Aquele fim de semana

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Já era dia 15 de outubro, Hamilton chegaria hoje em LA para passar o fim de semana comigo, estava surpresa por ele disponibilizar tanto tempo para um encontro, então liberei toda a minha agenda de hoje até domingo.
Liguei para o pessoal que sempre faz a reserva para mim na casa de Laguna Beach e organizei tudo para um fim de semana tranquilo . A casa de Laguna Beach era onde eu e minha família passamos a maior parte da pandemia e o lugar onde eu sempre alugava quando queria passar as férias mais perto de casa.
Perguntei ao Lewis se ele iria apenas me encontrar enquanto estivesse aqui ou se realmente gostaria de ir para algum lugar e passarmos alguns dias, ele disse que tinha tempo e eu poderia decidir por nós, então tomei frente e organizei tudo.
Estava no meu quarto arrumando minhas bolsa quando meu telefone tocou.
- Desembarquei mais cedo. - Hamilton disse do outro lado da linha. - quer me encontrar antes ou está ocupada?
   Meu sorriso amplio pelo meu rosto e eu contive a empolgação para responder.
   - Posso ir aí te buscar. - respondi.
   - Não é necessário, só me passa o endereço que vou até você. - ele respondeu cortando minhas esperanças e novamente pesando que ele não quer que eu vá busca-lo por medo de que vejam a gente juntos.
   - Ok vou te mandar o endereço, ainda estou em casa. - disse com menos empolgação que antes.
   Ele concordou, desliguei e encaminhei meu endereço por mensagem. Assim que fiz isso terminei de arrumar a mala rápido e dei uma conferida na casa para ver se tinha algo bagunçado. Dev não estava em casa e Mad estava em Vancouver.
  Fui ao banheiro e tomei uma ducha rápida e dei uma arrumada básica no meu look, coloquei um moletom e um cropped.
   Pouco tempo depois o interfone tocou e fui abrir a porta para ele. Lewis saiu do banco de passageiro de uma Mercedes sedã e fez um sinal para que o motorista esperasse. Veio até mim sorrindo e me deu um abraço.
   - Precisamos do carro? - ele perguntou, fiz que não com a cabeça e ele dispensou o motorista.
  Entramos na área externa da minha casa e reparei ele conferindo o ambiente, ainda bem que organizei tudo lá dentro.
   Entramos na casa pela área da cozinha e ofereci a ele uma água, ele aceitou e se sentou a mesa.
   - Os planos são de irmos para Laguna Beach ainda hoje, tenho uma casa de praia no jeito para passamos o fim de semana surfando e pegando um sol. - disse enquanto servia a água a ele.
   - Bons planos. - ele respondeu dando um gole na água.
   - Vou descer com minhas malas e podemos levar as coisas ao carro para sairmos agora mesmo, só temos que esperar as chaves da casa chegar. - expliquei e ele assentiu.
   - Precisa de ajuda para buscar as malas? - ele ofereceu.
   - Não, não é muita coisa,mas se quiser subir para conhecer a casa fique a vontade. - eu disse e ele olhou ao redor, mas acabou dispensando.
   - Não, tudo bem, eu espero aqui.
   Subi as escadas e quando estava chegando ao meu quarto meu celular tocou, verifiquei e vi que era do pessoal da reserva.
   - Melissa, então a equipe de limpeza não conseguiu terminar o serviço na casa ainda, pediram para entregar as chaves amanhã pela manhã, tudo bem para você? - o responsável pela locação disse.
   - Merda, já estava com tudo organizado aqui, vou resolver aqui hoje, mas que essa chave esteja comigo no máximo até as 9:00 amanhã hein. - alertei e ele concordou desligando.
   Por uns segundos pensei em como lidar com isso e decidi ligar para Devon primeiro.
   - Ei Dev, vai voltar para casa hoje? - perguntei quando ela atendeu.
   - Vou, pq?
   - Estou com um cara em casa, iria para Laguna Beach com ele, mas tive uns problemas aqui, então acho que ele vai ficar aqui hoje. - expliquei.
    - Tudo bem, vou tentar chegar o mais tarde possível, aproveite. - ela disse antes de desligar.
    Voltei para a cozinha e encontrei Lewis fazendo carinho na cabeça de Lucky que aceitava tranquilamente o afago, achei graça do quanto meu cachorro era amigável com desconhecidos.
   - Parece que vocês dois já se conheceram. - eu falei chegando perto e chamando a atenção dos dois, Lucky sai de perto dele e veio vagarosamente em minha direção.
    - Adoro cães, eu tenho um. - Lewis disse.
   - Já ouvi sobre o famoso Roscoe. - comentei e ele sorriu.
   - Eu tinha a senhorita Coco também, mas ele faleceu ano passado.
