vi. you're not a woman

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Com um aviso de que receberia uma ligação mais tarde para marcar um programa ao lado da mãe, padrasto e irmã no fim de semana, Harry passou todo o horário de visita com os olhos arregalados, alternando seu olhar entre as crianças e Louis.

Todos da ala ficaram encantados quando presenciaram a alegria e genuinidade com que o doutor entretinha os pequenos pacientes, sempre tomando cuidado para que eles não se machucassem com os materiais e aparelhos hospitalares que estavam em seus corpos.

Fazia um tempo confortável lá fora, sem sol e sem vento, apenas uma magnífica brisa para apreciar uma boa caminhada ou para simplesmente contemplar as janelas abertas.

Com as fantasias de palhaço, Harry e Louis faziam uma boa dupla. Eles eram dinâmicos, atenciosos e conseguiram dividir a atenção entre todas as crianças. Elas interagiam, sorriam e possuíam um brilho de esperança no olhar. Os pais se aglomeravam na porta do quarto para assistir ao mais bonito episódio da semana.

Harry aparecia sempre às terças e quintas-feiras e, nesses dias, a fé era restaurada naquela parte do hospital — e não só por parte dos pacientes, mas também de seus parentes, de quem trabalhava por lá e quem passava esporadicamente.

Nos últimos quinze minutos de visita, eles se sentaram para ler os cartões que os alunos de Harry confeccionaram mais cedo. A maioria das crianças ali não eram alfabetizadas, então eles se acomodaram no meio delas e começaram a ler:

— "Querida Summer, — Louis começou, olhando para a garotinha de grandes olhos pretos — eu me chamo Amber e fico feliz que você tenha a honra de ter a companhia do professor Harry alguns dias da semana. Ele é muito legal! Estou escrevendo isso de manhã, então, tenha um ótimo dia. Quero que saiba que você é uma luz muito brilhante, como o sol dos países tropicais. Você ilumina o mundo de todos ao redor, Summer. Eu não te conheço, mas torço por sua melhora!" — Concluiu, ficando maravilhado ao ver o sorriso pairando nos lábios da menina. Procurou pelos olhos de Harry, que estavam cheios de lágrimas contidas.

— Eu ainda não tinha lido nenhum deles — o mais alto sussurrou.

A pequena Summer agradeceu, sorrindo para sua mãe, que murmurou que era tudo aquilo era verdade e que ela era sua luz.

— "Archie, fico imensamente feliz que sua carreira no The Archies tenha deslanchado. É uma boa banda! A propósito, eu me chamo Mike, você pode me convidar para participar, se quiser, meu contato profissional estará com o professor Harry. Peça com carinho, eu sou o aluno preferido dele!" — Harry começou a gargalhar. — "Você tem toda a minha admiração, Archie. Obrigado por ser tão influente na indústria musical. Magnifique!"

As crianças não entenderam muito bem o que Mike quis dizer.

— The Archies foi uma banda de mentirinha que fez muito sucesso há alguns anos — Louis explicou. — Como se sente com essa homenagem, Archie?

— Me sinto muito importante, Lou. Você pode colocar uma música deles, por favor?

O doutor colocou a música mais conhecida da banda — Sugar, Sugar — para tocar em seu celular. Ecoou não tão alta pelo cômodo e Harry começou uma coreografia desleixada, segurando os bracinhos de Archie suavemente para o acompanhar na dança.

Louis leu o restante dos cartões e recebeu de bom grado toda a euforia que reverberou das crianças e de seus pais. Ele não sabe por que demorou tanto tempo para fazer parte de algo maravilhoso e que estava tão próximo.

Após se despedirem de todos, foram para o banheiro que usaram antes. Os olhos do doutor estavam brilhantes como uma cidade vista de cima. Harry apreciou muito a visão.

aneurysm • lwt+hesOnde as histórias ganham vida. Descobre agora