Dar a volta por cima

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Passei a noite em claro pensando em o que havia acontecido, não queria ir embora, não daquele jeito, sabia que se voltasse para os Estados Unidos sem conversar direito com ele poderíamos nunca mais conversar.
     Mas quem eu queria enganar? Conversar direito o que? Ele deixou claro que não queria mais nada, eu tinha levado um pé na bunda. Eu realmente iria correr atrás da humilhação? Sim, eu iria, eu era boba esse tanto.
    Peguei meu celular e ameacei ligar para o telefone dele várias vezes até que realmente completei a ligação quando já era manhã.
     - Eu estou realmente indo embora, então é isso? Acabou? Da última vez você disse que EU não estava nos dando a oportunidade de saber o que poderia acontecer entre nós. Agora é você que está acabando com tudo antes que algo aconteça. - disse assim que ele atendeu.
      - Eu realmente não posso fazer isso agora, eu estou indo me arrumar para a condecoração. Você não tem um voo? - o babaca disse me fazendo sentir uma adolescente em busca de atenção.
      - Que merda Lewis é madrugada, você não está se arrumando porra nenhuma, liguei agora justamente porque sei que você nem estaria acordado ainda. Foda- se cansei disso. - estava prestes a desligar quando ele chamou meu nome.
     - Espere, você está certa, eu fudi tudo, mas não posso lidar com esse drama na minha vida agora. - ele disse frustrado.
    - Que porra Lewis, o drama quem criou foi você, era para ser leve e divertido. Era para sermos uma boa companhia um para o outro. - disse chateada.
     - Merda, eu sei, eu também queria isso, mas não é simples assim, vivemos vidas diferentes em lugares diferentes é difícil conciliar. - ele justificou.
     - E você não quer nem tentar. - eu constatei algo que tinha acabado de perceber e que tinha me deixado triste.
     - A questão é que eu preciso focar em outras coisas agora. - ele explicou.
    - Tudo bem, seja feliz. - disse e desliguei, qualquer outra coisas dita iria partir meu coração mais um pouquinho.
     Horas mais tarde estava no meu voo comercial para os Estados Unidos.
———//———
     - Gata suas fotos no paddock fizeram o maior sucesso, a marca repostou na página principal e foi até comentado por páginas de moda. - Sam disse enquanto eu desfazia minhas malas.
    - Ao menos isso fez sucesso. - eu disse.
    - Ah não venha com essa, pegar um homem daquele sempre vai ser o ponto alto. - ele provocou e eu joguei uma roupa nele. - diga que eu estou errado.
- O Breno volta quando das férias dele?
- Já está descontente comigo? - Sam disse fingindo tristeza.
- É porque você fala demais. - disse brincando e ele fingiu ofensa. - O pessoal de Madri entrou em contato sobre a reunião que eles queriam?
- Sim, querem para a primeira semana de janeiro, eles vão ao Brasil conhecer a sede.
- Até lá espero que a casa na sede esteva finalizada, falando nisso tenho que ligar para saber como andam as coisas. - falei colocando o último par de sapatos no closet e voltando ao quarto. - Quanto a reunião com Baltasar ligue hoje ainda e marque para o mais rápido possível. - disse.
- Tudo bem, vou fazer isso agora. - ele falou e saiu do quarto.
- Mel, como você está? - Dev disse entrando no quarto assim que Sam saiu.
- Fudida mentalmente né amiga, Lewis e eu nem começamos e já terminamos, ele não me quis perto, pois disse que precisa lidar com esse problema na carreira primeiro. - falei sentando na cama.
- Que merda, ele perdeu a chance de uma boa companhia para lidar com isso tudo. Mas sinceramente para você é melhor, todo aquele drama não ia fazer bem para você, eu vi na internet, as pessoas já estavam falando coisas para você como se você tivesse culpa por algo que nem ele tinha culpa. - ela falou se juntando a mim na cama.
- Pois é, tentei não ler as coisas, mas a gente acaba lendo uma coisa ou outra e já é suficiente para nos deixar mal. Enfim, eu precisava voltar para trabalhar, então de qualquer forma sai ganhando. Mas sabe, eu queria ficar com ele lá, eu realmente gostei dele. - falei.
- Vamos deixar o tempo dá um jeito nisso, quem sabe quando ele resolver essas coisas ele venha atrás de você. - ela disse.
Dei de ombros, não queria criar esperanças, mas no fundo as esperanças já estavam criadas.
