6. Mudanças

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Depois do casamento de Ângela, ela e mamãe se reaproximaram. Durante sua viagem de lua de mel, Ângela, sempre que possível, mandava fotos dela e do marido e, também da Argentina, onde ficariam por três meses. Agora, mamãe acabara de receber uma foto de Ângela e Ben entrando na casa nova, depois de retornarem para Forks. Enquanto ela respondia a amiga, eu e Jake estávamos sentados no sofá. Ele assistia a um jogo de futebol americano na TV de led gigantesca da nossa sala e eu jogava xadrez na mesa de centro com Seth, que estava sentado no chão de frente para mim. Meu amigo havia melhorado muito no xadrez. Papai o ensinou a jogar porque eu amava e ele queria me derrotar em alguma coisa, palavras dele, não minhas. Mas isso acabou não acontecendo. Precisava deixar Seth ganhar de vez em quando, apenas para ele ficar feliz e se gabando de ter me vencido. Porém, às vezes, eu achava que ele sabia que eu permitia que ele ganhasse. Não que eu me importasse com isso.
Jogávamos desde que eu tinha um ano de idade e, desde então, Seth melhorou consideravelmente, tanto que, agora, eu já não precisava mais deixá-lo ganhar. Na verdade, tinha que me manter atenta, caso contrário ele, realmente, poderia me derrotar. Nesse momento, eu estava ponderando como roubar a rainha dele, sem sacrificar uma peça muito importante para o bispo de Seth. Terminei me decidindo que minha torre poderia ser sacrificada pelo bem maior e foi o que fiz. Só não contava que Seth iria roubá-la com o peão e não com o bispo, como eu havia planejado. Olhei para ele com os olhos semicerrados e rosnei. Seth, porque era Seth, sorriu de modo presunçoso e me mandou um beijinho. Com toda a minha maturidade de uma pré adolescente, mostrei-lhe a língua e meu melhor amigo se acabou de rir, me dando tempo para planejar outra armadilha para o bispo dele.
Estávamos quase no fim de nosso jogo, eu tinha apenas duas peças a mais que Seth e isso não significava muita coisa, já que ele ainda poderia virar e me vencer, quando a campainha tocou. Jake se levantou para atender, Seth e eu sequer nos movemos em nossos assentos, queríamos muito vencer aquela partida, porém mamãe já estava de prontidão para atender. Provavelmente tia Alice havia ligado para avisar que alguém iria nos visitar. Eu estava tentada a praticar meus poderes de telepatia para descobrir quem era, mas eu precisaria focar em minha mãe para que conseguisse ler seus pensamentos e minha atenção no jogo seria reduzida. Isso eu não faria, até porque a porta logo seria aberta. Papai estava certo de que eu conseguiria ler as mentes das outras pessoas sem a necessidade de me concentrar demais nelas e, para isso, tinha que praticar. Eu adorava os treinamentos de telepatia e de subir a abaixar meus escudos mentais. Ainda não sabíamos se eu conseguiria projetá-los, como mamãe fazia, isso viria com o tempo, dizia papai. Por enquanto, o "básico". E, somente o básico, me deixava com enxaqueca.
Mamãe abriu a porta no momento que eu faria minha jogada e a ouvi dizer "oi mamãe". Seth e eu, com uma breve troca de olhares, concordamos em dar uma pequena pausa em nosso jogo. Eu me levantei e fui para a sala de visitas de minha casa, pois era óbvio que eu teria que ter escutado a campainha, e vi minha avó Renée na porta, abraçando minha mãe. Fora a cor dos olhos, minha avó também tinha os mesmos cabelos castanhos de mamãe. Verdade fosse dita, minha mãe se parecia muito com ambos os pais, assim como eu em relação aos meus.

– É tão bom ver você – mamãe deu um beijo na bochecha de minha avó
– Como foi de viagem, Renée? – papai a abraçou também
– Foi ótima, muito obrigada. O avião quase não balançou – minha avó sorriu e covinhas aparecerem em suas bochechas. Achei muito fofo
– Como está sendo sem o Phil? – mamãe me contou que Phil era o segundo marido de minha avó e ele havia sofrido um acidente de carro, durante o período que mamãe estava grávida de mim, e faleceu após seis meses em coma. Papai me disse que isso havia sido dois dias depois de toda a confusão com os Volturi
– Ainda é estranho, mas já durmo a noite toda há dez meses e não preciso mais dos antidepressivos– minha avó sorriu vitoriosa
– Fico tão feliz com isso, mamãe – minha mãe apertou a mão de minha avó
– Isso é maravilhoso, Renée – o sorriso de papai era radiante
– Ainda vou continuar insistindo para vir morar aqui, perto de nós – mamãe fez uma expressão, não culpada, mas quase
– É sobre isso que vim conversar – vovó começou

Noite branca Onde histórias criam vida. Descubra agora