5 - Eu vou destruí-los!

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Foram alguns dias depois da briga de Yuji contra a Moebius. Ele estava sentado no sofá de sua sala, o filhote, Fenrir, dormindo em seu colo. Os olhos do garoto estavam fixos na tela da televisão, a notícia de que uma família havia sido assassinada depois do envolvimento de seu filho mais velho em uma briga contra uma gangue. Yuji, ao descobrir isso, não pôde deixar de sentir seus sentimentos perturbados. Mesmo depois dele salvar o garoto e sua namorada das mãos da Moebius, uma tragédia ainda pior acabou ocorrendo, e pelas notícias, o menino estava hospitalizado quando tudo aconteceu.

Yuji não pôde deixar de sentir um inútil. Para o garoto, que tinha consciência do que aconteceria no futuro, ser incapaz de impedir um crime como esse era inaceitável. Claro, ele não era responsável pelo o que acontecia com estranhos, mas se ele recebeu uma nova chance na vida, ele não deveria utilizar esta benção para seu próprio egoísmo. 

Sua vida nunca foi um passeio no parque, mas para este garoto, sabendo que aqueles que quase estupraram sua namorada, ceifaram a vida de seus pais e irmãos, Yuji não podia imaginar seu desespero.

O garoto sentiu seu sangue ferver, ódio estampado em suas feições enquanto ele cuidadosamente colocou o filhote ao lado e levantou-se. 

O garoto vestia uma camisa branca sem estampa e um short, junto de uma chinela nos pés. Tendo familiares da américa do sul em sua antiga vida, se vestir assim se tornou cotidiano quando viajava para visitá-los.

Ele caminhou até a porta de sua casa e saiu, não esquecendo de trancá-la

'Vou visitar aquele garoto no hospital, no caminho posso procurar um emprego de meio período, até porque não posso pedir a minha tia para pagar a ração do Fenrir.' Yuji pensou, seu sangue fervendo e seus punhos loucos para acertar algo, a frustração de si mesmo o deixando tenso e o ódio contra a Moebius, principalmente contra Kisaki, aumentando a cada segundo.

'Quando eu encontrar aquele desgraçado cara a cara, com certeza vou espancá-lo.' Ele respirou fundo, afim de acalmar seus pensamentos. Ele não pode deixar esses sentimentos sobreporem sua razão, Deus sabe o que aconteceu da última vez, e não foi uma cena agradável.

Se acalmando, Yuji demorou cerca de uma hora para chegar ao hospital. Ele não podia pagar um taxi, já que não queria gastar o dinheiro que sua tia lhe deu.

Ao entrar no hospital, prestes a pedir informação, percebeu que nem mesmo sabia o nome do garoto daquela noite e parou de ouvir a notícia quando os nomes eram mencionados. As pessoas achariam estranho alguém vindo visitar uma pessoa que nem mesmo sabe o nome, então, apesar do hospital ser enorme, ele decidiu sair a procura do quarto em que o garoto estava.

'Eu sou um idiota.' Yuji pensou, uma risada cansada escapando de seus lábios enquanto ele andava pelos corredores.

Vários minutos se passaram, o garoto se sentando em um banco no corredor após procurar por dezenas de salas. Havia tantas pessoas internadas por brigas que Yuji se sentiu espantado. Bom, as pessoas deste mundo não medem esforços quando o assunto é violência, afinal.

Yuji parou para pensar sobre sua situação. Ele poderia caçar Kisaki e acabar com isso de uma vez, além de não esperar por isso, ele não poderia fazer muita coisa caso Yuji estivesse disposto a matá-lo. Mas para a felicidade de Kisaki, Yuji não era alguém que mataria alguém. 

Mas obviamente, há situações que requerem decisões drásticas, e Yuji não pensaria muito em uma situação dessas.

Ele respirou fundo e levantou, prestes a voltar a sua procura. O que ele não esperava é ver uma porta se abrir, dois adolescentes saindo de um quarto ao lado de onde ele estava sentado. Um era loiro e robusto, o outro era alto e tinha um corte social. O garoto imediatamente os reconheceu como membros da Toman que foram apresentados no anime, mas Yuji se viu incapaz de lembrar seus nomes.

