Obsessão De Um Mafioso

Capítulo 33

Mikhail

Antonella Valentini me olha com medo. Seus olhos então encharcados. Pensa que a matarei, mas quero fazer Lorenzo sofrer mais ainda, e não vou fazê-lo matando-a.

Pego o celular e ligo para Natasha para que venha levá-la para algum lugar que não seja esse hotel. Algum lugar onde Lorenzo não consiga acha-lá. Meus homens em Veneza já me informaram que ele saiu de helicóptero, já deve estar em Roma.

— Enquanto não decido o que fazer você vai com ela — digo olhando para a filha de Piero.

— E você, não quero que encoste um dedo nela — digo para Natasha em tom de ameaça, mas como resposta ela apenas revira os olhos.

Natasha é afilhada dos meus pais, Olenka e Nikolai Barkov, crescemos como irmãos, e ela sempre foi a irmã que não apoia minhas decisões, se dependesse dela, torturaríamos Lorenzo até a morte, mas não, eu vivo com a perda de Irina, e quero que ele passe pelo mesmo. Mas ela é também minha maior parceira, meu braço direito, e a única pessoa que sei que mesmo sem concordar com tudo, irá até ao fim comigo.

Quando as duas deixam a sala fico por apenas mais alguns minutos antes de fazer o mesmo. Antes mando aos rapazes para que paguem o combinado ao gerente.

[...]

Enquanto dirijo para o apartamento em que passarei os próximos dias, penso em como minha vida mudou nos últimos anos.

Apesar de ser filho de mafiosos, e sempre ter vivido condenado a assumir o seu lugar algum dia, cresci como uma criança normal, depois um adolescente que viveu tudo quanto havia para viver.
Conheci Irina com apenas 18 anos, e não foi amor à primeira vista. Na verdade, ela era uma feminista destemida e eu um completo machista, mas de alguma forma a discórdia nos uniu.

Entre idas e vindas só nos casamos sete anos depois, quando Irina engravidou de Dimitri, nosso primeiro filho, que tem 12 anos agora.
Logo depois meus pais se aposentaram e assumi o comando da máfia, então decidi fazer certas mudanças e algumas delas envolviam desfazer alianças, conquistar novos mercados. E assim começou minha rivalidade com Lorenzo Marchetti.

Cinco anos depois do nascimento de Dimitri, vieram as gêmeas Anastasiya e Aleksandra, que estão com 6 anos. É incrível como a cada dia elas ficam ainda mais parecidas com Irina.

Irina era palestrante e activista para a protecção dos direitos da mulher e combate à casamentos prematuros, e estava saindo de uma palestra em São Petersburgo quando seu carro explodiu, a exactos três anos e sete meses.
O pior de tudo foi ter que dizer aos meus filhos, Dimitri estava com sete anos e as gêmeas apenas dois, elas eram bebês ainda.

Queria dizer que continuei um bom pai, mas perder Irina tirou tudo de bom que havia em mim. Meus pais estão com meus filhos e sei que só vou conseguir voltar a ser o pai que eles merecem depois de vingar sua mãe. E é o que farei em alguns dias.

Nunca deixei de vigiar Lorenzo, e quando ele foi a Roma, não imaginei que Antonella fosse realmente a mulher que ele ama. Só depois que eles foram para Veneza, descobri que não era apenas uma garota.

Não poderia ser melhor.
Ela é filha de Pietro.
Mesmo sem saber, Antonella e eu carregamos a mesma mágoa por Lorenzo. Ele a fez crescer órfã.

Não vou apenas fazê-lo perder a mulher que mais amou, vou fazer com que Antonella despreze ele, quero que ele sofra e veja ela viver sua vida sem ele, vê-la se apaixonar por outros homens, se casar e ter filhos, quero que ele sofra todos os dias e lembre de tudo todas as manhãs, tal como acontece comigo.

Lorenzo Marchetti terá o que merece.

[...]

Pego uma garrafa de uísque e vou directo para o meu quarto. Depois de tomar um banho gelado, visto apenas uma cueca e me jogo na cama.
No celular, abro a pasta com as fotos de Irina, desde o início, quando ela era apenas uma jovem teimosa e estupidamente atraente que eu conhecia, até quando ela era a mulher da minha vida, mãe dos meus filhos.

Ela é sem dúvidas a melhor coisa que me aconteceu.
E mesmo depois de morta, é nela que penso logo pela manhã depois de acordar e é nela que penso também em momentos como esse, jogado na cama, com uma garrafa de uísque, me afogando na saudade até conseguir dormir.