10. Penhasco

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Seth e eu atingimos a água juntos. Abaixo da superfície, ele nadou ao meu encontro e me empurrou, ou melhor, tentou, já que a água não permitia que ele conseguisse me deslocar muitos centímetros para trás. Retornei até ele e o afundei mais um pouco, mas Seth segurou meus braços e descemos juntos um metro. Ficamos nesse empurra-empurra até precisarmos de ar. Ou melhor, ele precisar respirar. Então emergimos.

– Não acredito que me jogou penhasco abaixo! – Seth sacudiu a cabeça para tirar o cabelo molhado que estava sobre os olhos

Apertei o polegar e o indicador sobre os olhos para tirar a água, então o encarei incrédula:

– Sério?
– Não! – ergui a sobrancelha – Não acredito que não imaginei que você faria isso. – então, expressando toda a sua indignação, Seth completou – Eu faria isso. Caramba, como não cogitei que você não faria o mesmo?
– Ingenuidade? – tentei ser útil

Mas, Seth não me achou tão prestativa assim. Ele lançou um jato de água com a mão em meu rosto, o qual eu respondi ao me lançar sobre ele para afunda-lo novamente. Logo, retornamos às gargalhadas, à nossa guerra, jogando água um no outro, mergulhando e puxando os pés, empurrando e nos perseguindo. Não sei quanto tempo ficamos li, rindo e nos divertindo. Sei apenas que não chegou a ser muito mais de uma hora, pois chegamos no penhasco às cinco e meia da tarde e agora começava a escurecer. Deduzi que passava alguns minutos da sete e a maré iria começar a subir em breve, já que, naquela noite, seria lua nova e, consequentemente, maré alta. Com uma troca de olhares e um vislumbre do céu que iniciava o seu degrade para azul marinho e que, em poucos minutos, se tornaria negro, Seth e eu começamos a nadar em direção à praia. Assim que pudemos ficar de pé, caminhamos sacudindo o melhor possível a água do corpo

– Tome um banho, pelo amor de Deus – falei para Seth enquanto torcia o cabelo
– Quem foi mesmo que me jogou na água? – ele se transformou e se sacudiu encima de mim
– Sério? – bati as mãos nas laterais das coxas
– Ninguém mandou me jogar dentro d'água. – Seth sorriu endiabrado – Agora aguenta – bufei e tampei o nariz com os dedos
– Vou ficar com o olfato seriamente prejudicado depois disso. – Seth revirou os olhos – Vou pegar minhas roupas. Dê um jeito de se secar, senão você vai ter que aprender a dirigir através do teto do carro porque, comigo lá dentro, você não entra.

   Sua resposta foi outra sacudida. Pelo menos, dessa vez, Seth estava na forma humana, então foi fácil fugir dos respingos. Mostrei a língua para ele e corri montanha a cima, aproveitando a velocidade, e algumas voltas a mais, para me secar. Peguei as peças que estavam amontoadas e desci, também correndo. Novamente na base da montanha, eu estava quase seca, Seth, por outro lado, continuava encharcado. Torci o nariz e caminhei até a porta do passageiro do Compass chumbo. Respirei fundo e prendi a respiração. Seria uma longa viagem de volta à casa de Jake, porém, me lembrei de que eu havia ido maquiada para La Push. Então, imediatamente, descartei a ideia de pedir para que fizéssemos uma parada na casa de Seth a fim de que eu pudesse pedir a Leah para que usasse as maquiagens dela. Eu estava fedendo a cachorro molhado e, ainda que eu retornasse para casa com a aparência que havia saído, a catinga não seria tão fácil de tirar. Tomaria três banhos naquela noite e Seth tomaria um murro. Que aconteceu no momento que ele entrou no carro.

– Ei!
– Isso é por ter se sacudido sobre mim. – cruzei os braços – Agora, acelere. Meu fôlego é muito maior que o de um ser humano, mas eu ainda preciso respirar.
– Acho que quero terminar de ver o pôr do sol – ele coçou o queixo. Ainda restava um pouco de meu fôlego para poder retrucar
– Pois fique aí, – desabotoei o cinto – que eu vou a pé para a casa de Jake
– Bota esse cinto de volta! – o motor roncou e estávamos a caminho para a casa de Jacob, do jeito que eu previra que aconteceria. Sorri, satisfeita

Noite branca Where stories live. Discover now