𝐀 𝐂𝐨𝐮𝐫𝐭 𝐨𝐟 𝐖𝐢𝐥𝐝𝐞𝐬𝐭 𝐃𝐫𝐞𝐚𝐦𝐬 | Eris Vanserra

+ Mestre Espião +

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Por um único momento, eu achei que as coisas ficariam estranhas entre nós dois, mas Eris não permitiu. Me guiando de volta para as conversas calmas e implicantes, percebi que havia algo de muito íntimo entre nós dois - uma confiança intensa e inabalável. Não era apenas sexo, como eu havia pedido. Eris era meu amigo, e sabia me deixar confortável como ninguém.

Assim como também possuía um poder de manipulação honorável. Quem mais, no mundo, conseguiria me tirar da cama antes do sol nascer?

- Sinto muito por não poder fazer isto amanhã. - Eris disse colocando seu casaco sobre meus ombros, mesmo com meus protestos. - Será um longo dia pra mim.

- É uma data como qualquer outra. - Eu dei de ombros, enfiando uma uva na boca. - Mas deve ser importante para sua Corte. - Eu lembrei, voltando meus olhos para o macho ao meu lado.

Eris cortou uma fatia fina de maçã, levando-a a boca junto da pequena faca de bolso. Ele tinha preparado um pequeno piquenique para nós dois, em comemoração ao meu aniversário, que seria no dia seguinte. O sol nascia ao longe, tingindo nossa colina costumeira de laranja e rosa. Nossos cavalos, sonolentos na brisa fria da manhã do último dia do verão, andavam livres pela grama verde infinita.

Eris, com todas suas boas maneiras, diferente de mim, engoliu antes de falar: - Além das festas tradicionais, amanhã é o início oficial dos cortejos entre a elite. - Disse com pouca animação. - Diferente de meu pai, eu decidi que ninguém em meu território se casaria sem minha benção, então, tenho que estar presente na maioria dos eventos, até o baile Outonal.

Eu franzi o cenho, achando louca a ideia de um Grão Senhor casamenteiro. É claro que, por um lado, tal coisa certamente serviria para um bom controle da população, mas por outro... Não permitir um "acordo" que renderia lucro para duas famílias, poderia gerar inimizades para Eris. Eu conhecia as tradições dos casamentos outonais, e sabia que, até mesmo sua mãe se casou após o grande baile. Talvez sua decisão tenha haver com isso - proteger fêmeas de um destino miserável.

- Não parece tão ruim. - Eu disse, quase sem conseguir conter uma risada ao olhar sua face aborrecida. Eu me perguntei a quantos bailes Eris teria comparecido em sua vida, e dado sua idade... Bem, era compreensível.

- Mudaria de ideia após três horas de ladainha materna. - Ele revirou os olhos, em um ato nada costumeiro. Eu gargalhei levemente, já que o mau humor de Eris sempre me garantia boas risadas. Ele me lançou um olhar divertido, apesar de sua boca ainda estar em linha reta. - Seu amigo Ares as chama de abutres por um motivo.

- Eu gostaria de ir á algum. - Comentei, mais como um pedido. Eris suspirou, desviando o olhar para longe de mim, balançando a cabeça em negação. Sua mão agarrou um livro sobre a manta estendida abaixo de nós. - Por quê?

- Não seria justo. - Ele disse, parecendo querer mudar de assunto. Eu me sentei direito, pronta para fazer mais cinquenta perguntas. - Ora, Velarie, por favor... - Ele me deteve com seu olhar diabólico. - Com esse rosto, acha que seria justo? - Ele sussurrou, batendo o indicador embaixo do meu queixo.

- Não sei do que está falando. - Eu disse, cruzando os braços ao me afastar levemente. E era verdade. Eu só queria saber como era um baile Outonal, minha beleza chamaria tanta atenção assim?

- Todos pediriam sua mão. - Ele explicou, folheando as páginas amareladas. - Seria vergonhoso para quem espera receber um pedido. E terrível para o meu juízo. - Ele sussurrou a última parte, me fazendo sorrir de forma idiota, revirando os olhos. - Mas, se lhe serve de conforto, pense em meu sofrimento ao ser abordado por mães, listando os dons de suas filhas como se vendessem gado.