4. Livraria

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– Eu queria sair de lá – respondi encolhendo os ombros
– Você tem ideia do susto que me deu? – ralhou Seth
– Sinto muito. – e sentia mesmo. – Não tinha muito tempo para mandar uma mensagem...
– Você tem supervelocidade. – ele me interrompeu exasperado – Não poderia, simplesmente, ter digitado super rápido uma mensagem?
– Eu estava em pânico! – mas sabia que ele tinha razão. Eu realmente poderia ter digitado tudo o que acontecera em poucos segundos
– E por que mandou mensagem para mim? – perguntou Seth surpreso – Podia ter mandado a mensagem para o Jake
– Jacob estava ocupado. – e ele sabia disso, ainda que, sim, eu poderia ter recorrido a Jake. Mas tal hipótese nem passou por minha cabeça – Além do mais, você é o meu melhor amigo. Para quem mais eu mandaria mensagem para me tirar de uma situação desagradável?
Touché. – ele deu de ombros – Mas ainda acho que deveria ter avisado ao Jake

Revirei os olhos. Mas não argumentei mais. Sabia que, por minha ligação com Jacob, esperava-se que eu sempre procurasse por ele quando precisasse. Porém, eu não via dessa forma, havia mais pessoas para quem eu poderia ligar. Jake era como um irmão mais velho para mim, mas Seth era o meu melhor amigo e, assim que pensei em fazer qualquer coisa que não exigisse minha presença em casa, não pensei em Jacob, o nome de Seth instantaneamente me veio à mente.

– Você está bravo? – por que eu sabia que aquele silêncio não era característico dele
– Não. – respondeu com a voz suave – Só não achei que você chamaria a mim ao invés do Jake
– Desculpe – não sei porque me desculpei, mas pareceu a coisa certa a se fazer
– Não precisa se desculpar, tampinha – ele soltou o volante e bagunçou meus cabelos, que se tornaram um emaranhado de fios de bronze
– Ei!!! – dei-lhe um tapa no braço

Seth riu e aumentou o volume do rádio, pois tanto eu quanto ele amávamos ouvir música no último volume. Jake sempre argumentava que ficaríamos surdos, mas nunca obedecíamos. Enquanto acelerávamos pelas ruas de Forks em direção ao centro, Seth abaixou o volume para que não tivesse que gritar:

– Por que quis sair? – eu sabia que ele iria querer mais detalhes do que o "não gostei desse povo e quero me livrar deles" que lhe ofereceria
– Mamãe recebeu visitas hoje – peguei uma mecha de cabelo e fiquei enrolando-a no dedo indicador
– E desde quando se tornou antissocial, tampinha? – ele riu
– Desde que duas das visitas em questão me chamaram de criança dos infernos e pirralha petulante em menos de uma hora. – soltei o cabelo e cruzei os braços – Não ria! – ralhei e Seth gargalhou ainda mais
– Ness, você sabe que é um doce de criança, não é? – Seth tirou os olhos da rua à frente e me olhou com a sobrancelha erguida – Mas quando faz questão de não ser...
– É claro que eu sei. – até porque eu me conhecia muito bem – Estava adorando fazer as tais de Jessica e Lauren se descabelarem. Mas eu quis sair de lá porque elas não gostam da minha mãe e queriam denegri-la. E eu não gostei! Mas não podia fazer nada porque mamãe ficaria chateada. Então pensei em sair. Isso não tem nada a ver comigo
– Espera aí, – ele coçou a cabeça – elas te chamaram de criança dos infernos na frente dos seus pais e você acha mesmo que Bella não saberia que essas mulheres não são pessoas agradáveis?
– Aí é que está! Elas não me chamaram de criança dos infernos em voz alta – argumentei
– Então, como...
– As duas pensaram isso. – expliquei – E também pensaram muitas coisas ruins da mamãe
– Você consegue ler pensamentos também? – ele estava espantado e admirado
– Parece que sim. – respondi e encolhi os ombros– Mas não sei como e também não é o tempo todo. Agora mesmo eu não consigo escutar os seus pensamentos e quanto o outro, suposto, amigo de mamãe pensou coisas muito feias eu consegui bloquear
– Muito feias quanto? – Seth sempre era curioso. Às vezes mais até do que eu. Mas, desta vez, sua voz demonstrava uma certa preocupação que não era comum
– Feias. Não sei explicar, sou criança. – respondi. Não lhe mostrei nada para que Seth mantivesse o foco nas ruas de Forks – Sei que um dos homens, Mike, tem ciúme do papai, mas quando ele começou a imaginar a mamãe de biquíni, eu consegui bloquear. – Seth tossiu, pálido como um defunto, nessa última parte – E não sei como. Pela primeira vez, também, papai pode ler meus pensamentos sem que eu os tivesse mostrado a ele e depois não conseguiu mais
– Humm... – disse pensativo, claramente focando a atenção em outra coisa para esquecer as imagens que eu havia lhe contado
– O quê? – perguntei
– Você, tampinha, descobriu mais poderes – Seth me deu um peteleco no nariz
– É estranho – admiti
– Por quê? – ele uniu as sobrancelhas
– Porque é. – eu não tinha uma resposta muito melhor que isso, então preferi explicar – Os meus podres são instintivos pra mim. Esses eu não entendo
– Sua família vai te ajudar, tampinha. – ele deu sorriso encorajador para mim, mesmo estando olhando para os lados enquanto entrávamos em um cruzamento – Para onde?
– Onde revela foto – respondi. Tinha me esquecido o nome do lugar
– Ok. Além do mais, Jake, Leah e eu estamos a disposição para ajudar – agora ele olhou em minha direção
– Obrigada – sorri
– Não há de quê – Seth piscou um olho para mim

Noite branca Where stories live. Discover now