3. Amigos

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Acordei mais cedo naquele dia. Pelo relógio em minha mesa de cabeceira, eram sete horas da manhã, e, como era sábado, não teria que me levantar até as oito. Sabia que mamãe e papai tinham ciência de que eu estava acordada, mas nenhum dos dois viria até mim antes que eu saísse do quarto. Então, me levantei, fui até a minha escrivaninha, despluguei meu MacBook da tomada, me sentei novamente na cama para olhar as fotos de nossa viagem ao Rio e escolher a minha favorita para ser revelada e colocada em um porta-retratos. Já fazia uma semana que tínhamos retornado e eu ainda não havia escolhido uma foto. Decidi, então, que teria até as nove para encontrá-la. Haviam mais de cem fotos no álbum, mas, finalmente, encontrei uma. Laís tirara a foto para nós: eu estava sentada no ombro de papai e fazia chifrinhos no tio Emmett; tio Jasper olhava para cima e ria abertamente; tia Rosalie estava linda como sempre, parecia uma boneca de porcelana; tia Alice, com a mão na cintura do tio Jasper tentava fazê-lo olhar para frente, enquanto sorria para a câmera; mamãe, abraçada a papai, olhava para frente com um lindo sorriso; papai olhava para mamãe, com um sorriso de pura felicidade, enquanto uma de suas mãos amparava a minha coxa; vovô Carlisle olhava para mim, em dúvida se ria ou me repreendia (ele riu); vovó Esme, com um sorriso doce, também me olhava; e vô Charlie, olhava para a câmera, sorrindo com os lábios fechados. Olhei para o relógio e, muito satisfeita, percebi que eram oito e meia. Então, me levantei, fui ao banheiro, escovei os dentes, vesti uma calça jeans chumbo e uma camiseta vinho. Soltei os cabelos da trança que usava para dormir e desci para encontrar os meus pais.
   Eles estavam na cozinha e meu café da manhã já me esperava.

– Bom dia! – cumprimentei e dei um beijo na bochecha de cada um
– Bom dia – me responderam e também beijaram as minhas bochechas

   Me sentei na mesa e o meu prato, o único ali, já estava vazio a minha espera. Me servi de duas torradas e passei manteiga de amendoim e geleia de blueberry nelas. Enchi meu copo de leite gelado e me pus a comer. Depois das torradas, também comi um ovo mexido com duas fatias de bacon (eu amo bacon), e, dessa vez, tomei um copo de suco de laranja. Por último, me servi de uma fatia grossa do bolo de chocolate da vovó Esme. Assim que acabei o meu café da manhã, tirei o pendrive do bolso da minha calça e o entreguei a papai

– Encontrou a foto?
– Sim – e acenei com a cabeça para dar ênfase
– Depois de deixá-las na casa do seu avô, irei ao centro pedir para que seja revelada
– Está bem
– Terminou? – perguntou mamãe, que tinha os braços sobre a mesa e eu sabia que, se tia Alice visse isso, ela teria um ataque e achei que, exatamente por estarmos só nós três, minha mãe estava nessa posição
– Já sim – falei depois de dar o último gole no suco
– Nos ajuda a tirar a mesa? – perguntou ela

   Pulei do meu assento e já peguei a jarra de cristal que estava com o suco e a levei para a geladeira, enquanto ouvia mamãe e papai recolhendo os pratos e lavando a louça, respectivamente. Retornei para a mesa, fechei os potes de manteiga de amendoim e de geleia e também os guardei na geladeira. Depois, fui até a pia e peguei as louças que mamãe já havia secado, enquanto papai a entregava meu copo. Terminamos tudo em segundos e a cozinha de mármore estava quase brilhando.

– Tudo pronto! – anunciei

   Então, papai falou para mim, com a sobrancelha erguida:

– Vai pra casa do seu avô descalça?

  Olhei para os meus pés e balancei os dedos:

– Não – falei rindo
– Então por que não vai se calçar enquanto eu vou ligando o carro?
– Tudo bem

   Corri até o meu quarto e, dentro do closet, que tia Alice colocou quase do mesmo tamanho que o cômodo principal, fui até a área dos meus sapatos e peguei uma botinha preta de cano baixo e salto de dois centímetros. Desci em disparada pela escada, pois estava ansiosa para o dia na casa de meu vovô e, assim que cheguei no térreo, mamãe e papai já estavam no Aston Martin. Entrei no banco de trás, que ainda me cabia, e me inclinei no espaço entre os bancos dianteiros. Chegamos na casa de vovô em dez minutos. Papai, dessa vez, dirigiu devagar e eu sabia que era só para me atiçar, pois ele via a minha expressão pelo retrovisor, e eu sabia que estava torcendo a boca de ansiedade. Ele sorriu o caminho todo. Assim que estacionamos, tio Jasper, tio Emmett e tia Alice já me esperavam com um boné, um taco de alumínio e uma luva: eu teria a primeira aula de baseball. Deveria ter sido mais cedo, mas Jake falou tanto que eu era nova e pequena demais que meus tios acabaram cedendo, vencidos pelo cansaço, e adiaram as minhas lições.
Mas não mais. Eu já estava cinco centímetros mais alta que tia Alice, além de ter a aparência de uma criança de doze anos, então, como disse tio Emmett "aquele cachorro sarnento não vai mais encher a... o saco". Ainda tenho certeza que ele diria um palavrão, pois todos na sala o olharam feio, e ele mudou a frase no final. Ele nunca me disse o que era, mas eu ainda não tinha desistido, iria descobrir. Todos os três estavam com calça preta e camisa branca listrada de azul e quando cheguei saltitando até eles, tia Alice disse:

Noite branca حيث تعيش القصص. اكتشف الآن