+ Mestre Espião + (Bônus)

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Os cavalos seguiam Eris colina abaixo sem ordens necessárias. O sol já tinha nascido completamente quando Velarie o deixara, se despedindo com um leve selar na bochecha. Um beijo cheio de significado, o dando a certeza de que ela desejava beijar seus lábios, em vez de sua pele. Esse tinha sido um acordo entre os dois, nada de beijos ou toques ao ar livre, mesmo que estivessem a sós. Era como se ela possuísse o mesmo medo que ele, como se soubesse exatamente com quem estava lidando.

E sabia.

Eris começou a assoviar, adentrando a floresta vermelho. Seus passos diminuíram, lentos, debochados. Ao longe, pássaros copiavam o som que ele emitia. Em sua mão apareceu um cigarro artesanal fino, de fumo e palha. Esse era um vício ao qual ele tinha adquirido há muitos séculos, e por mais que fosse ruim, e o obrigasse a tomar mais banhos que o necessário para tirar o cheiro, ele não conseguia se livrar daquilo. E muito menos queria.

Com uma fagulha de seu poder, a ponta do cigarro acendeu ao levar à boca. Ele tragou profundamente, sentindo o gosto amargo que o cigarro virgem tinha no início. No canto de seu olho uma sombra balançou uma folha, a fazendo cair. Seria um movimento de vento comum, se Eris não estivesse percebendo os padrões escuros serpenteando nas árvores desde a despedida com a parceira.

Então, encostando as costas em um tronco, ele soltou a fumaça lentamente. Fingindo olhar para cima - para o céu entre as folhas - ele não conseguiu segurar um sorriso no canto de seus lábios. Voltando seus olhos, com escárnio, para a árvore em específico, ele soltou: - Já foi mais discreto, Mestre Espião.

Não houve resposta alguma, o vento assoviou, balançando as folhas mais naturalmente dessa vez. Era como se estivesse sozinho dessa vez, mas ele sentia os olhos em si. - Sugiro que apareça e me diga o que faz em minhas terras sem ser convidado. - Sua fala foi mole e preguiçosa, levando o cigarro a boca mais uma vez. O silêncio era absoluto, perturbador. Toda a situação era capaz de levar uma pessoa à loucura, mas Eris sabia que não eram alucinações. - Seus Grão Senhores receberão uma carta em breve, e, se estiverem me espionando... Teremos problemas. - Ele disse, dessa vez entre dentes, soltando uma pequena onda de seu poder em volta. Um bafo quente, como de um fogão a lenha, explodiu por toda a floresta, sútil, mas capaz de afugentar todas as aves.

As sombras dançaram mais violentas, em aspirais mais densas, se reagrupando até que formasse uma figura sólida. O macho saiu das sombras, o olhar fixo e parado demais na imagem do Grão Senhor Outonal. - Está seguindo ordens? - Ele perguntou autoritário, sem deixar brecha para respostas escorregadias. Eris soara como um superior falando com um soldado, e, de fato, aquele tipo de abordagem o lembrava dos séculos em que atuou como General dos Exércitos.

- O que está fazendo? - O Encantador de Sombras perguntou rouco. Os sifões em sua roupa acendendo em meio a escuridão que emanava.

- O que você está fazendo? - Eris cuspiu, a voz se elevando. Deuses, ele já tinha usado todo seu estoque de afeto e paciência com a jovem mais cedo, ele não seria nem um pouco cortês. - Acha que não o vi nos rondando?

- O que está fazendo com ela? - Ele questionou, a calma ainda presente em seu corpo, e isso sempre tirava Eris do sério.

- Lhe dando apoio e atenção, coisa que vocês não tem feito. - Ele disse ferozmente. Era verdade que Eris não havia engolido toda a situação de Velarie. Ele sabia que ela estava passando por algo terrível, e não entendia como simplesmente não conseguiam ver ou ajudá-la. Porque, por mais que estivesse tentando, era difícil fazer algo estando sempre tão longe. - Velarie é uma amiga, deixe-a longe de nossos problemas.

𝐀 𝐂𝐨𝐮𝐫𝐭 𝐨𝐟 𝐖𝐢𝐥𝐝𝐞𝐬𝐭 𝐃𝐫𝐞𝐚𝐦𝐬 | Eris Vanserra Onde as histórias ganham vida. Descobre agora