Capítulo 40

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[...sete semanas depois]

Antonella

Quase dois meses se passaram desde o acidente de Lorenzo. E ele continua em coma, ao contrário de antes, os médicos estão esperançosos, fizeram uma neurocirurgia a três semanas e estão medicando ele para curar o problema que causou o coma, e assim fazê-lo acordar. Antes eles diziam que provavelmente até hoje ele já estaria acordado, mas nada acontece, ele continua na mesma.
Já não tem os ferimentos externos, mas continua deitado naquela cama.
O maior receio dos médicos é que Lorenzo fique com sequelas graves, mas infelizmente isso eles não têm como impedir, e nem como prever, só podemos continuar esperando ele acordar.

Vou todos os dias ao hospital mas não consigo conversar com ele, não consigo falar nada. Eu só fico lá, olhando para ele até a enfermeira dizer que a hora da visita terminou.

Estou morando na mansão de onde fugi a quase dois meses atrás. Luigi também está aqui para cuidar de Grazi e eu, perguntei sobre os negócios e ela disse que Madrinha está cuidando de tudo.
Tentei falar com Grazi sobre o porquê de evitar falar comigo ou sequer me olhar, mas ela disse que não é nada pessoal, ela só está preocupada com o irmão, mas sei que é mentira, ela me culpa, eu ouvi ela dizendo ao Luigi que se eu não tivesse fugido, ele não teria entrado naquele helicóptero.

As vezes sinto alguém me seguindo, e tenho quase certeza que vi Mikhail no hospital uma vez. Luigi mandou colocar segurança no hospital e na porta do quarto do Lorenzo, apenas eu, Grazi, Luigi, a Madrinha e Nina podemos entrar.
Sim, Nina visita Lorenzo duas a três vezes por semana e não, ela não me trata mal ou a qualquer outra pessoa. Ela entra, vê Lorenzo, e sai chorando.

[...]

São quase oito da noite, Grazi e eu estamos comendo quando Luigi entra na cozinha correndo. Ele está vestindo a mesma roupa de minutos atrás quando subiu dizendo que ia tomar um banho e descia para comer.

— Lorenzo acordou — diz de uma vez e tanto Grazi como eu nos levantamos e olhamos para ele com uma mistura de surpresa e alegria — Estou indo ao hospital, alguém vem comigo?

— Claro — respondemos em simultâneo.

— Vou só pegar um casaco — Grazi diz saindo.

Meu casaco e bolsa estão na sala então apenas corro até eles e visto o casaco e carrego a bolsa. Grazi não demora e desce. Saímos para a Garagem onde enquanto Luigi liga o carro, Grazi fala com Madrinha informando que Lorenzo acordou, os médicos não adiantaram muito, apenas que estavam fazendo exames para ver se haverá alguma sequela grave.

[...]

— Doutor, boa noite, podemos vê-lo? — Luigi pergunta ao médico que está cuidando de Lorenzo.

— Boa noite, apenas uma pessoa pode entrar hoje.

— Por quê? Meu irmão não está bem? — Grazi pergunta.

— Ainda não sabemos. Os resultados do exames sairão amanhã. Uma das sequelas prováveis era a perda de memória, mas felizmente Lorenzo se lembra do acidente, se lembra do seu nome, nome dos membros da sua família e sobre coisas como o nome do presidente, em que ano estamos, etc, aparentemente não há perda de memória de longo ou curto prazo. Quanto a perda de movimentos do corpo, também estamos com indícios positivos, ele consegue mexer membros superiores e inferiores e não tem dores fortes.

— Então por quê não podemos vê-lo? — pergunto.

— Lorenzo pode ter problemas mais graves. Acreditamos que na queda houve um embate forte na cabeça que deixou Lorenzo em coma primário, provavelmente por isso ele sobreviveu, ele já estava em coma quando foi resgatado.

— Que problemas graves? — pergunto com medo da resposta.

— As hipóteses são muitas, mas não vamos esperar pelo pior. — ele diz esperançoso — Ele já provou ser um homem forte — olho para ele mostrando que mesmo assim, quero saber que problemas ele pode adquirir — Em caso de sequelas, podem ser paralisia cerebral, tumor, inflamação nos nervos, etc, ou problemas comportamentais como mudança na personalidade, depressão. Mas por favor, fiquem calmos, conversem com ele, quem for entrar, não fale de coisas ruins, mostre que estamos todos crentes que ele vai estar bem.

— Obrigado — Luigi responde. Na minha cabeça só consigo repetir todas as doenças que ele mencionou. E se Lorenzo tiver uma dessas coisas?

— Agora preciso ver outros pacientes. A enfermeira Farida os levará até o paciente. Fiquem preparados para tudo da parte dele, ele está confuso, mas não o deixem mais ainda, sejam compreensivos.

O homem termina e mais uma vez agradecemos. Ele se afasta e o vejo entregar o prontuário médico de Lorenzo a uma enfermeira, levar outro e seguir até o elevador.
Quando não o vejo mais, suspiro e me viro para Luigi e Grazi.

— Você pode entrar — digo para Grazi — Com certeza seu irmão ficará feliz em saber que você está aqui.

— Obrigada, mas todos sabemos quem ele gostaria de ver — ela diz e sorri. Olho para Luigi como se buscasse uma opinião e ele assente.

— Obrigada. — na verdade tudo o que mais quero é vê-lo acordado, ter certeza de que ele está vivo, não aguentava mais vê-lo como um cadáver naquela cama.

A enfermeira Farida, a que está cuidando de Lorenzo, aparece e nos cumprimentos com certa intimidade. Nos vemos todos os dias a mais de um mês, então não é algo tão estranho.

— Boa sorte — diz quando fecha a porta.

Suspiro e caminho até a cama.
Lorenzo está com os olhos abertos, mas seu olhar está fixo no teto, é como se ele não me ouvisse chegar.

— Lorenzo? — minha voz é fraca, os médicos disseram que ele se lembra de tudo, mas mesmo assim tenho medo que ele não me reconheça ou não me ame mais.

De tudo que os médicos, cirurgiões e enfermeiros explicaram para a gente, o que mais entendi é que Lorenzo não será a mesma pessoa.

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