Sempre me rege, guarde, governe, ilumine. Amém.

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- Ah, e, Rina! Se for experimentar de novo, faz isso antes de sair cortando as etiquetas! Se tiver algo pra trocar, a gente vai semana que vem!

Irene Bae foi quem deixou o aviso ao fechar a porta do apartamento atrás de si. Já devia ser quase oito da noite de domingo, àquela altura. Foi ela quem passou a chave na fechadura, também, enquanto a filha já havia saído correndo em direção ao quarto, aos fundos do apartamento, acendendo as luzes no caminho. Já Seulgi, à sua frente, além de tirar os próprios sapatos, ajeitava os de Karina em um canto, já que a garota tinha largado cada pé do calçado em cada canto do tapete. Seulgi resmungou um "folgada", mas arrumou.

Karina que havia respondido com um "tá bom!", antes de Irene ouvir a porta do último quarto a ser fechada. Seguiu Seulgi para dentro do apartamento, em sequência. A esposa só passou próxima à mesa de jantar da sala para largar a bolsa – mesa cuja função era aquela, de largar coisas – mas, ainda assim, foi a primeira a entrar na cozinha. Irene, logo atrás. Só deixou as chaves do carro e o celular sobre a bancada, antes de também seguir em direção à geladeira, que já estava com a porta aberta.

E o que quer que Seulgi estivesse procurando ali dentro, demorava demais. E Irene estava com a boca seca.

- Passa o refrigerante? – Irene pediu, ao gesticular com uma das mãos. Seulgi logo atendeu a requisição. Só passou uma garrafa de água, no lugar da de plástico com rótulo vermelho, e Irene sabia que não era por Seulgi não ter ouvido direito. Bufou baixinho, mas não discutiu. Só foi calada, até o armário, em busca de um copo. – A gente não acabou de comer? O que cê ainda tá procurando?

- Bolo. Sobrou? – Seulgi endireitou a postura o suficiente para encarar a esposa, sobre a porta. Irene resolveu se poupar de fazer comentários sobre a ironia que era ali querer dar uma de estimular hábitos saudáveis quando a primeira coisa que procurava ao chegar em casa era por açúcar.

- Acho que dá pra dividir entre você e a Karina. Tá na penúltima prateleira. – Irene assentiu, ainda assim, e apontou em direção ao refrigerador, mesmo a porta estando a impedir a sua visão.

- Não vai querer? – Seulgi perguntou ao alcançar o bolo e fechar a geladeira com o corpo. O tempo que Irene precisou para encher um copo com água.

- Eu pego um tequinho do seu. – Irene balançou a cabeça em sentido negativo e Seulgi assentiu ao buscar pelos talheres em uma das gavetas próximas. E Seulgi ainda teve tempo de pegar um pratinho, repartir o pedaço de bolo ao meio e se servir com ele, antes de Irene se oferecer para guardar o restante do bolo junto à garrafa, de volta na geladeira. Na verdade, Irene ainda tinha o copo de água pela metade, quando se sentou ao lado da Kang, à bancada. Dentes sensíveis. Irene bebia água como se fosse café. Mas o único jeito de fazer Irene beber uma quantidade saudável de água por dia era com o líquido estando gelado. O que também não era o ideal, mas era melhor do que nada.

- Amanhã ela vai mesmo pro pilates com vocês? – Seulgi perguntou ao entregar um dos garfos que tinha pegado para Irene, que assentiu antes de se servir com a primeira bocada do bolo do dia anterior.

- Eu busco ela. E não esquenta com a janta de amanhã, também. Sobrou bastante coisa do almoço. Se o molho de tomate engrossar demais na geladeira, só faz mais um pouquinho e joga por cima, quando for esquentar. E essa semana vai ser mais tranquila pra mim, acho. A gente vem cedo pra casa. – Irene avisou e Seulgi concordou com a cabeça antes de também se servir com uma garfada que só foi um pouco mais generosa.

- Se ela for continuar mesmo e precisar de carona, é só avisar, qualquer coisa. Eu dou meus corres. – Seulgi falou e, ainda mastigando, Irene franziu ligeiramente a testa ao negar com a cabeça.

Eis que os filhos são herança do Senhor!Where stories live. Discover now