———//———
     Depois da reunião com Baltasar ficou definido que as gravações do filme começariam no início de 2022. Contrariando meu planejamento ele decidiu contratar uma equipe inteiramente britânica, até mesmo o ator que iria contracenar comigo, assim as gravações em parte seriam no Reino Unido.
     Consegui organizar tudo para o filme antes da véspera de Natal para que eu pudesse viajar com minha família para passar as festas fora de  LA.
    Era dia 22 de dezembro, uma semana depois que eu havia chegado de Londres. Eu estava arrumando minhas malas para ir para Vail no Colorado com minha família e alguns amigos. A casa estava cheia, minha família tinha chegado de NY e do Brasil e estava toda reunida para pegarmos o jatinho que havia fretado para nos levar até Colorado.
      A energia caótica brasileira era inconfundível, a viagem nem havia começado e meus tios já estavam tomando cerveja na piscina, meus avós brigando, minha mãe enchendo o saco da minha irmã. Visto que todos eram adultos era até engraçado a imaturidade que todos tinham, mas eu adorava tê-los por perto.
     - Luana e Wesley vão conosco? - minha mãe perguntou entrando no meu quarto provavelmente depois que minha irmã brigou com ela.
    - Não, eles tiveram problemas com o voo no Brasil, então ela irá dia 24.
    Luana era uma velha amiga da escola que me acompanhou e me ajudou desde muito antes da fama, hoje ela era psicóloga e trabalhava como minha terapeuta pessoal, mas oficialmente seu trabalho era como terapeuta esportiva. Wesley era o marido dela, ele trabalhava como RP da Cruz Inc., a empresa que eu criei para representar todos ativos que eu possuía.
     - Nick vai? - minha mãe perguntou, ela adorava o Nick, achava que ele era o cara perfeito para mim, isso era porque ela nunca viu o lado cafajeste dele.
    - Claro né mãe, a casa é dele.
   - Não sabia. - ela respondeu e fez uma pausa. - eu estou levando um convidado. - ela informou e saiu andando.
    - Que convidado? - eu disse indo atrás dela no corredor.
- É uma surpresa. Não sei se ele virá. Foi algo de última hora. - ela falou.
- Quem é? - eu perguntei.
- Milena onde coloquei aquela sacola com as compras? - ela desceu as escadas gritando para minha irmã tentando fugir da pergunta.
- Mãe quem você vai levar? - perguntei rindo pois imaginei que poderia ser um ficante dela ou algo assim. - Milena sabia que mãe vai levar alguém para nosso natal? - gritei para minha irmã para provocar minha mãe.
- Não é nada disso. Nem devia ter comentado.
- Quem é o cara de sorte? - minha irmã provocou.
O interfone tocou bem na hora que ela iria dizer algo.
       - Será que é seu convidado mãe. - provoquei rindo.
      Fui até o lugar na cozinha onde tinha a tela do interfone e quando olhei para a câmera de segurança me assustei com quem eu vi.
- Meu convidado chegou. - minha mãe disse atrás de mim olhando a tela.
- Você chamou ele? - eu perguntei incrédula.
- E ele veio, então eu estava certa ao chamar. - ela disse. - vai lá, abre a porta para ele.
- A senhora ultrapassou um pouco os limites. Por que convidou ele? Como você convidou ele? - perguntei a ela séria descontente com o intrometimento.
      - Você tem estado um pouco abatida desde que voltou de Londres, e pelo que você me falou as coisas entre vocês ficaram mal resolvidas. - ela encolheu o ombro como se essa justificativa bastasse para explicar o porque Lewis estava na minha porta.
    Eu não demonstrei compreensão então ela suspirou e continuou sua explicação.
    - No fim de semana encontrei ele em uma exibição de arte em Nova York, eu o questionei sobre o modo como ele havia te tratado e ele disse que se sentia mal pela forma como deixou você ir. - ela explicou. - ele realmente parecia mal também, então falei sobre a viagem e ele disse que gostaria de ir para pode se explicar.
     Respirei fundo, e tentei entender o lado da minha mãe, ela sempre foi muito protetora, mas sempre caiu na lábia de homem. Ela era uma romântica incurável, mesmo tendo sofrido tanto em seus relacionamentos. Preferi não discutir com ela sobre isso, não queria estragar a viagem antes mesmo de começar.
      Preferi ir até a porta de entrada e deixá-lo entrar, a melhor forma de fazê-la entender que ele não era o cara certo para mim era trazer ele para perto.
- Lewis. - cumprimentei ao abrir a porta e dar de cara com a pessoa que fazia meu coração bater mais rápido e surgir um frio na minha barriga.
