CAPÍTULO_5

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Cada um em seu mundo, Alan e Marco tiveram uma semana de muito trabalho e quase não se viram. O engenheiro só esteve na obra duas vezes, mas precisou ser rápido e evitou conversar com o namorado ali, para não atrair a atenção dos peões. Mesmo assim, eles davam um jeito de trocar disfarçadamente algumas palavras e até se divertiam com aquela situação. Enquanto o rapaz enchia alguns baldes com uma mangueira, o engenheiro se aproximou dele e o repreendeu:

— Cuidado, moço! Se essa água respingar naqueles sacos de cimento, vai estragar tudo! Não é assim que se trabalha.

Um ensaio da camgirl Aurora
Alguns peões perceberam aquilo e lamentaram que o rapaz continuasse a ser o alvo daquelas implicâncias. O mestre de obras achou estranho que, depois daquele dia em que viu os dois conversando como se tivessem intimidade, o engenheiro voltasse a tratar o rapaz daquele jeito.

Alan levantou o olhar, apertou a mangueira de um jeito bem sugestivo, e resmungou:

— Sim, senhor.

Marco teve vontade de rir, mas disfarçou e falou baixinho:

— À noite, ligarei para você.

Alan nunca poderia ter imaginado que um dia iria se divertir com as repreensões do engenheiro. Na verdade, Marco se preocupava mais com o rapaz do que consigo mesmo, porque ele não queria que Alan se tornasse alvo de brincadeiras de mau gosto por parte dos colegas. Ele sabia que, como o garoto era muito esquentado, poderia arranjar confusão com alguns daqueles homens.

Marco não se preocupava com o que as pessoas pensavam sobre ele próprio. Naquela fase de sua vida, ele já tinha segurança e liberdade para não precisar se esconder de ninguém e até se divertia com a forma como aqueles homens o olhavam. Para eles, deveria ser curioso estar sob o comando de um homem assumidamente gay. Apesar disso, os peões reconheciam sua competência como engenheiro, cada um fazia seu trabalho e no fim das contas, tudo dava certo.

***

Todas as noites, cada um em sua casa, Alan e Marco conversavam por muito tempo através do celular. Depois de um longo dia de trabalho, era muito bom ter aquele momento para relaxar e conversar sobre seus assuntos. Em cada história, em cada detalhe revelado, um ia conhecendo melhor o outro, e o namoro ia se fortalecendo. Alan se sentia orgulhoso por fazer parte do mundo daquele homem admirado por muitas pessoas e Marco se sentia orgulhoso por ter entrado no mundo daquele rapaz que tinha uma história de vida muito diferente da sua. O engenheiro admirava a força do namorado para enfrentar a vida e se perguntava se, no lugar dele, teria conseguido resistir a tantas provações.

Naquela noite, Marco falou sobre alguns problemas do seu trabalho e comentou sobre alguns planos que ele estava traçando para os dois. O rapaz ouviu com atenção e ficou pensando se ele teria condições de participar daquelas coisas. Depois, ele contou alguns episódios engraçados ocorridos na obra, comentou sobre filmes e séries que havia assistido e revelou estar se sentindo todo quebrado, de tanto peso que carregou durante o dia.

Quando ele se calou, Marco estranhou.

— Alan? Você ainda está aí? Por que você se calou? Eu estou aqui. Fale mais.

— Ah, Marco, eu falo muita besteira!

— Alan, escute. Eu sei que você acha que seus assuntos não têm importância para mim, mas eles têm sim. Você é importante para mim. Cara, nós estamos no começo do namoro, a gente precisa mesmo conversar, para se conhecer melhor. Veja meu lado, eu não tenho medo de falar de mim, mesmo que você ache meus assuntos chatos. É tão boa essa nossa troca!

Para Alan, ainda era estranho ter alguém que falava assim com ele.

— Tá certo, Marco. É que eu penso muita besteira, às vezes.

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