CAPÍTULO_1

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O engenheiro andava pelo canteiro de obras observando atentamente o trabalho que os pedreiros faziam. Sob o seu comando estavam mais de cem homens e ele os olhava de modo distante, com um ar de superioridade. Aqueles trabalhadores já conheciam a fama daquele homem que se vestia com muita sofisticação e mantinha sempre um ar arrogante. No geral, ele fazia a inspeção calado, porém, quando precisava, ele se dirigia a um dos mestres de obra e, num tom de voz seco, lançava questionamentos e repreensões. Por mais que fizessem um trabalho impecável, os trabalhadores nunca recebiam elogios dele. O engenheiro Marco sentia prazer em fazer críticas e reclamações.

Quando ele ia embora, os pedreiros relaxavam e colocavam para fora toda a antipatia que sentiam por ele. Faziam gestos obscenos e o chamavam de viadão, maricona e gayzão. Não era segredo para ninguém que Marco gostava de rapazes e, no meio daqueles homens, havia sempre um que ameaçava meter a vara no cu dele, enquanto lhe daria uns bons sopapos na cara. Outro pedreiro dizia que ainda iria colocar o engenheiro para mamar sua rola, até ele se engasgar, de tanto leite que receberia na garganta. E outro trabalhador dizia que aquela bunda atrevida merecia levar muitas chibatadas, além de muita vara no cu.

Um ensaio da camgirl Aurora
Falando essas coisas, todos davam gargalhadas, como se estivessem se vingando do engenheiro. Porém, na frente dele, os trabalhadores adotavam uma postura de respeito, como mandava a ética profissional e o amor ao emprego. E Marco também não demonstrava nenhum interesse por aqueles homens, o que deixava alguns deles frustrados, porque havia um ou outro que desejavam desfrutar do corpo bem cuidado daquele homem muito limpo e perfumado.

Naquele fim de tarde, Marco parou ao lado de um rapaz que empilhava alguns blocos de cimento e ficou observando o seu trabalho. O jovem tinha um corpo atlético, usava um macacão de tecido grosso e seu rosto brilhava de suor. O olhar do engenheiro sobre seu corpo o deixava incomodado, mas o jovem fazia seu serviço em silêncio, louco para chegar a hora de ir para casa. Não era a primeira vez que aquele doutor parava ao lado dele, procurando algo para implicar. . O rapaz não entendia por que havia se tornado o alvo daquele homem.

Quando o rapaz levantou a cabeça, o homem o encarou e ele, muito atrevido, sustentou o olhar como se perguntasse o que ele desejava. Marco apontou para alguns blocos, disse que não estavam posicionados corretamente e mandou que o garoto arrumasse melhor.

Sentindo-se humilhado, ele cumpriu a ordem, morrendo de vontade de dar um murro naquele cara, mas só pôde mesmo engolir alguns xingamentos que vieram à sua mente.

— Vai se fuder, filho da puta! Viado! Chupa rola! Arrombado!

Quando considerou que o material estava como ele queria, o engenheiro seguiu seu caminho, e todos se sentiram aliviados quando o viram ligar o carro e dar a partida. Provavelmente ele só estaria de volta dali a alguns dias.

Ao fim do dia, todos começaram a se arrumar para ir embora. O rapaz que Marco havia humilhado tirou o macacão ali mesmo, vestiu uma velha bermuda jeans e uma camiseta regatas, montou na bicicleta e, sem falar com ninguém, começou a pedalar, rumo à periferia da cidade, onde morava sozinho numa pequena casa. Enquanto fazia seu percurso, ele procurava esquecer aquela situação com o engenheiro, e pensava em seus próprios assuntos.

Pedalando pelas ruas da cidade, ele chamava a atenção das pessoas por ser um rapaz bonito, dono de um corpo musculoso, moldado naturalmente nos serviços pesados que fazia desde que ainda era muito novo. Graças à vida dura que levava, aquele rapaz adquiriu uma figura máscula, rude e, por isso mesmo, muito atraente. Seus olhos escuros captavam tudo ao seu redor e ele esboçava um sorriso humilde, embora fosse um homem decidido e atrevido, quando era necessário. Ao chegar ao seu destino, antes mesmo de abrir o portão, sua vizinha, que também era a dona da casa em que ele morava, fez a cobrança:

 COINCIDÊNCIAS DO DESTINOWhere stories live. Discover now