Como são belos os pés dos que anunciam boas-novas!

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- Mano, não acredito que semana que vem já começa de novo a loucura de entrega de trabalho e prova...

Era horário de almoço no refeitório da escola. Este estava cheio de alunos como Vivian Ning, que faziam a refeição do meio-dia no colégio, por ter de ficar o dia inteiro ali. Desde as criancinhas do primeiro horário que, caso contrário, não teriam com quem ficar, em casa. Fossem os pré-adolescentes do segundo turno do almoço, que preferiam estar com suas tribos de esquisitões, fazendo as atividades extracurriculares, na escola, do que na casa de pais ou parentes. Fossem os cavalões do Ensino Médio, daquela última meia hora, que ainda que tivessem com quem ficar em casa ou preferissem a companhia dos pais a dos amigos, tinham que permanecer no colégio pela simples e pura pressão para estudar.

Àquele horário, meio que todo mundo se misturava, no refeitório, ainda que em diferentes mesas. Tinha criancinha que já estava lá havia uma hora, para terminar de comer uma tigelinha de arroz; pré-adolescentes que tagarelavam, mexiam no celular e não comiam, ao brincar dum faz de conta de já terem lá os seus dezoito anos, pelo jeito que se comportavam. E tinham os veteranos do terceirão, os mais sofridos. Esses você identificava pela cara de exaustão e pela falta de coragem até para levantar o garfo com comida até a boca.

Era numa dessas mesas ocupadas por veteranos do terceirão que estava o nosso foco. O autointitulado Quarteto Fantástico.

- Pois é! Não sei o que que deu, esse ano tá passando num piscar de olhos! – Giselle Uchinaga Kang foi a primeira a responder Vivian Ning, que sentava a sua frente. Também foi a Kang quem soltou o garfo para estalar o dedo para reforçar a ideia de rapidez.

- Pelo menos tá acabando. A atribulação que tá sendo acabar esses trabalhos e projetos do semestre... só Deus. – E, por falar em Deus, Vivian lançou um olhar para outra criatura que sentava do outro lado da mesa, ao lado da Kang. Karina Bae. Que enchia o garfão de arroz e levava até a boca, sem nem ver. Olhos grudados no celular que tinha em cima da mesa. Dedos a deslizar para cima em busca de sabe-se lá o que. – Tu avisou pras tuas mães que a gente vai lá de novo, amanhã?

- Calma aí, eu tô enviando uns bagulhos de documento pra mãe, justamente. – Karina falou, toda séria, sem tirar os olhos da tela. De fato, a velocidade com que seus dedos deslizavam sobre o aparelho demonstrava que estava ocupada o suficiente para ter dificuldade até de racionar.

- É pra que? Renovar passaporte? – Ningning não era a única que tentava entender o que Karina aprontava. Winter também inclinara para frente para tentar enxergar o que a Bae fazia. A sorte da Kim era os seus cabelos não serem longos, ou estaria tudo dentro da bandeja com seu almoço.

- É, não. Ele tá na validade, ainda. É frescuraiada da escola. A mãe tá aí, na secretaria. – Karina não especificou quem era, mas foi consenso da mesa que a mãe à secretaria deveria ser Irene. Seulgi trabalhava meio longe demais para, do nada, brotar no colégio para resolver B.Os escolares, em sua pausa de almoço.

- Meio do ano e ela veio fazer tua matrícula só agora? – Ficou óbvio o tom de sarcasmo da voz de Ningning. Foi por isso que Giselle riu.

- Não. Eu vou mudar de turma do extensivo. Essa semana já, se der. Se não, semestre que vem. – Karina negou com a cabeça, de boca cheia, e Winter aquiesceu lentamente, em compreensão ao que a Bae havia acabado de dizer. Ningning e Giselle ficaram encarando as outras duas, sem entender o que a Kim havia entendido.

- Mudar por quê? – Giselle questionou. Até onde sabia, Karina não tinha problema com nenhum aluno da turma. Ou com algum professor do cursinho. E outra, pra que outra turma Karina achava que ia? – É por causa de horário?

Eis que os filhos são herança do Senhor!Onde histórias criam vida. Descubra agora