O bom e velho tropical

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   Já fazia alguns dias que eu e Dev estávamos no Brasil, eu tinha muitas papeladas e reuniões na fazenda para lidar, passava boa parte do tempo trabalhando, mas ao fim da tarde sempre colocava um ponto final nas obrigações para ficar com Dev.
    Ela estava melhor, não falava sobre o Jesse a dias e não estava mais com aquela melancolia de antes. Sam fazia companhia a ela enquanto eu não estava, os dois iam a cachoeiras, faziam trilhas e até pescavam, coisa que eu pessoalmente não gosto, mas para Devon tudo era novidade então ela amava, não tinha muito tempo ruim para ela.
   Estava para receber a visita do investidor espanhol que iria conhecer a propriedade e analisar a possibilidade de fecharmos um contrato para exportação de carne. Estava inspecionando toda a preparação nos frigoríficos para a chegada deles quando recebi uma ligação de Frederico informando que o convidado havia chegado a sede.
Frederico era meu braço direito na administração da fazenda, ele tinha contrato direto com os trabalhadores da fazenda e com a administração das empresas.
Voltei a sede para encontrar o pessoal e assim que cheguei vi os dois carros que mandei até o aeroporto da cidade vizinha para buscar os convidados, estacionados próximo à entrada da sede.
Quando desci da moto e comecei a andar até o saguão de entrada vi Sam sair de lá às pressas olhando espantado na minha direção.
- O que aconteceu? - perguntei quando ele estava se aproximando.
- Você sabia quem era o empresário espanhol? - ele perguntou e eu balancei a cabeça negativamente confusa com a comoção que Sam estava fazendo. - então isso vai ser interessante, venha entre, ele está esperando.
Estava confusa, pensei em quem poderia ser para deixar Sam agitado assim, mas não consegui chegar a nenhuma conclusão até chegar na sala de reuniões.
Haviam duas pessoas sentadas de costas para a porta e a frente, estava Frederico que se levantou da mesa para dizer.
- Ela chegou. - disse apontando para mim.
Quando as duas pessoas se levantaram e viraram para olhar para mim eu me espantei com o rosto conhecido.
Lá estava Carlos Sainz, piloto de fórmula 1, havia esbarrado com ele em alguns eventos por causa de Lewis. Mesmo que eu quisesse ficar o mais longe possível do mundo de Hamilton aqui estava eu recebendo um piloto de f1.
O homem que estava ao lado de Sainz veio até mim e estendeu a mão.
- Meu nome é Paulo, sou conselheiro administrativo do grupo Sainz. - disse ele apertando a mão que estendi. - e esse é Carlos Sainz Jr., sócio majoritário da Albores.
     Eu olho para Sainz que já estava me encarando e sorrio, ele estende a mão que eu aperto.
   - É um prazer. - digo aos dois. - sentem-se.
   Me sentei do outro lado da mesa ao lado de Frederico que estava aguardando a minha chegada para iniciarmos a reunião.
   - O que levaram os senhores a procurar a nossa empresa? - perguntei.
   - Em 2021 vim ao Brasil para um evento esportivo e fui a um restaurante na cidade de São Paulo para um jantar, comi uma das melhoras peças de carne que já experimentei, quando eu perguntei ao chefe qual era o fornecedor eles me indicaram vocês. - Sainz disse.
    Nosso fornecimento de carne em sua maioria era para supermercados ao longo do país, os únicos restaurantes que fornecíamos era da nossa rede.
    - Estamos abrindo uma hamburgueria de luxo em Madri e queremos as melhores mercadorias para produção. - Carlos continuou explicando.
     - Bem, fornecemos a primeira linha das nossa mercadoria apenas para os restaurantes da nossa rede, não trabalhamos com exportação de carne. - eu disse e Paulo olhou confuso para Sainz. Estava colocando esse empecilho para que eles valorizassem a proposta visto que seria um acordo de exclusividade. - mas sempre há uma excessão. Podemos fazer assim, vocês nos acompanham para conhecer a estrutura da nossa sede e a origem da nossa mercadoria, depois teremos um jantar feito com a carne da melhor qualidade e por fim podemos discutir possibilidades. - completei.
   Eles se entreolharam e por fim Carlos concordou com a cabeça e apertou a mão que estendi.
    - Ótimo, então vamos. - falei levantando e liderando o caminho.
———//———
   Depois de uma tarde andando ao redor da propriedade mostrando tudo para eles, eu os levei até a residência para o jantar.
   Tia Rosa já tinha preparado o jantar quando chegamos, pedi para preparar aligot com filé mignon, a carne tinha sido selecionada por Frederico para impressionar os convidados com a qualidade da peça.
   Devon e Sam estavam no jantar, apresentei eles aos convidados e não pude deixar de reparar nos olhares de Dev a Carlos.
Ao longo do jantar convidei-os a passar a noite na fazenda, o melhor hotel ficava a 2 horas de distância e a viagem de volta seria cansativa para que partissem hoje.
    Paulo resolveu se retirar após o jantar pois precisaria fazer algumas ligações, já Carlos pediu para dar uma volta pela lagoa que ficava ao lado da residência, sai para acompanha-lo.