- Ei- ele disse olhando em meus olhos e instantaneamente minha mente perdeu a direção. Ficamos apenas nos encarando por uns segundos, quando eu desviei o olhar ele limpou a garganta e disse - sua mãe...
    - Eu sei. - eu o cortei porque não queria ouvir a explicação dele naquele momento.
Dei espaço para ele passar com sua mala, e fiquei olhando enquanto Lewis entrava em minha casa dias depois de me mandar ir embora da vida dele, sério, o cara era meio fodido da cabeça.
    - Puta merda, se não é Lewis Hamilton. - meu tio disse empolgado vindo até nós para cumprimentar Lewis.
    - Aproveita, você está vendo alguém que está desaparecido para o resto do mundo. - falei sarcasticamente passando por eles.
    Entrei na casa um pouco nervosa e desconfortável, não fazia o menor sentido ele está aqui. Minha mãe foi precipitada em convida-lo, e ele muito sem noção de vir. Não conversávamos a uma semana e da última vez que nos falamos lembro que ele me mandou ir embora e disse que não tínhamos nada. Agora aqui está ele, indo para uma viagem com minha família.
    Ele ficou na área externa se apresentando para minha família e minha mãe foi até ele recepciona-lo, deixe eles lá e subi para arrumar as coisas no meu quarto.
     Algum tempo depois alguém bateu em minha porta, não levantei de onde estava no chão para atender, pois eu sabia que seria ele, minha família não bate na porta.
    Ele bateu mas algumas vezes e quando percebeu que eu não iria atender ele resolveu abrir a porta um pouco e olhou para dentro.
     - Precisamos conversar. - ele disse de onde estava na porta. Eu não estava afim de lidar com isso, mas sabia que seria inevitável, então acenei com a cabeça para a cama e ele entrou fechando a porta e vindo se sentar na cama e eu fiquei sentada no mesmo lugar que estava ao chão organizando minhas roupas.
      - Por que você aceitou o convite dela e veio? - perguntei primeiro tomando as redes da conversa.
      - Achei que deveríamos esclarecer algumas coisas. - ele falou.
     - E você achou que uma viagem de família durante o natal seria o momento exato para lidar com isso? - perguntei sarcasticamente.
     - Eu não deveria ter deixado você ir embora daquele jeito. - ele disse demonstrando remorço.
     Eu sabia o que viria em seguida, justificativas vazias e insistência tardia para continuarmos com a relação superficial que tínhamos, então preferi ser sucinta e cortar a enrolação.
     - Olha Hamilton. - disse o sobrenome para ele perceber que era sério o que iria falar. - eu não gosto de relacionamentos vai e volta, já passei por isso antes e é desgastante. Eu odeio não saber em que pé estamos e odeio mais ainda ter que ficar lidando com oscilações de humor. - falei parando de dobrar as roupas e olhando para ele.
     - Eu entendo que você esteja brava pela forma como te tratei, mas entenda que eu estava passando por um momento difícil. - ele se justificou.
    - Nem por isso você pode descontar em mim sua frustração. Eu disse para você que ficaria e te ajudaria a lidar com isso, mas você preferiu me afastar.
     - Você precisava trabalhar, eu ouvi você ao telefone, eles precisavam de você aqui, e eu precisava do meu momento sozinho para entender como lidar com isso.
     - Eu passei por uns relacionamentos bem merda que começaram por causa de coisas assim. Afastar ou ignorar não ajuda ninguém a lidar com a merda. Eu era nova e não entendia isso, agora eu já sou mais velha e sei o que vale a pena tentar e o que não vale. - disse me levantando.
- E isso não vale a pena? - ele perguntou apontando entre eu e ele. - Eu estou aqui para lidar com isso, não significa nada para você? - ele disse dando um passo à frente e eu fiz um sinal para que ele continuasse longe.
- E então o que? Nós continuamos como um rolo, nada sério ou exclusivo? Se for isso que você espera, então não tem muito o que a gente continuar discutindo. - eu falei.
- Não é bem assim, nós nos conhecemos a pouco tempo, precisamos nos conhecer melhor para pensar em um relacionamento sério. - ele disse parando e colocando as mãos no bolso.
- Nos conhecer melhor? Você está indo para uma viagem junto com minha família na época mais importante do ano para nós. Já estive com você em um dos momentos mais sensíveis de sua carreira. E você diz que precisa de mais tempo para desenvolver intimidade? Intimidade não é sobre tempo, mas sim sobre sentimento. - falei e dei um tempo a ele para pensar sobre o que eu disse.
- Você não entende, é complicado. - ele disse.
