CAPÍTULO_12

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Quando o carro entrou na rua em que a tia morava, Alan sentiu uma nova emoção ao olhar para aquele lugar onde viveu grande parte de sua vida. Na frente de sua casa, Marta convidou os rapazes para entrar e tomar um café, mas o sobrinho recusou.

— Precisa não, tia Marta. Eu e Marco só viemos mesmo deixar a senhora aqui. Nós ainda temos algumas coisas pra fazer.

Um ensaio da camgirl Aurora
Sem dizer nada, a tia se preparou para descer do carro, mas Marco olhou para o namorado e falou:

— Realmente, Alan, nós temos muitas coisas para fazer, mas elas podem esperar um pouco. Dona Marta, se não for incômodo, eu gostaria muito de tomar o seu café.

— Não é incômodo algum. Eu faço rápido, para não atrasar vocês.

Alan não falou nada, mas reconheceu que Marco agiu bem em não permitir que ele voltasse sem entrar em sua antiga moradia, como se estivesse negando suas origens. Acompanhando a tia, ele e o namorado entraram na casa e foram recebidos pelo olhar intrigado de um homem que estava deitado no sofá. Vindo de lá de dentro, surgiu um rapaz que parecia não acreditar no que estava vendo.

— Alan! É você mesmo? Cara! Você está muito diferente!

— Sou eu mesmo, Marcel. Tudo bem com você? — enquanto falavam, cada um dos primos observava o quanto o outro havia mudado durante aqueles quase sete anos em que não se viam.

Marcel já estava com vinte e nove anos, não era mais o adolescente com quem Alan tinha várias brigas, por qualquer motivo; agora ele era um homem casado, prestes a ser pai. Com um sorriso no rosto, ele estendeu a mão para o primo e o puxou para um desajeitado abraço. Marco ficou observando aquela cena e se lembrou de que o namorado nunca lhe falou nada sobre aquele rapaz.

— Olha pra isso, pai! O Alan mudou demais! Está parecendo até rico! Dá pra acreditar que esse é o moleque que vivia aqui com a gente? — falou Marcel, depois do abraço.

Mesmo se sentindo desconfortável, Alan olhou para o homem deitado no sofá, estendeu a mão na sua direção e o cumprimentou. Já sentado, Celso pegou na mão dele e disse apenas:

— É, mudou mesmo… Boa noite.

Aquela era a primeira vez que os dois se davam as mãos e Alan se sentiu constrangido com esse contato. Por mais que não gostasse daquele homem, ele não podia deixar de reconhecer que, mesmo de má vontade, Celso havia lhe sustentado durante uma boa parte de sua vida. Olhando agora para ele, o garoto percebeu que seu olhar estava apagado e sua pele tinha um tom amarelado, por causa da doença no fígado. Antes Alan sentia raiva dele, mas agora sentia pena também.

Marco se mantinha ao lado do namorado, observando o ambiente simples em que ele foi criado. O filho e o marido de Marta olhavam curiosos para ele e ela tomou a iniciativa de fazer as apresentações:

— Doutor Marco, esse é o Celso, meu marido. E esse é o meu filho Marcel. Pessoal, esse é o namorado do Alan. Eles já estão de casamento marcado.

Alan ficou surpreso com a segurança da tia para falar aquilo. Marcel cumprimentou Marco e, sem pensar direito, falou tudo o que veio à sua mente.

— Alan! Bem que eu desconfiava de você! Vai casar com outro cara! Rapaz!!!

— Marcel, não fala assim com seu primo e com o namorado dele — Marta tentou controlar o filho.

— Está tudo bem, tia. O Marcel vivia mesmo me chamando de viadinho… Mas isso não é problema pra mim e pra Marco. Aliás, eu quero que você também vá ao meu casamento, Marcel.

— Cara, desculpa. A gente era novo, perturbava muito um com o outro. Você também vivia me mandando tomar naquele lugar quando a gente brigava! Era uma comédia!

 COINCIDÊNCIAS DO DESTINOWhere stories live. Discover now