287° capítulo

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Mariana.

Eu já estava bebendo a segunda taça de champanhe, era azedo mas refrescante.

- vai com calma. - disse discretamente.

- tô nervosa Ben. - digo a ele.

- por que? Tá linda e todo mundo gostou de você. - disse sorrindo pra mim mas pra disfarçar, segurando um copo de whisky.

- isso é muito forte pra um garoto como você.

- só preciso fingir que tô bebendo, é a marca registrada da família Evans. - bebeu um pouco e fez uma cara odiando. - que negócio horrível, puta que pariu. - ri dele.

- toma, o meu tá melhor. - trocamos os copos e Ben tomou tudo de uma só vez.

- vou procurar a minha tia pra você conhecer, ela sabe convercer o meu pai de tudo e será bom se ela ver que tô andando na linha. - concordei e Ben saiu, fiquei com seu whisky e só o cheiro me lembrava coisas do passado mas eu respirei fundo e sorri sem mostras os dentes.

Camile não estava participando da festa e que bom, ela é uma criança ainda e embora a festa seja inofensiva, não acho que uma criança ache algo bom pra fazer por aqui. As únicas crianças que tinham estavam sentadas no sofá com uma tela no brilho máximo em frente aos seus rostos, eram tablets. Fora a roupa caríssima e a cara de nojo por não querer estar aqui.

- olá. - sorri antes de me virar, olhava os quadros da casa de Ben, no corredor onde tinha pouca gente. Já havia visto mas não tinha outra coisa a se fazer.

- olá. - digo pro senhor.

- está bonita, a vi com Benjamin, são um par? - sorri pra ele.

- é, estamos juntos. - sorriu e desceu os olhos pelo meu corpo. - ah, não é meu, é do Ben. - ele desfez o sorriso me olhando. Me referi ao copo.

Ele era velho, não tanto, mas o suficiente pra ser idoso, sei lá. Quase 65 anos.

- tudo bem? - perguntei. - o senhor está bem?

- você.. onde cresceu? - fiquei meio espantada e confusa ao mesmo tempo.

- ahn... Bom.. - não quero falar da mamãe. - com minha mãe e irmãs.. meu pai, meu irmão.. - continuava me olhando.

- você parece alguém que conheci. - fiquei um pouco com medo. - mas não tinha tanto cabelo. - de repente conseguia ver o seu rosto em meus pensamentos... No meu passado.

Mas bem pouco e acho que não era nada.

- talvez seja eu. - digo. - talvez eu sempre tive esse cabelo. - bebi um pouco do whisky forte, percebendo que pensei alto demais e ele ouviu.

Por cinco segundos me convenci que aquele homem estava ligado ao meu passado, a Alessandra, aos estupros e abusos. Por cinco segundos não estava tentando me aprofundar nisso e nem hoje.

Mas por aqueles cinco segundos...

Queria enfiar uma faca em sua barriga, só para sessar meus pensamentos.

- tudo bem tio? - Ben apareceu atrás de mim e sorri pro senhor que tirou a atenção de mim.

- como vai? Está maior que dá última vez.

- e a tendência é só crescer. - riram e sorri. - conheceu minha namorada? Mariana. - ele me olhou e eu sorri, mas ele não.

- Mari.. Ana?

- isso. - disse Ben. - é minha colega na escola e.. - passou a mão em volta dos meus ombros. - o meu grande amor. - sorri ao Ben que retribuiu mas seu tio não.

• ʙᴀʙʏ ɢɪʀʟ 2Onde histórias criam vida. Descubra agora