Quem é generoso será abençoado.

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Nem sempre acordar em uma manhã de sábado é tarefa fácil. Na verdade, para a nem tão pequena Bae, na maioria das vezes, era apenas uma tarefa difícil, mesmo. Era contra a vontade de levantar que Karina lutava, naquela manhã. Fazia alguns minutos que estava acordada, mas ainda era de olhos fechados que Karina tateava a cama, em busca do telefone celular que fora abandonado em algum canto do colchão, por ela, na noite anterior. Irene e Seulgi não gostavam quando Karina dormia com o celular na cama. Karina também não gostava de se levantar, quando já estava morrendo de sono, só para deixar o celular sobre a escrivaninha.

Enfim, conflitos.

A única batalha que Karina não pôde escapar de enfrentar, entretanto, foi a de abrir os olhos e ter que dar de cara com a luz da tela de bloqueio do aparelho, após alcançá-lo. Karina mal enxergou as horas, mas estava mais do que óbvio de que era tarde. Bem tarde. E sua barriga tinha acabado de roncar, para corroborar com tal fato. E se Karina levantou com a intenção de fazer o desjejum? De jeito nenhum. Ergueu foi o polegar para desbloquear o aparelho celular. E depois para selecionar o aplicativo de mensagens. E então para escolher o grupo do trabalho de Geografia. E então o botão da câmera, no mesmo chat.

Karina não se moveu muito. Só cobriu parcialmente rosto com a mão livre, que fazia um sinal de paz para a câmera, antes de enviar a foto com uma simples legenda.

"Bom dia, família", era a legenda.

Inerte, Karina continuou a observar o grupo aberto, como se continuar encarando fosse encurtar o tempo de espera da Bae por algum tipo de resposta. Por quase cinco minutos, tudo o que Karina fez, além de respirar, foi piscar os olhos. E lutar para mantê-los abertos.

Ainda era sábado e Karina estava com preguiça. Mas, pelo menos, já tinha uma resposta para entretê-la.

"Giselle: Bom dia? Onze horas da manhã?"

Mas onze horas da manhã ainda era dia. Karina só não tinha energia o suficiente para digitar isso de volta para a prima.

"Winter: Mas onze da manhã ainda é dia."

Aí, sim, Karina encontrou energia para levantar um dos cantinhos dos lábios, em um sorriso mais do que satisfeito com a resposta da Kim. Era quase como se Winter tivesse lido os seus pensamentos.

"Ningning: Pois pra mim é manhã até eu terminar de almoçar."

Para mostrar que era imparcial, Karina também gostou da resposta de Vivian Ning. Tanto que Karina até se deu uma viradinha, para ficar de barriga para cima e poder digitar sem tanto esforço desnecessário. E já que estávamos a falar sobre almoço e barriga...

"Karina: Aliás, mó fome brava. Alguém torra umas bisnaguinhas lá pra mim, por favor."

Karina não esperava que ninguém fosse fazer aquilo por ela, mas valia a brincadeira. Tá, talvez... com jeitinho... conseguisse convencer a mãe, Seulgi, se ela estivesse acordada e desocupada. Mas era perigoso. Porque, se a mãe ouvisse... Irene, se Irene ouvisse... Karina seria levantada da cama na força da bronca que levaria dessa mãe, para deixar de ser folgada com a outra. De um jeito ou de outro, então, Karina teria que se pôr de pé, se quisesse comer.

"Winter: Ué, bisnaguinha torrada?"

"Ningning: Karina só come Chernobyl saudável."

Oxe.

"Giselle: Isso é coisa que ela aprende a fazer com a tia Yeri."

O que não era mentira.

Eis que os filhos são herança do Senhor!Onde histórias criam vida. Descubra agora