     - Admirável o lugar, apesar de ser mais longe do que eu imaginava, mas vale a pena, o lugar é lindo, agora entendo porque você quis vir tão longe para construir isso. - Carlos disse enquanto estávamos andando pela noite.
    - Esse terreno teve apenas um dono oficial que foi meu bisavô, antes dele era propriedade da familia dele, antes acho que índios. - disse. - tenho muitas memórias da minha infância aqui, e acho que toda a minha família também. Quando meu bisavô faleceu meu tio avô assumiu os cuidados da fazenda mas levou poucos anos para decretar falência, eu já estava fazendo algum dinheiro então resolvi comprar toda a parte deles e colocar sobre nova administração.
    - Admirável, acho que foi um bom negócio. - Carlos disse.
    - Sim, apesar de dar muito trabalho, mas movimenta muitas famílias com os trabalhos e fornecer uma boa estrutura para as pessoas que aqui vivem. - me expliquei.
    - Devo admitir que não imaginava a proporção do seu empreendimento quando vi você. - Carlos disse e eu olhei para ele confusa tentando entender o que ele queria dizer, ele viu minha confusão e se explicou. - devo admitir que não foi um jantar em um restaurante que despertou a minha curiosidade, apesar de o jantar de hoje ter esclarecido muito quanto a qualidade da carne que vocês oferecem.
   - Se não foi isso, o que trouxe você aqui? - eu questionei confusa quando vi que ele não iria prosseguir com a explicação.
    - Eu acompanho seu trabalho como atriz, e quando você começou seu... seja lá o que você tenha tido com o Hamilton, despertou a curiosidade quanto a você, Lewis é conhecido por ter várias belas famosas ao seu redor, mas ela não as leva ao pit, ele não as deixa no meio de sua família, o que deixou todos nós intrigado sobre quem seria você para instigar essa mudança de atitude da parte dele. Depois de algumas pesquisas descobri sobre seus empreendimentos e quis conhecer mais de perto, como imaginei é um bom negócio, e eu preciso de bons negócios agora. - ele justificou.
     - Bom... eu não admiro falsos pretextos, nem gosto de meias verdades, espero que não tenhamos mais isso nos nossos acordos. - eu o alertei. - não tenho nada com Hamilton, admiro como piloto mas nossa relação termina por aí. Espero que você saiba distinguir a minha imagem do meu patrimônio, minhas empresas são muito mais sobre os funcionários do que a mim, sendo assim espero que você saiba que tipo de serviço está contratando ao invés de confundir com a minha imagem pública. - eu disse bem direta.
    - Sim, falsos pretextos podem ter me trago aqui, mas acredito que podemos fazer uma boa parceria. - ele disse e estendeu sua mão, olhei por alguns instantes para a mão dele estendida e depois de cogitar se era uma boa opção eu confirmei com a cabeça e apertei a mão dele.
———//———
     - Ele é um gato. - Devon disse assim que sai do banho.
    - Eu acho que ele está noivo, ou namora, sei lá. - eu disse.
   - A sua avó disse que o único homem que está fora do mercado é o homem casado, de resto todos estão disponíveis. - Devon rebateu.
   - E você acredita nela? Ela teve mais casos com homens casados do que com solteiros. - eu disse enquanto colocava meu robe para dormir.
    - Mais um ponto de que se o homem quer não tem quem impeça. - ela disse.
    - E quem te garante que ele te quer? - eu perguntei.
   - Quanto a mim eu não sei, mas quanto a você... com certeza. - ela disse saltando da cama e vindo até mim.
    - Eu não estou interessada... aliás não quero nada que me vincule a esses pilotos de fórmula 1. - eu disse contornando ela e indo até o banheiro novamente para escovar meus dentes.
    - E mesmo assim acabou de assinar um contrato milionário com um deles. - ela rebateu.
    - Eu não assinei nada, a empresa assinou, eu e a empresa somos coisas distintas. - eu me justifiquei.
    - Então vamos vê se as pessoas vão pensar isso quando descobrir sobre essa transação econômica. - Dev disse por fim.
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    Carlos foi embora no dia seguinte pela manhã mas não antes de deixar-nos convidada a comparecer a primeira corrida do ano, disse que iria mandar passes para que nós ficássemos na área vip e aproveitar a corrida do pit da Ferrari. Eu agradeci, mas sabia que com certeza não iria, não tinha interesse algum em vê a cara de Hamilton ou qualquer coisa associada a ele.

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Nota: Olá querides, desculpa o hiato imenso entre os capítulos. O último ano na minha vida foi meio conturbado e eu me afastei um pouco da f1 depois do fim de campeonato em 2021 (fiquei meio frustrada digamos).
Por ser minha primeira fanfic me impressionei bastante com a quantidade de pessoas que leram a história e pelos pedidos para continuar, então senti que tinha que concluir essa história para vocês, mas não se preocupem não vou concluir de qualquer forma, tenho algumas ideias que acho que rendem mais alguns bons capítulos, então vou tentar me dedicar mais aqui e evitar que demore tanto para sair capítulos novos.
Obrigada por todo carinho e apoio. 🥰😘

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⏰ Last updated: Feb 25, 2023 ⏰

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