- Realmente, complicado. - falei exalando sarcasmo. - não estou disposta a isso. - disse frustrada com a falta de coragem dele. - Acho melhor você pegar suas coisas e ir embora, para mim essa viagem é muito especial e é íntima demais para ter uma pessoa qualquer no meio. - disse sem poupar palavras para feri-lo assim como eu estava ferida.
- Uma pessoa qualquer. - ele repetiu tristemente demonstrando que estava magoado. - ok, eu vou embora. - ele disse e um nó se formou no meu estômago, no fundo eu queria pedir para ele ficar assim como eu desejava que ele tivesse me pedido para ficar naquele dia, e como ele, eu não o fiz.
   Ele saiu do meu quarto e eu suspirei fundo caindo ao chão frustrada com a dor que estava sentindo no peito.
———//———
      Eu estava terminando de organizar meu closet quando minha mãe entrou no quarto.
    - Você é muito cabeça dura. - ela disse se sentando na minha cama.
    - Eu? Por que? - disse fingindo inocência mas sabendo que o assunto era sobre Lewis.
    - Eu conversei com ele e convenci ele a ficar e tentar mais. - ela disse me surpreendendo, minha mãe definitivamente não sabia o que era limites.
     - Que merda mãe, eu conversei com ele, ele não quer nada comigo, porque você continua insistindo nisso sendo que até eu larguei isso de lado? - falei nervosa.
    - Minha filha cada pessoa tem o seu tempo. Você é uma pessoa inteligente que sabe o que quer, mas algumas pessoas precisam de mais tempo para compreender seus sentimentos. A sua ansiedade faz com que você desista de coisas boas com muita facilidade. - ela disse vindo até mim e segurando minha mão em suas mãos. - Eu não tive oportunidade de ver vocês dois juntos como um casal, mas eu vi a sua alegria falando sobre ele, você nunca demonstrou tanto afeto falando de um cara. Eu já estive apaixonada, eu sei a sensação. Quando eu fui até ele na galeria de arte, eu não fui ser simpática, fui até ele super grossa para tirar satisfação por ter sido um grande filho da puta com você, mas ele me surpreendeu, ele demonstrou o mesmo afeto ao falar de você e foi aí que eu soube que na verdade vocês precisavam de mais tempo para compreender esse sentimento. Se ele veio até aqui e ele insistiu novamente em ficar é porque em partes ele está admitindo que quer entender e explorar esse sentimento.
     Minha mãe romantizava muito o relacionamento, eu admirava essa visão dela do mundo, fazia as coisas serem bem mais bonitas, mas a real é que ela não sabia como o mundo das celebridades era totalmente desprovido de romantismo, tudo era sobre prazer carnal e conforto de ego. 
    Queria acreditar nela, mas eu já tinha visto melhor desse mundo para saber que eu só iria me machucar mais, porém eu também conhecia minha mãe e sabia que da mesma forma como Lewis não soube dizer não para ela, eu também não sei.
    - Acho que eu não tenho escolha né, ele vai com a gente de qualquer jeito. - disse frustrada e minha mãe deu um sorriso.
     - Agora vamos, leve suas malas para baixo, nós temos que sair. - ela disse depois de me abraçar e sair.
Juntamos todas as malas e colocamos nos carros, saímos em três Cadillac Escalade que era o único carro que caberia todas as malas que estávamos levando. Minha família estava empolgada e todos estavam fazendo a festa no caminho para o aeroporto onde pegaríamos o jatinho.
Lewis foi no carro com meus tios, se ele queria ficar tudo bem, mas eu não iria dar um bom tempo para ele. Eu iria testar a paciência dele até ele ir embora dessa viagem, ou isso pelo menos descontaria a forma como ele me tratou em Londres.
- Tenho certeza que meu pai deve está falando horrores naquele carro. - minha prima Luísa disse rindo.
- Eu cortei a bebida dele mais cedo porque ele não pode decolar bêbado, mas parece que ele e sua mãe beberam escondido. - minha mãe disse.
- Com certeza. - Luisa disse e rimos.
Naquele momento Lewis estava em um carro ouvindo meu tio falar pelos cotovelos com ele em um idioma inteligível. Se eu não me sentiria confortável com ele por perto, ele também não iria se sentir confortável em está por perto.
———//———
Quando chegamos no aeroporto Nick, seu irmão Matt, Denny, Dev e Syd estavam lá aguardando por nós.
- O que ele faz aqui? - Dev sussurrou para mim quando entramos no avião.
- Não me pergunte sobre isso, estou de mau humor só de pensar. - falei enquanto sentávamos em nossas poltronas.
