Jacob

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Ness chegaria no dia seguinte e eu estava ansioso para vê-la. Ela não me deu muitas informações sobre o horário de chegada, pois estava em semana de provas e eu não queria atrapalhar seus estudos. Até porque, se fizesse, não duvidava que ela me transformaria em um tapete para colocar no chão de seu quarto. Na verdade, era mais provável que Edward o fizesse. Com o consentimento da filha. Mas eu estava contando os minutos para a sua chegada. Iria me declarar. Já havia repassado o que falaria para ela mil vezes em minha cabeça e também imaginara todos os cenários e respostas possíveis que ela poderia dar e como a conversa poderia se desenrolar. Eu precisava admitir que não sabia se ela correspondia aos meus sentimentos, apenas poderia torcer para que sim.

"Pelo amor de Deus," ralhou Leah "se concentre!"
"Desculpe." falei "Estou nervoso"
"Notei." ela me olhou de forma raivosa. Como era a segunda no comando de minha matilha, eu já havia aprendido a ler todas as expressões de Leah. Fosse na forma humana ou, como agora, na forma lupina "Se continuar assim, vou fazer as buscas como humana"
"Vai demorar o dobro do tempo" argumentei
"Pode até ser, mas, pelo menos, poderei me concentrar em minha tarefa"
"Desculpe"
"Pense em outra coisa" sugeriu
"Como o quê?"
"Sei lá." ela ficou em silêncio por um tempo "Está reformando algum carro ou moto?"
"Não no momento"
"Então vou te entregar o meu carro para você olhar o que está fazendo um barulho estranho"
"Como é o barulho?" ela realmente conseguira desviar minha atenção

Então, Leah me mostrou o som

"Acho que pode ser um parafuso solto." ponderei "Mas vou até sua casa dar uma olhada"
"Obrig..."

Ela se interrompeu e nós dois ficamos em silêncio. Parecia que alguém estava ali. Não fazia muita questão de ser silencioso, mas também não era barulhento a ponto de se deletar para ouvidos mortais. Trocamos um breve olhar que disse tudo o que poderíamos colocar em palavras e nos separamos. Algo que me agradava bastante em trabalhar com Leah era a sincronia que tínhamos. Muitas vezes, palavras eram completamente dispensáveis. Era estranho, mas bastava um olhar que entendíamos o que o outro queria dizer. Isso era espacialmente bom em momentos que precisávamos ser mais silenciosos, como agora. Eu sabia onde ela estava, podia ver a paisagem passando por seus olhos. Assim como sabia que ela tinha pelo conhecimento de meus paradeiro. Pelos meus cálculos, estávamos andando de forma paralela, para cercar o novato e, ao mesmo tempo, não assusta-lo. O menino já devia estar com medo o bastante para que acrescentássemos mais duas pessoas à sua lista.
Porém, parecia que Sam não pensava dessa forma. O enorme lobo negro surgiu na frente do menino, que não deveria ter mais do que quatorze anos, e ele recuou. Apenas para quase dar um encontrão com Jared. O lobo de pelagem rala marrom com areia se encolheu. Rabo e orelhas para baixo.
Sem pensar duas vezes, me transforme e peguei a bolsa que deixara naquela região ontem a noite. Como o menino estava sumido há dois dias, as duas matilhas estavam a sua procura. Ele fora bom em esconder seus rastros por um tempo, mas ninguém era impossível se ser rastreado. Bastava que quem o procurava tivesse paciência. Vesti as roupas que estavam ali dentro e sai para a pequena clareira.

– Ei! – três cabeçorras se viraram em minha direção – Viemos te ajudar. – falei, com as mãos erguidas, para que o menino visse que eu não era uma ameaça – George, seu nome é George, não é?! – o lobo rajado de marrom e areia balançou a cabeça em afirmação – Estávamos a sua procura. Sua mãe estava preocupada. – o lobo emitiu um ganido – Ela está bem e quer que você volte para casa. – ao se transformar, George arranhara a mãe e deixara o pai assustado. O arranhou, apesar de grande, não fora grave. O pai do menino levou a esposa ao hospital, onde a lesão fora suturada, e quando chegaram em casa, descobriram que o filho não estava mais lá. Para o seu grande pânico – Seu pai pediu que o procurássemos é que disséssemos que eles só o querem de volta em casa. Eles sabem que a culpa não foi sua. Eu também sei. Foi só um acidente. Vamos voltar. Estou aqui para te ajudar. O Sam também. – maldita hora que o lobo negro resolveu espirrar para concordar comigo. O menino, que estava se acalmando, voltou a se encolher de medo – Ele é grande, eu sei. Mas você também é. Não precisa ter medo, George. Todos nós também passamos por isso e sabemos como pode ser assustador, mas estamos aqui com você e não precisa passar por essa barra sozinho. Vamos. Venha ver seus pais. Eles estão preocupados com você. Eu te dou meu número assim que chegarmos lá e você pode me ligar sempre que quiser. Mesmo que decida ir para a matilha de Sam, pode contar comigo. Mas não fique aqui. Não se esconda. Seus pais sentem sua falta. Volte conosco. Leah, – chamei. Era melhor que ele a visse de uma vez, ao invés de dar de cara com mais um lobo do nada. O lobo cinzento veio para o meu lado, surgindo o mesmo ponto que eu. Sempre me impressionei com a capacidade de Leah em ser silenciosa. Ela parecia um fantasma se movendo. Pela surpresa de Sam e Jared, eles também não sabiam de sua presença ali. – Esta é Leah. Ela é minha amiga. – diferentemente de Sam, Leah abaixou a cabeça ao cumprimentar George e isso não o assustou – Se você deixar, nós quatro te acompanharemos até a sua casa. Você deixa?

Noite branca Where stories live. Discover now