CAPÍTULO_15

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Alan parou o carro na frente do hospital e desceu nervoso, como se fosse ele quem necessitasse de atendimento. Marco desceu devagar, apertando uma toalha sobre o corte, para estancar o sangue. Devido à pancada que havia recebido quando bateu a cabeça na parede, ele se sentia tonto, e essa sensação se agravava por causa do cansaço e da tensão que havia acumulado nas últimas horas. Tudo isso o deixava fraco e, para ajudá-lo, Alan lhe deu o braço.

— Alan, quando eu estiver lá dentro, você procure se acalmar. Vai ficar tudo bem comigo. Acho que daqui a pouco nós poderemos voltar para casa — falou ele enquanto andavam.

Um ensaio da camgirl Aurora
Alan achou impressionante que, mesmo com tudo o que estava acontecendo, Marco sabia o que fazer e ainda demonstrava preocupação com ele, o causador de tudo aquilo. Diante dessas atitudes, seu arrependimento e sua vergonha aumentaram e ele se sentiu pior do que já estava.

Ao ser encaminhado para a sala de atendimento, Marco pediu:

— Alan, ligue para minha secretária e peça para ela cancelar todos os meus compromissos agendados para hoje. Diga que eu sofri um pequeno acidente, mas estou bem e, mais tarde, entro em contato. Você pode fazer isso por mim?

— Eu vou ligar agora mesmo. Você quer que eu faça mais alguma coisa? Eu vou ficar aqui esperando por você.

— Por enquanto, faça só isso. Obrigado. Vou lá. E você se cuide.

Sentado solitário num banco, Alan se sentia um covarde, um moleque mesmo, como o marido lhe disse. Naquele momento, ele só desejava que Marco ficasse bem e voltasse para casa, para que ele pudesse lhe pedir desculpas, mesmo sabendo que não havia como desculpar o que ele fez. Foi uma atitude muito desrespeitosa e injusta lançar contra Marco tantas acusações e ofensas. Era imperdoável a violência física que ele havia cometido contra o esposo, e seu arrependimento se tornava maior pelo fato de que aquele homem também era seu pai. Naquele momento, Alan não se considerava digno de ser casado com Marco. E nem de ser seu filho.

Antes de ligar para a empresa, ele desejou ter tanta segurança quanto o marido, mas imaginou que nunca conseguiria ser como ele, mesmo se esforçando muito. De qualquer forma, era preciso ter cuidado ao falar de certos assuntos, e isso começava por não revelar aquela história para ninguém. Esse era um segredo deles dois. Decidido, ele ligou para a secretária.

— Bom dia, dona Sofia. Aqui é Alan, o marido do Marco. Tudo bem?

Depois de um rápido cumprimento, ele falou:

— O Marco não poderá ir para o escritório hoje, porque ele não está se sentindo bem, mas não é nada grave. Assim que puder, ele entra em contato com a senhora. Por favor, cancele todos os compromissos dele para hoje.

Quando encerrou a ligação, Alan permaneceu sentado, sem ânimo para sair dali enquanto não soubesse como Marco estava. Por mais que ele tivesse lhe dito que não era nada grave, apenas um corte superficial e um desconforto causado pela pancada, o rapaz se consumia em remorso e sentia que nunca poderia se perdoar por ter feito aquilo.

Enquanto esperava, ele se sentia confuso ao pensar na sua situação conjugal com Marco e nas relações de parentesco que seu casamento havia criado. Como se estivesse explicando para alguém, ele tentou se organizar mentalmente.

— Minha mãe agora é a sogra do Marco. O pai do Marco é meu sogro e meu avô. Eu sou o neto e o genro da mãe do Marco.

Era tudo tão confuso, que chegava a ser engraçado. Com certeza, se estivessem vivas, essas pessoas nunca aceitariam esse casamento. Os amigos, os conhecidos, os funcionários da empresa, ninguém seria capaz de reconhecer como possível aquela união. Para muitos, aquilo era um crime, um pecado pelo qual eles deveriam ser punidos. Porém, por mais absurdo que fosse, sua mente estava tentando compreender aquela situação, como se fosse possível um filho casar com o pai.

 COINCIDÊNCIAS DO DESTINOWaar verhalen tot leven komen. Ontdek het nu