   - Que triste ouvir isso, perdê-los é perder uma parte da família. - eu comentei. - eu e esse garotão estamos juntos desde o ano passado quando me mudei para cá. - fiz carinho no meu golden retriever peludo. - Tive um contra tempo com as chaves da casa, teremos que esperar até amanhã para irmos, tudo bem ficarmos aqui hoje? - eu perguntei me juntando a ele na mesa.
   - Por mim tudo bem, estou por sua conta. - ele disse.
   - Bem, sendo assim acho que devíamos arrumar algo para comermos. Você toma vinho ou prefere whisky? Ou você prefere uma cachaça? - complementei a última parte sorrindo.
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  Estávamos sentados na beira da piscina com os pé dentro da piscina, tomando uma caipirinha e comendo alguns petiscos enquanto conversávamos.
    Ele já havia me contado sobre as últimas corridas e a preocupação com as próximas que ele precisava ganhar para conseguir o título. Estava contando agora sobre a admiração pelo Senna que era um famoso piloto do Brasil que morreu em um acidente na F1.
   - Mas hoje em dia você tem mais títulos que ele e até a mesma quantidade que o Schumacher. Por que ele ainda é mais admirável que você? - perguntei.
   - A forma como ele pilotava era incrível, o modo com ele superava um momento difícil em uma corrida e como ele contribuiu tanto para o esporte até mesmo após sua morte. - ele explicou. - Eu tento manter resiliente assim como ele era, mas hoje as corridas são diferentes, é muito mais burocrático. A corrida não é apenas entre os pilotos, é entre as equipes, entre os investidores e a FIA, o que prejudica muito que a corrida seja excitante.
     - Entendi, mas mesmo assim você conseguiu ultrapassar todos os maiores detentores de títulos, isso já é incrível, você é o maior de todos os tempos. - disse e vi que ele ficou um pouco sem graça mas orgulho. - Você não tem medo de acontecer algo com você durante uma corrida?
    - Claro que sim, esse ano mesmo o carro de um dos pilotos literalmente veio por cima de mim e quase acertou minha cabeça. O perigo está sempre lá, assim como está em todo lugar, a qualquer momento algo inesperado pode acontecer, mas o que faz do esporte interessante para o piloto é a sensação de controle quando não se tem noção de nada, somos treinados para a imprevisibilidade. - ele disse calmamente.
   - É como ter o controle quando não se tem nenhum? - disse irônica e ele riu. 
   - Exatamente, um jogo mental de brincar com a morte e saber disso.
    - Você não fica cansado desse estilo de vida não? - perguntei a ele me referindo ao tempo de trabalho e o perigo eminente.
    - Quando se ama algo você não se importa com o trabalho ou consequência que aquilo provoca. Não me lembro da minha vida sem isso, desde pequeno eu passo meus dias fazendo isso, então se tornou a parte mais importante da minha vida. - ele explicou.
   - Mas isso não te impossibilita de ter outras coisas na sua vida? Quero dizer, você nunca pensou em como será o dia que você tiver filhos? Como vai ser quando você precisar está com eles e você vai está do outro lado do mundo?
    - Claro que eu penso sobre isso. O Roscoe eu ainda posso levar para onde eu for, mas uma criança precisa de estabilidade, precisa de um lar, então por isso eu não invisto em nenhum relacionamento a fundo. Eu não quero obrigar ninguém a viver a vida que eu vivo. - ele disse baixo com uma voz abatida.
   Eu fiquei triste por ele, parecia sozinho apesar de viver ao redor de tantas pessoas.
   - Eu te entendo, minha vida também não é nada calma, passo meses fora de casa presa em sets de filmagem, não tenho hora para dormir, não tenho hora para comer, não tenho uma rotina fixa, minha vida é de acordo com o trabalho que eu sigo, e posso dizer que eu amo o que faço. - eu falo pensativa.
   - Então você sabe bem como é complicado lidar com relacionamento quando se tem uma vida agitada assim. - ele falou olhando para mim.
   - Sim, sou mestre em sexo por vídeo chamada. - falei humorada e ele riu alto, queria aliviar o clima da conversa.
  - Bom saber. - ele respondeu ainda rindo.
    Ficamos em silêncio olhando para a paisagem em frente a piscina enquanto tocava ao fundo Chanel do Frank Ocean.
    - Tá frio aqui fora, quer entrar? - perguntei esfregando meus braços demonstrando que estava com frio.
   Ele retirou sua jaqueta e colocou em meus ombros.
   - Um dança antes de ir? - ele ofereceu levando e estendendo a mão.
   - Está virando tradição hein - disse rindo. - todas as vezes que nos vimos sempre tivemos uma dança. - completei aceitando sua mão para levantar.
    - Fazer o que se nossa dança lenta funciona tão bem, e o clima tá sempre propício. - ele disse sorrindo.
    Vesti a blusa dele e me posicionei para dançarmos, a mão quente dele pousando na minha cintura e eu coloquei o meu rosto bem próximo ao seu pescoço, ele como sempre tinha um cheiro incrível.
