+ Guardiã de Velaris +

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Velaris abriu para a reunião dos Grão Senhores. Era um jogo de confiança cega e os Grão Senhores da Corte Noturna sabiam exatamente o que estavam fazendo. Não era como se já não tivessem recebido todos os outros líderes durante a Queda das Estrelas - bem, quase todos, já que Tamlin não era bem vindo em quase toda Prythian. Mas, acontece que, no momento, as Cortes estavam cada vez mais próximas. Não se unificando, longe disso, mas sim, criando laços e parcerias fortes e duradouras.

E Eris estava finalmente conseguindo entrar naquele meio, ganhando a confiança das outras Cortes aos poucos. E Rhysand, por incrível que pareça, o tinha ajudado muito nesse processo. Os outros Grão Senhores pareciam incertos com a aproximação e a ideia de novos acordos econômicos e políticos com a Outonal, mas, após a aproximação pública das duas Cortes, muitas coisas mudaram. Thesan foi o primeiro a se mostrar disposto em firmar acordos, somente para deixar claro que estaria ao lado de Eris se ele estivesse disposto a lutar pela Crepúscular - um voto de confiança, ele percebeu. E, também havia percebido que, por mais que ele não fosse Beron, as pessoas continuavam a ver nele a imagem do pai. Não havia muito o que fazer sobre isso, ele estava imobilizado e nada que dissesse mudaria as coisas. Entretanto, eventualmente suas ações diriam mais que suas palavras. 

A Diurna também havia se achegado sorrateiramente, trocando favores aqui e alí e estabelecendo alguns acordos. Mas Eris não era idiota, e por mais que Helion tivesse alguns poucos séculos de vida a mais que ele, - e por isso ele dava crédito à sua sabedoria - era de conhecimento do Grão Senhor Outonal que seus interesses ultrapassavam as questões políticas. Eris sabia muito bem o que estava acontecendo em seu território, ele tinha controle sobre tudo e todos, quem entrava e saía, e com Helena não seria diferente. Ele sabia as noites em que ela deixava a Corte, e sabia as semanas em que permanecia, sempre acompanhada de aborrecimento e chateação. Ele sabia o que estava acontecendo, já tinha visto esse comportamento antes e iria agir da mesma forma: fingindo não ver, saber ou ouvir. Nada de errado iria acontecer agora, ela estava livre. Finalmente livre.

E ele se perguntava como Beron nunca havia percebido na época, até que Lucien nascera, com a pele mais bronzeada e as feições totalmente diferentes de todos os outros. Bem, talvez ele estivesse ocupado com suas outras muitas amantes, mas Eris não. Em seus mais de quinhentos anos na época, ele percebera de imediato o que se passava, e fez de tudo para encobrir as saídas da mãe. Deuses, ele não temia por Beron descobrir, ele era ocupado demais para se importar com o que a esposa fazia pela manhã ou pela tarde, porém, era com os irmãos que ele se preocupava. O segundo, o terceiro e o quarto, que vieram com diferenças de muitas decadas e alguns séculos depois dele, eram criaturas ardilosas, que mal passavam tempo com a mãe e, mais tarde, descobriram que desprezá-la era o caminho mais fácil para atrair a atenção e aprovação de Beron. Eris chegou a pensar que se um deles assumisse sua posição, talvez sua Corte passaria por uma crise pior. Eles eram terríveis, e mais diabólicos que o pai, mas eram mais fracos e covardes também, fáceis de matar. E morreram.

Alí, da sacada do Palácio na montanha, sob as estrelas infinitas da Corte Noturna, Eris deu uma rápida olhada para seu irmão Anteros, o quinto. Sua expressão dura combinava com o cargo que ele agora ocupava, general dos exércitos. Eris tinha passado o cargo pra ele, não porque confiava totalmente no irmão, mas porque ele sabia que tudo era sobre status - e Anteros não aceitaria menos. Eris sempre achou difícil compreender o mais novo, ele nunca soube se ele era como os outros, mas definitivamente não era melhor. Acontece que, depois de ter passado pelos horrores que passaram juntos, era quase compreensível se tornar um vilão. Ele gostava de imaginar que o irmão era como um de seus cachorros de caça, ao qual ele tinha que manter em rédeas curtas. Mas não era só isso, Anteros estava lá, tinha presenciado os século mais insano de Beron, ele viu, ouviu e sentiu na pele coisas que levaria para o túmulo consigo. E, apenas por um momento, Eris conseguiu se lembrar da imagem infantil do irmão, antes que fosse corrompida e arrancada a força por seu pai. Ele poderia ter sido como Ares, Eris pensou.

𝐀 𝐂𝐨𝐮𝐫𝐭 𝐨𝐟 𝐖𝐢𝐥𝐝𝐞𝐬𝐭 𝐃𝐫𝐞𝐚𝐦𝐬 | Eris Vanserra Onde as histórias ganham vida. Descobre agora