Os dois tinham expressões sérias enquanto passavam por ele. Yuji não tentou nada, até porque não fazia sentido abordá-los, mas agora que ele havia visto os dois saindo de um quarto, ele só poderia deduzir que lá estava o que ele tanto procurava.

. . .

Entrando na sala, Yuji imediatamente percebeu um garoto com várias ataduras espalhadas pelo corpo deitado na cama. O mesmo pareceu perceber a entrada de alguém e com nítida dificuldade, virou a cabeça para a porta. Ele arregalou os olhos ao ver aquele que salvou ele e sua namorada das garras da Moebius.

O silêncio pairou no ar, e Yuji se sentindo estranho, decidiu iniciar a conversa.

"Ei, se recuperando bem, pelo que vejo." Ele se aproximou, sentando em um banco ao lado da cama do rapaz. "Pelo que ouvi dos noticiários, sua namorada saiu com feridas leves, isso é bom."

Yuji analisou o garoto, principalmente os seus olhos, desprovidos de qualquer chama de esperança que um adolescente deveria ter. Ele se preocupou, mas esse sentimento diminuiu ao ver um pequeno brilho acender em seu olhar quando sua namorada foi mencionada. Isso significa que o garoto ainda tem algo que o mantém neste mundo.

"Tudo graças a você. Eu não sei o que poderia ter acontecido se..."

"Não pense nisso, isso não importa." Yuji foi rápido em interrompê-lo de continuar. Ele não deveria pensar no que poderia ter acontecido, não quando ele e sua namorada estavam a salvo.

"Sim, você tem razão." O garoto apoiou a cabeça no travesseiro e encarou o teto com um olhar distante.

Vendo isso, Yuji decidiu que era hora de trazer o assunto que o fez visitá-lo. Em uma decisão como essa, ele queria que o garoto que mais sofreu na mão da Moebius soubesse o que ele estava prestes a iniciar.

O silêncio reverberou pelo local por alguns segundos, Yuji respirando fundo e cortando o silêncio como uma faca com suas palavras.

"Eu vou destruir a Moebius."

O garoto, ao processar essas palavras, arregala os olhos e encara Yuji com espanto. Destruir a Moebius? Sozinho? Mesmo depois de vê-lo enfrentando um grupo inteiro, o garoto não acreditava que Yuji seria capaz de vencer Osanai junto de sua gangue.

"Você, como aquele que mais sofreu na mão desses animais, precisa saber disso." Disse Yuji, um olhar determinado enquanto ele se levantava. "Vou destruí-los e fazê-los pagar pelo que fizeram com você."

Ele caminhou lentamente até a porta, parando em frente da mesma para continuar.

"Meu nome é Yuji Shinakawa e vou cumprir com o que estou dizendo."

O garoto sentiu lágrimas se formarem em seus olhos, ele observando aquele adolescente afirmando algo tão louco, com uma expressão que não demonstrava um rastro de medo sequer. Era como se sua mente e seu corpo acreditassem no que ele estava dizendo, e isso emocionou o garoto hospitalizado, incapaz de conter o choro.

"Espere pelas notícias, eu vou vingar sua família por você."

. . .

Dois dias depois.

Procurar informações neste mundo não era tão difícil como parece, Yuji descobriu isso facilmente. Bastou apenas espancar alguns membros da Moebius para saber o lugar em que ele estavam instalados, e como esperado, um armazém abandonado em Shinjuku foi a resposta.

Em frente do armazém, o garoto já foi capaz de escutar as várias vozes vindo do local, indicando que estava cheio.

Nestes dois dias, Yuji treinou como nunca, levando seu corpo a exaustão pelo menos duas vezes no mesmo dia. Isso se demonstrou eficaz, quando neste meio tempo, seus socos aumentaram em potência significativamente. Ele sentia que poderia enfrentar dezenas de pessoas, e considerando suas habilidades e físico, isso estava longe de ser uma mentira.

"Kisaki, se você estiver aqui..." Ele falou e estalou os dedos, um olhar intenso encarando o armazém como se fosse um leão entrando em uma toca de hienas, em busca de seu filhote. 

"Você vai ser espancado até que se torne irreconhecível."



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