21. Revelações surpreendentes

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Seguimos por uma parte do trajeto em silêncio. Então a voz de Jake ecoou no carro, suplantando a música baixa e ambiente:

– Se divertiu ontem? – perguntou
– Me diverti, sim – respondi e fui sincera, mas ele não pareceu muito convencido
– Sei que Sam foi um babaca e eu achei que depois de termos feito as pazes por eu ter largado a matilha e, sem querer, montado a minha, – falou – ele superaria as implicâncias com você e com sua família
– Sam não esconde suas reservas para conosco. – comentei – Mas ele nunca encostará um dedo em nós. Ele sabe que pode contar com a gente e, ainda que não goste, um dia ele vai ter que entender que não pode me impedir de entrar em La Push, pois isso não compete a ele
– Tem razão. – suspirou Jake – Quando estávamos conversando a respeito de você frequentar a reserva, mesmo contrariado, Sam cedeu e acabou concordando quanto aleguei que você seria a única das pessoas com que um lobo teve imprinting a não frequentar La Push
– Você pegou o ponto exato: – olhei para Jake – Sam concordou a contragosto
– Mas isso não lhe dá o direito de te infernizar toda vez que você pisa na reserva – resmungou
– Eu não disse isso. – falei, voltando o olhar para frente – Ele só não pode esperar que eu aguente as provocações calada, pois eu não o farei
– Se você aguentasse calada, – ele sorriu antes de concluir a frase – não seria você
– É o meu jeitinho – brinquei
– É perfeito – falou. Jake olhou para mim e identifiquei um brilho bastante distinto em suas íris escuras.

   Não gostei do que vi, pois ali estavam os meus medos estampados. Eu conhecia o significado daquele brilho. Respirei fundo e desviei o olhar. Eu devia estar ficando paranóica depois da história de ontem, mas nem mesmo eu era criativa àquele ponto. Eu realmente precisaria ir com cuidado, pois estaria pisando em ovos até a conclusão disso tudo.

– Por que ficou calada de repente? – perguntou preocupado
– Ainda estou preocupada que Emily tenha ficado com medo de mim e o bom relacionamento que temos ir para o espaço – menti, apesar de aquela ser, sim, uma preocupação minha. Pelo menos até Seth me dizer que entregou minha carta a ela e que Emily disse eu não precisava me incomodar, pois ela entendia minha reação e que estava tudo bem
– Emily é durona. – disse Jake para me tranquilizar – E ela te adora. Jamais acharia que você disse aquilo como uma ameaça real. Ela sabe que foi para retrucar as provocações de Sam

   Suspirei aliviada por ele ter acreditado em mim. Pelo desaparecimento da tensão nos ombros de Jake, percebi que ele também relaxou, acreditando que havia tirado um peso de minhas costas. Ele respeitou meu momento de silêncio e eu aproveitei para fazer algo um tanto quanto questionável, mas eu precisava entender em que terreno eu estava. Li os pensamentos de Jake:

"Não suporto ver Nessie assim" – falou consigo mesmo – "Queria poder animá-la. Vou pensar em algo para tirar essa carinha triste" – ele me olhou de soslaio, mas mantive os olhos voltados para a janela, prestando atenção em sua expressão pela visão periférica no reflexo do vidro. Jake seguiu com seu monólogo interior, porém seus pensamentos seguiram por outra rota, ainda que imagens de meu rosto abatido ficassem retornando ao foco principal – "Como falo para ela? Nessie ainda é muito nova e eu não sei como vai encarar. Se vai entender" – Jake respirou fundo – "Depois eu penso nisso. Agora, a primeira coisa que preciso fazer quando chegar em casa, é pensar no dar a ela de natal." – a imagem do reflexo de meu rosto no vidro do carro veio em sua mente novamente.

Jake se viu entendendo a mão minha direção e pegando minha mão. E ele o fez. Entrelacei meus dedos nos seus, mas não tirei os olhos da estrada que passava pela lateral direita. Ele pensou nos membros de sua matilha e descobri que estava planejando fazer uma festa de Natal e convidar a todos. Reparei que Jake estava perdido em pensamentos e sorri discretamente para seu plano, então, como uma imagem panorâmica, os pensamentos dele mostraram dois ambientes e, só depois de um segundo percebi que se tratava de duas festas. No dia vinte e quatro, Jake via a si mesmo, Seth, Leah, Sue, Charlie, minha avó Renée, eu e minha família em nossa casa, comemorando o Natal. Já no dia vinte e cinco, ele estaria com sua matilha, na própria casa. No segundo cenário, eu não estava presente, mas não me importei, aquela comemoração era restrita à matilha Black e aos seus membros e familiares. Em outra imagem, Jake estava comigo à frente e ele se viu acariciando minha bochecha. Eu inclinei a cabeça em direção à mão que repousava em meu rosto e abri um sorriso suave. Meu coração se apertou ao perceber o que estava acontecendo com Jake e torcia para estar enganada. Sai da mente de Jacob, pois estava desconfortável de continuar vendo seus pensamentos. O silêncio se prolongou até que chegamos à minha casa.

Noite branca Where stories live. Discover now