CAPÍTULO _14

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Na mão de Alan estava a foto da mãe e ele olhava para o marido sem entender aquela sua reação. Marco estava deitado com um braço cobrindo seus olhos, com medo de encarar a verdade. Dentro dele, um tsunami misturava todos os seus pensamentos e agitava o seu corpo. Ele que sempre foi um homem tão seguro, sentia-se despreparado para enfrentar o que aquela foto revelava.

A tensão tomava conta de Alan e ele pressentia que estava diante de uma revelação que mudaria sua vida. Algumas imagens se formavam na sua mente e, por mais que tivesse medo do que iria ouvir, ele não poderia recuar. Apertando o ombro do esposo, ele falou com autoridade:

Um ensaio da camgirl Aurora
— Marco, olha para mim. O que é que está acontecendo?

Marco se sentia tentado a não revelar a verdade, porque imaginava que, fazendo isso, estaria protegendo o garoto e salvando seu casamento. Mas ele sabia que fazer isso seria muito injusto e cruel com Alan, que tinha o direito de conhecer sua própria história e saber quem era seu pai. Se ele não falasse a verdade agora, teria que mentir pelo resto da vida.

— Marco, eu já pedi pra você me falar o que está acontecendo. Fala!

Se não falasse, seria como se ele estivesse rejeitando o filho para continuar tendo um marido. Mesmo com medo, Marco sabia que precisava assumir a responsabilidade por seu filho, ser o pai que ele não teve até aquele momento. Com a voz entrecortada, ele começou a colocar a história para fora.

— Alan… eu e sua mãe…

— O que é que tem minha mãe? Fala logo! Acaba com isso!

— Alan, eu conheci sua mãe…

Ao ouvir isso, Alan soltou o ombro dele e tentou processar aquela informação. Sua mente estava muito agitada e seus pensamentos se completavam antes mesmo que o outro falasse.

— Que história é essa de você e minha mãe? O que você sabe sobre ela? O que você sabe sobre mim? Fala tudo!

— Eu conheci sua mãe há quase vinte e seis anos… Eu já lhe contei essa história. Na praia, aquela garota com quem eu me envolvi...

Transtornado, Alan apertou o braço de Marco com uma força capaz de quebrá-lo e o arrancou de cima dos olhos dele..

— Olha pra mim, porra! O que é que você está querendo dizer? Seja homem! Cara, não brinca comigo!

— Alan, eu não sabia. Eu nunca soube de nada!

A verdade estava se materializando na sua frente, mas Alan desejava que nada daquilo fosse real, que fosse apenas uma brincadeira de mau gosto. Num impulso, ele teve vontade de encher a cara do marido de murros, para que ele acabasse com aquela brincadeira. Agarrando-o pelos ombros, ele começou a sacudi-lo.

— Você está louco! Para com isso, Marco! Você não tem o direito de fazer isso!

Seu desejo era que Marco começasse a rir, denunciando que aquilo era uma brincadeira idiota. Mas não era brincadeira; aquele sofrimento era real. Olhando para o rosto do outro, Alan reconheceu alguns traços de si mesmo e os fragmentos da sua história foram se ligando com os fragmentos da história que ele havia lhe contado sobre seu envolvimento com uma garota na praia. Como se fosse a primeira vez que visse aquele homem, Alan olhou para o marido e viu o pai. Agitando a mão fechada na frente da cara dele, o garoto começou a gritar:

— Não é possível! Não pode ser! Por que você fez isso? Por que, Marco?

Sem aguentar ver aquela reação desesperada, Marco se virou na cama, enterrou a cabeça no travesseiro e tentou pedir perdão, mesmo sem ser o responsável por aquela tragédia:

 COINCIDÊNCIAS DO DESTINOOnde histórias criam vida. Descubra agora