+ Emissária da Corte Noturna +

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Comentem ao longo do capítulo, por favor! Porque, além de dar engajamento para o livro, eu amo responder e ver as reações de vocês!



🌘🔥


Eu estava procurando por uma casa, um lugar simples pra viver e provavelmente transformar todos os cômodos em uma espécie de galeria particular. Não que eu não gostasse da casa no rio, eu amava aquele lugar. Mas, eu precisava de um espaço só meu. E eu sei que, talvez, sair da casa dos pais aos dezoito seja uma escolha idiota. Porém, eu não podia evitar.

Eu tinha uma economia guardada, de toda a mesada que eu nunca soube usar. Era o suficiente para dar entrada em uma propriedade. E agora que eu estava de volta a cidade, o teatro musical me aceitou como artista noturna. E isso era um segredo.

Quando mais nova, eu vivia fugindo de Ilyria pela noite, apenas para cantar no palco daquele lugar incrível. E agora que estava de volta a Velaris, e mais velha, eles me contrataram de vez. O público me adorava, achavam interessante a fêmea mascarada que entoava cânticos melancólicos. E eu amava compor músicas e cantar elas com todo meu coração.

Mas, mais ainda, gostava da ideia de ter algo só meu, um segredo intocado. A música e o palco seriam coisas que nunca conseguiriam tirar de mim.


Venha ao meu escritório, por favor.

Aquela era a voz de minha Grã Senhora, não de minha mãe. Minha coluna ficou reta na cadeira de minha escrivaninha, onde eu assinava a papelada de minha nova residência. Talvez eu tenha omitido mais que um fato de minha vida.

Eu desci as escadas luxuosas da mansão rapidamente, entrando em sua sala sem bater. Meu pai estava sentado em um dos sofás no centro do cômodo, seus dedos sustentando sua cabeça na região das temporas. Ele me lançou um olhar sério, ao qual eu não soube ler, além de saber que ele estava chateado com algo.

Minha mãe saiu de trás de sua mesa e caminhou até a frente, se apoiando na madeira lisa e brilhante. Sua mão indicou o sofá em frente ao meu pai e eu me sentei, encarando seus braços cruzados com curiosidade.

- Quando iria nos contar? - Ela perguntou tamborilando os dedos tatuados no antebraço. Eu sabia que seria sobre isso.

Como pude esquecer que meus pais eram os seres mais fofoqueiros de toda a Prythian? Eu afundei no sofá, suspirando e fechando os olhos.

- Tem o suficiente? - Ela insistiu. Eu balancei a cabeça positivamente, olhando para o chão. - Onde conseguiu esse dinheiro?

- Junto desde os doze. - De repente, os fiapos em minha calça preta se tornaram interessante. Meus dedos puxaram, um por um.

- Fizemos algo de errado? - Meu pai se manifestou pela primeira vez. Meus olhos se arregalaram e eu fui para a frente.

- O quê...? Não, pai! Vocês não fizeram nada de errado. - Eu disse um pouco desesperada com o rumo das coisas. Droga, eu deveria ter percebido em seu olhar assim que entrei. - Eu só quero um lugar pra mim. Meu quarto parece pequeno para todas as pinturas, livros e coisas que eu guardo.

- Entendo, Velarie. Mas não consigo ver um motivo pra esconder algo assim. - Ele disse calmamente, parecia tão decepcionado. Não pude evitar em me sentir mal por isso. - Famílias costumam compartilhar planos e sonhos para o futuro.

- Olha, eu apenas... Me desculpem, okay? - Eu suspirei tristemente. - Pra mim não foi grande coisa, mas agora eu entendi que vocês ficaram chateados.

- Não gosto nada disso. - Meu pai negou com a cabeça, olhando para a lareira. - Não gosto quando esconde as coisas de nós.

- Sim, bebê. - Minha mãe se sentou ao lado de meu pai, colocando uma mão em seu joelho. - Só descobrimos porque comentaram.

𝐀 𝐂𝐨𝐮𝐫𝐭 𝐨𝐟 𝐖𝐢𝐥𝐝𝐞𝐬𝐭 𝐃𝐫𝐞𝐚𝐦𝐬 | Eris Vanserra Onde as histórias ganham vida. Descobre agora