar. Ele respirou forte três vezes antes de perguntar se Louis estava sentindo nojo.

— Nunca repita isso — ele disse baixo. Não queria deixar Harry assustado e pensando no pior. — A única pessoa que deve sentir nojo é aquele desgraçado. Ele merece se sentir sujo e imundo pelo resto da vida medíocre que ele vai viver, não você. A sua vida vai ser maravilhosa enquanto você encontrar as forças necessárias aqui dentro — o tocou no coração — para levar essa dor para longe e não tirar mais esse riso gostoso do rosto.

Louis o beijou na testa antes de continuar:

— Por favor, nunca repita isso — implorou. — Eu não seria capaz de sentir nojo de você. Eu amo você. O mundo é um lugar infinitamente melhor porque você vive nele, está ouvindo?

— Como eu queria ter te encontrado antes, Lou… — Harry confessou. — Eu queria ter me entregado a você e tudo seria tão, tão diferente.

— Nós nos encontramos no momento certo, bem, não se preocupe com isso agora. Ainda vamos ter muito tempo juntos, muitos momentos para vivenciar e amor é o que não vai faltar.

— Você promete?

— Eu prometo, Hazza.

Louis é bom com promessas.

— Então, você pode- pode falar que me ama, hm, de novo? — Harry perguntou depois de um tempo em silêncio.

— Eu te amo, meu amor.

— Gosto de como isso soa na sua voz… — Respondeu timidamente.

— Vou dizer quantas vezes quiser ouvir, ok?

aneurysm • lwt+hesOnde as histórias ganham vida. Descobre agora