+ Mentir +

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sim, a maior de todas está de volta

não esperem muito desse capítulo, eu odiei o resultado. acho que enferrujei durante a pausa 🚶🏻‍♂️



🌒🔥


Eu já tinha tomado o chá contraceptivo antes, mas fazia tanto tempo que não pude evitar em fazer uma careta, em surpresa e descontentamento, ao dar o primeiro gole. Aquilo tinha gosto de sovaco. E veneno. Bem, não importa, certamente era o gosto de algo que poderia me matar rapidamente. Então eu o larguei sobre minha velha escrivaninha, enrolando para não tomá-lo, ao ponto de não ver mais vapor algum escapar da louça fina.

A ponta da caneta deslizava habilmente sobre os papéis, sendo o único som no quarto. Nada tinha mudado alí. Meu antigo espaço ainda abrigava um sentimento de solidão, enterrado no fundo de meu peito. Eu não queria e muito menos iria pensar sobre isso. Mas era engraçado pensar que, a minha realidade era e é muito diferente do que todos pensam. Sim, eu sou popular, mas não no sentido de ter muitos amigos. Tá mais para "filha de vocês sabem quem." E exatamente por isso, eu tinha me obrigado a sair da cama, para responder as cartas dos moradores de Velaris.

"Feliz aniversário mini Rhysand". - Uma dizia.

"...Venha buscar uma sacola de nabos, por nossa conta. Sei que sua mãe adora e..." - Outra dizia.

"Querida Velarie, guardiã de Velaris, espero ser como você quando crescer. Feliz aniversário". - E essa veio acompanhado de um desenho de giz em uma folha branca. Era explícito que a carta não tinha sido escrita pela mesma pessoinha que fez o desenho, visto que o que provavelmente deveria ser eu, parecia uma árvore de vestido com frangos pretos no lugar das asas.

Mas, ironicamente, essa tinha sido uma das únicas cartas que eu respondi além do que se é permitido para não soar rude. Respondi porque quis, não apenas por educação. Porque me senti verdadeiramente querida, vista.

E é sobre isso que estou falando quando digo que sou popular. Um rosto familiar e um sobrenome é tudo que sou pra uma grande maioria. Minhas únicas três amigas estão longe, e nossos encontros eram agendados, planejados, sendo um deles dado mais como trabalho do que qualquer outra coisa. E isso era... frustrante. Era frustrante voltar pra casa e ter a solidão como companheira, mas eu escolhi assim.

Eu escolhi assim.

– Querida? - Meu pai soou atrás da porta após bater. Eu me virei, bem a tempo de vê-lo entrar segurando uma tigela. - Perdeu o café. - Ele disse, arrumando algumas folhas de lado para depositar o que parecia ser ovos mexidos com ervilhas e coisas nojentas.

– Arg, tomate, pai?! - Eu perguntei, remexendo a mistura com o garfo. O macho arrastou uma cadeira de madeira até a parede, se sentando ao lado da escrivaninha.

– Vai comer tudo, Velarie. - Ele disse seriamente, olhando em meus olhos. Um segundo após isso, se sentou elegantemente, cruzando o tornozelo sobre o joelho. - Nuala disse que você tinha descido, mas que só esquentou um pouco de água para um chá.

– Sim, eu... - Eu ergui a mão para pegar mais um envelope, mas parei, confusa. No meio do monte de cartas eu avisto um carimbo diferente e profissional, ao qual eu reconheço de imediato. - Eu acordei tarde e decidi esperar o almoço.

– Sabe que não deve fazer isso, não pode pular as refeições. - Ele disse calmo, sua mão ajeitando algo na lateral de sua bota.

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⏰ Last updated: Jul 07, 2022 ⏰

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𝐀 𝐂𝐨𝐮𝐫𝐭 𝐨𝐟 𝐖𝐢𝐥𝐝𝐞𝐬𝐭 𝐃𝐫𝐞𝐚𝐦𝐬 | Eris Vanserra Where stories live. Discover now