   A viagem foi uma bagunça, como tudo com minha família, eles acharam o jatinho um máximo e aproveitavam cada minuto daquilo.                      
     Eu demorei muito tempo para poder proporcionar alguns luxos como esse para minha família. Quando comecei a receber cachês grandes eu usava para investir em empresas para ajudar a todos, então foram muitos anos de trabalho e pouco tempo de curtição com eles.
Durante a viagem eles conversavam sobre o que iriam fazer, sobre o que eles tinham preparado para esses dias, sobre o que as pessoas iriam achar e eu ouvia tudo e ria da empolgação.
- Sua família é incrível. - Lewis disse me assustando pois ele me pegou desprevenida quando levantei para ir ao banheiro.
- Não é nada como o glamour da sua né. - falei de cara feia provocando-o.
- Você não conheceu minha família de verdade, só viu um fragmento de como eles são em época de corrida. - ele se defendeu.
- E nem conhecerei, pois agora não há motivos. - disse continuando meu caminho.
- Talvez eu deva te lembrar dos motivos. - ele disse antes de passar na minha frente e me cercar impossibilitando que eu saísse.
Ele foi aproximando seu rosto do meu, sua respiração estava agitada e ele claramente estava ansioso para quebrar a distância entre nós, eu também queria, então decidi que iria usar isso como uma peça do jogo.
Me aproximei mais, deixei pouquíssimo espaço entre nossas bocas e olhei nos seus olhos, vi a luxúria que eu também sentia, mas que não iria deixar transparecer, mantive o contato visual por mais um tempo até que ele não aguentou e me agarrou com força me empurrando contra a parede e pressionando sua boca na minha.
Demorei um tempo para reagir, mas quando fui empurra-ló senti o cheiro dele e o beijo feroz dele me fez esquecer o porque eu deveria empurra-lo. Retribui o beijo com a mesma urgência.
    Ele me levantou em seu colo e me manteve prensada na parede enquanto explorava minha boca. Passei as mãos pelos seus braços e costas enquanto sentia os músculos flexionarem para me segurar.
   Estava imersa na sensação do beijo quando de repente a cortina se abre e meu tio cambaleia para dentro.
     - Eita ferro. - ele disse rindo e olhando entre eu e Lewis.
   Me contorci e Lewis me colocou no chão, empurrei ele e arrastei meu tio para fora.
    - O senhor não devia está em pé nesse estado. - eu disse puxando ele para fora.
     - Você também estava, e junto com o piloto, não de avião, mas carro. - ele falou a última parte rindo como se fosse uma piada que ele achasse muito engraçado.
     - Só senta e fica quieto, se as comissárias te veem nesse estado a gente não vai chegar no Colorado hoje. - falei forçando ele a sentar.
     - Preciso ir ao banheiro. - ele disse se desvencilhando de mim e voltando para o corredor do banheiro.
     Lewis passou por trás de mim e sussurrou:
    - Estava com saudades desse beijo. - depositou um beijo discreto em meu ombro e continuou seu caminho até sua poltrona.
———//———
      Chegamos no Colorado três horas depois e como o voo foi de noite era madrugada quando entramos na casa, mas quem disse que isso era desculpa para a galera não começar a festa.
     Nem minha avó quis dormir, ela é minha tia Flora foram fazer um tour pela casa, enquanto o restante da galera se estabeleceu na cozinha procurando comida e bebida.
     - Eu faço a comida. - Lewis disse ganhando a comemoração de todos que já estavam tomando seus lugares na mesa de jantar para jogar poker.
     Meu avô foi ajudá-lo e achei interessante a interação dos dois ao fazerem a comida. Meu avô era extremamente carnívoro enquanto Lewis era vegano, então vô achou um desaforo a forma como Lewis cozinhava e pegou no pé dele do início ao fim, enquanto isso estávamos da mesa assistindo e rindo da cena.
      Quando os dois se juntaram a nós na mesa de poker o jogo foi de 10 a 1.000 muito rápido. Meu avô era super competitivo e estressado e ele resolveu apadrinhar Lewis, assim era meu avô e Lewis contra todos na mesa.
Meu avô xingava, gritava, batia na mesa, empurrava Lewis, e eu fui percebendo que Lewis estava realmente se divertindo e voltando com o brilho no olhar.
Achei que ele iria se assustar com a agitação da minha família, mas a verdade era que ele se sentiu bem acolhido e ficou a vontade com todo aquele calor.

Apenas um encontroTempat cerita menjadi hidup. Temukan sekarang