12. Uma surpresa maravilhosa

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Meu aniversário chegou e, como o de mamãe era doze dias após o meu, ela insistiu para que fizéssemos uma comemoração só. Lembro-me do suplício que fora para tia Alice convencê-la a comemorar em meus primeiros anos de vida, já que, para minha mãe, o fato de ela não envelhecer mais, tornava irrelevante se comemorar o aniversário dela. Porém, eu, talvez, tenha sugerido que após o meu sétimo aniversário seria bom pararmos também de comemorar o meu e, como eu sabia que meu nascimento seria comemorado pelo resto da eternidade, mamãe bufou e cedeu. Então, aquele seria o segundo ano que comemoraríamos o aniversário de mamãe e tia Alice estava em polvorosa. Naquela manhã em particular, principalmente. Minha tia estava terminando de decorar a área externa da casa de vovô e eu, claro, a estava ajudando.

– Ness, querida, me passe o voil, por favor – tia Alice estava no topo da escada que tio Jasper amparava e, como ela estava olhando seu trabalho, não olhou para mim, portanto, não viu a interrogação que, certamente, estava estampada em meu rosto
– O... o quê? – agora minha tia abaixara os olhos para mim e viu minhas sobrancelhas franzidas, evidenciando minha confusão
– O tecido perolado transparente e de brilho acetinado – tia Alice sorriu com doçura, pois era óbvio que ela estava tão absorta em seu trabalho que havia se esquecido que eu, por mais que estivesse ajudando-a durante todo o dia, não sabia o nome de absolutamente nada. Apesar de, alguns, eu ter decorado, como era o caso do tecido que seria colocado nas mesas. Ou melhor, eu esperava ter decorado qual era.
   Andei até o emaranhado ainda existente de tecidos e comecei a folhea-los até encontrar o perolado transparente que minha tia pedira. Levei até ela e me empoleirei nos três primeiros degraus da escada para que ela pudesse tirá-lo de minhas mãos. Tia Alice pendurou o tecido no galho de uma árvore e saltou até a escada que tio Emmet segurava, pendurando a outra extremidade da peça na grade da varanda. Ela desceu e examinou seu trabalho. Estava lindo. Toda a decoração havia sido feita em panos azul marinho e pérola, meus tons favoritos, que foram dispostos por toda a área externa da casa de vovô, formando, em alguns pontos, cortinas que desciam até o chão retas ou torcidas no centro ou ainda simplesmente arcos acima e ao redor de onde estavam dispostas as mesas e a pista de dança. Para completar e, na minha opinião, deixar o ambiente ainda mais lindo, luzes de LED, como as de árvore de natal, foram colocadas seguindo os padrões dos panos e iluminariam o ambiente, assim que anoitecesse e a festa começasse.

– Muito bem, – tia Alice bateu palmas, satisfeita com seu trabalho – agora as mesas
– Os arranjos de flores acabaram de chegar – anunciou tia Rosalie, caminhando em nossa direção
– Perfeito! – tia Alice deu um saltinho
– Emmet, – chamou tia Rosalie – me ajude a trazê-los para cá?
– Sim, senhora! – meu tio bateu continência e sua esposa revirou os olhos. Então, os dois saíram e diversos arranjos de flores, desde enfeites de mesa até gigantescos vasos, foram surgindo no patamar da varanda inferior.
– Ness, – tia Alice chamou minha atenção e desviei os olhos das rosas vermelhas e laranjas para o lindo rosto de minha tia – me ajude a colocar as toalhas nas mesas. – acenei em concordância – Pegue os jacquards azuis primeiro
– Aqueles com arabescos, certo?
– Eles mesmos! – sorri satisfeita por, realmente, ter decorado o nome de, ao menos, um dos três tecidos que foram usados na decoração

Mais uma vez no emaranhado de panos, percebi que só haviam os jacquards, os quais eu acabara de descobrir, realmente, seriam as toalhas de mesa. Separei os azuis dos prateados, empilhando os requeridos por tia Alice em meus braços. E logo percebi que era uma ideia estúpida, pois eram muitos tecidos e eles começaram a deslizar em direção ao chão, assim que eu pus o terceiro, dos cinco azuis, na pilha em meus braços. Para completar o meu desespero, os quatro tecidos prateados começaram a escorregar, pois eu, inteligentemente, havia puxado, exatamente, aquele que amparava os demais encima da mesa. Antes que eu tivesse a oportunidade de começar um desajeitado malabarismo com os tecidos, a fim de evitar um desastre, que eu provavelmente não conseguiria evitar, tio Jasper apareceu e pegou os tecidos antes que eles atingissem o chão e me deu tempo de organizar os três que estavam em meu braço direito.

Noite branca Where stories live. Discover now