- Iti, que o neném chegou. Feliz aniversário, princesa!
Era mais que meio-dia de um domingo, naquele apartamento localizado no bairro do Embaré, para aqueles familiarizados com a cidade portuária que era Santos. Apartamento que era compartilhado por três ou quatro seres vivos do sexo feminino. A partir de sexta à noite, eram quatro. Nos dias úteis, três. Naquela semana, excepcionalmente, apenas ao domingo o apartamento se encheu. Era onze de abril mais uma vez. Quando Seulgi Kang abriu a porta da casa, deparou-se com uma Karina Bae de dezenove aninhos recém-feitos na cara e uma mala nas costas. E, não, Seulgi não falava de Winter Kim, que vinha ao encalço da filha. Seulgi gostava muito de sua norinha. A Kang se referia às mochilas que ambas tinham penduradas nos ombros, mesmo.
Mas foi para a filha que Seulgi primeiro abriu os braços.
- Eu queria ter descido sexta também, mas esses bagulhos que marcam pra sábado à tarde quebram minhas pernas... - Karina que fez o mesmo e se deixou ser esmagada pela mãe. E se deixou receber quantos beijos Seulgi achara que Karina deveria receber.
- A Giselle tá aí desde sexta? – Seulgi perguntou ao se afastar da filha para deixá-la entrar. Winter foi a próxima a ser cumprimentada, ainda que num meio abraço mais breve, antes de finalmente ter sua passagem cedida também.
- Ela tá. Mandou mensagem dizendo que daqui a pouco tá aí, inclusive. – Karina respondeu ao tirar os sapatos com os próprios pés. Sem abaixar. Depois reclamava dos calcanhares de sapato destruídos. Winter fez o correto ao se abaixar para ao menos desamarrar os cadarços. – A Ningning disse se vem? Agora pro almoço?
- Irene falou com a Jennie e ela disse que vem, sim. – O tempo que as duas mais novas demoraram a tirar o sapato foi mais do que suficiente para Seulgi trancar a porta do apartamento. – Dá aí as mochilas de vocês pra eu colocar lá atrás.
- Calma aí, que tem um bagulho na minha que eu tenho que dar pra mãe. Cadê ela? – Karina perguntou, mas nem esperou Seulgi responder. Seguiu para dentro do apartamento, com Winter logo atrás. – E, meu Deus, que barulho é esse? Por que esse povo todo já tá aqui logo cedo?
Não foi surpresa para Seulgi ter retornado à cozinha e se deparado com as feições de Roseanne Park, Wendy Son, Joyce, a outra Park, e Yeri Kim. Karina, por sua vez, até esquivou a cabeça para trás quando recebeu um coro de parabéns e outros cumprimentos mais ou menos carinhosos ou agressivos, ao mesmo tempo. Distinguiu pouca coisa com aquele barulho todo. A confusão foi tanta que Karina demorou a notar Irene vindo em sua direção, com sorriso e braços abertos. Aí Karina também exibiu os dentes e se preparou para retribuir a mais um abraço apertado.
Estava quente ali na cozinha, inclusive. E com um baita cheiro de comida a ser preparada. Além do cheirinho de casa de mãe.
- E esse cabelinho, aí? Primeira vez que te vejo sem aquele cabelão todo desde pequena! Se foi promessa de vestibular, por que não raspou logo careca? – E por cima de mais um abraço, beijinhos de aniversário e palavras de "que Deus te abençoe com muita saúde e paz, hoje e sempre" vindas de Irene, Karina ouviu Joyce Park gritar.
- Cê tá louca, raspar careca? A mãe já entrou em crise quando eu disse que ia querer cortar desse tanto. – Karina não precisou especificar para Joyce Park saber exatamente de que mãe Karina falava. Irene, inclusive, que havia terminado de cumprimentar Winter Kim e já vinha com a resposta preparada.
- Mas é claro, o cabelo dela tava mó bonito. – Também não precisava Karina acusar a mãe verbalmente quando Irene se acusava sozinha. – Mas eu gostei dele, assim. Tá até com cara de adultinha. Ficou bonitinho. - Depois do "cara de adultinha", Karina ficou se sentindo aquelas meninas de dez anos que andam de tamanco e bolsinha rosas, da Barbie, bem madames, mas, suave. – Aliás, que cês duas ainda tão fazendo com essa mochila nas costas? Dá isso aqui pra eu levar lá pra dentro.
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Eis que os filhos são herança do Senhor!
FanfictionKarina Bae sabia que a vida de estudante do último ano do Ensino Médio não era a das mais fáceis. São cobranças da escola pelo desempenho perfeito nos vestibulares, a pressão de ter que escolher tão prematuramente uma carreira para se seguir pelo re...