   A música acabou e logo começou a tocar Can I da Kehlani e agradeci a eu mesma pela playlist que criou uma vibe cheia de tesão no ar.
    Não demorou muito e estávamos nos beijando, mas dessa vez não tinha nada de lento. O beijo era selvagem, cheio de desejo e uma vontade explícita.
     Ele me pegou e enlacei minhas pernas em sua cintura. Entre o beijo eu ouvi ele sussurra algo como "quarto" e eu indiquei com a cabeça o caminho que ele deveria tomar.
    Ele subiu as escadas me segurando e tentando manter o beijo. No corredor do segundo andar indiquei com o dedo onde era meu quarto e ele foi nos levando.
    Quando chegamos a beirada da cama ele me colocou delicadamente sentada e tirou sua jaqueta que estava em mim, arranquei sua camisa mais rápido do que ele podia fazer e fomos nos despindo na velocidade que ele deveria pilotar um carro de corrida.
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    Acordo com a luz de fora iluminando todo o quarto, porque esqueci de fechar as persianas ontem. Olhou para o lado e estou sozinha na cama, levando sem roupa e coloco um robe que está na cadeira próximo a cama, onde eu deixo todos os dias.
    Vou ao banheiro me verifico no espelho e escovo meus dentes, então desço a procura do meu convidado.
   Quando estou chegando a cozinha encontro Devon e Lewis sentados à mesa tomando café e conversando.
    - Bom dia. - digo sorrindo e me junto a eles na mesa.
    - Bom dia. - Devon responde primeiro sorrindo. - Parece que assustei bem seu convidado hoje. - ela completa em tom de brincadeira.
   - Ouvi um barulho aqui em baixo aí desci para verificar. - Lewis se explica.
   - Ele desceu preparado para voar em mim com um golpe mortal. - Devon diz rindo.
   - Não sabia que você morava com mais alguém. - ele explicou constrangido e eu me dei um golpe mental por não ter avisado a ele.
   - Desculpe. - respondi rindo da situação. - acredito que a essa altura vocês já tenham se apresentado? - falei enquanto enchia uma caneca de café para mim.
    - Sim. - eles responderam em uníssono.
   - Você não toma café? - perguntei a ele que estava com uma xícara de chá em mãos.
   - Não, não sou muito fã do sabor, e afinal de contas sou um britânico, gostamos do nosso chá matinal. - ele respondeu.
   - Pois saiba que esse café é feito com os grãos da fazenda dessa garota aqui. - Dev diz divertida apontando para mim.
   - Oh sério? - ele fala.
   - Sim, isso rompe com minhas esperanças de que você consuma algo que veja da minha produção. - disse entrando na brincadeira.
   - Ah é. - Dev riu. - ele é vegano e não toma café. Parece que você perdeu um potencial cliente.
    - Nem me fale. - respondi sorrindo.
    - Muito prazer em te conhecer, da próxima prometo não fazer tanto barulho. - Dev disse a Lewis enquanto se levantava da mesa. - se vocês me dão licença.
   Confirmamos com a cabeça e ela saiu nos deixando a sós na cozinha.
   - Dormiu bem? - ele me perguntou.
   - Ah com certeza. - eu respondi sorrindo. - e você?
   - Melhor do que em dias. - ele respondeu sorrindo também.
   Meu telefone tocou no andar de cima e gritei pedindo Dev para atender para mim.
    - Quem era? - perguntei quando ela voltou a cozinha com meu telefone na mão.
    - Eles estão vindo entregar a chave da casa. - Dev avisou enquanto me entregava meu telefone.
    - Obrigada. - disse a ela. - acho que essa é nossa deixa para nos prepararmos para ir. - disse agora para Lewis que confirmou e levantou da mesa.
      Ele lavou as coisas usadas no café apesar de eu pedi-lo para deixar, enquanto eu guardava as coisas que sobraram. Subimos juntos e fomos nos arrumar para sair.
Em menos de uma hora estávamos arrumados e a chave já havia chegado. Despedimos de Dev e fomos a garagem.
- Estou um pouco nervosa, vou dirigir pela primeira vez para um piloto de f1. - disse brincando enquanto entrava no banco do motorista da minha Range Rover Velar.
- Não se pressione estarei ao seu lado para te dizer o que fazer. - ele respondeu entrando na brincadeira.
Pegamos a rodovia e paramos uma vez no caminho para passar na loja de artigos de surf onde sempre buscava minha prancha antes de ir para Laguna Beach.
Íamos no carro tranquilamente ao som de BoyWithUke Two moons, ele estava transmitindo uma energia boa, leve e até parecia empolgado, conversamos sobre dirigir e sobre surfar ao longo do caminho, o trânsito estava tranquilo e em uma hora chegamos ao nosso destino final.
Tudo estava pronto para nosso fim de semana incrível.

Apenas um encontroWhere stories live. Discover now