Capítulo 37

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Antonella

— Lorenzo está em coma — sua voz é fraca — Ele está sendo mantido vivo por máquinas e os médicos temem uma morte cerebral — as lágrimas começam a descer dos meus olhos como em uma cachoeira.

Não consigo dizer uma palavra sequer. Eu só consigo pensar que a qualquer momento o homem que amo pode morrer.

— Antonella, eu... — ele não termina — Eu não sei o que fazer, mas acho que ele gostaria que você estivesse aqui. — engulo em seco.

— Ele não pode morrer Luigi — digo chorando — Eu não posso perder mais alguém que amo.

Luigi não diz nada. Imagino como ele deve estar a sofrer tendo que lidar com tudo isso. Ele com certeza viu com seus próprios olhos, deve estar horrível.

— Eu preciso ir. Mariano e o piloto do helicóptero infelizmente não sobreviveram à queda e preciso cuidar de tudo. Grazi estava fora do país para evitar algum ataque dos russos e preciso assegurar que ela chegue bem. Aconteça o que for, queremos estar com ele — não sinto qualquer esperança em sua voz e isso me destrói mais ainda.

— Mas ele pode sobreviver, não pode?

— Não sei, mas espero que sim. Estamos nos preparando para tudo. — ele suspira — Não vamos manter os aparelhos ligados em caso de morte cerebral. Todos sabem que é irreversível e não queremos que ele sofra.

— Eu.. eu estou indo aí agora mesmo. Vou só ver aqui pela internet um bilhete de trem, se tiver algum saindo ainda hoje eu vou.

— Tudo bem. Se precisar de dinheiro para pagar qualquer coisa é só dizer.

— Obrigada, mas não preciso. Até logo Luigi. Cuida dele por favor.

— Estou dando o meu máximo — diz e depois de um silêncio doloroso terminamos a ligação.

•••

Infelizmente nenhum trem sai para Roma hoje. Comprei o bilhete para o primeiro de amanhã, provavelmente só até as 10 horas de amanhã estarei com Lorenzo.

E isso é agonizante.
Não sei o que fazer. Com certeza dormir é algo que mesmo que eu queira não irei conseguir.

Pela primeira vez em muito tempo, vejo uma única coisa que posso fazer.
Fico de joelhos no chão gelado, junto as palmas das minhas mãos e fecho meus olhos.

Fico em silêncio por muito tempo. Sem saber como começar.

— Deus! Sei que eu deveria ter seguido um caminho mais próximo do Senhor, servi-lo e buscar mais almas para seguir a sua palavra. Eu sei que mereço a angústia que me segue todos os dias, mereço esta vida desordenada, essa falta de sossego, porque conheci a sua palavra e escolhi o mundo. — sinto as lágrimas molharem minhas bochechas — Sei que Lorenzo talvez esteja tendo o que merece, sei que ele mata, fere, e vai contra todas as coisas que o senhor ensina. Mas o Senhor é meu único refúgio. Deus eu peço por favor, não deixe que ele morra. Eu... eu sei que a sua vontade deve prevalecer sobre as nossas, senhor. Mas eu preciso dele, já nasci perdendo. Perdi minha mãe e nem sei para quê, perdi meu pai, perdi meu único amigo, perdi tudo o que tinha. Não sei se Lorenzo e eu temos algum futuro, mas não o leve agora Deus. Por favor, eu só preciso de mais tempo, nós precisamos. Por favor. Eu te peço, senhor volte para a minha vida, me perdoe por me desviar do seu caminho — tento frustradamente limpar meu rosto com as mãos, elas que ficam completamente inundadas. — E receba a alma de Mariano, lhe conceda o seu perdão pelos pecados da carne — sou interrompida por alguém batendo a porta. — Amém!

Me levanto com os joelhos doloridos. Olho para o celular e são quase 21 horas. Me pergunto quem será. Não só está tarde, como ninguém se importa comigo para vir aqui.

Mesmo assim vou para a porta e ao abri-la me deparo com Mikhail. Suspiro.

— Vejo pelas lágrimas que já falou com Lorenzo — diz com sarcasmo.

— SAI DAQUI — grito com raiva — Me esquece cara. Se quiser me matar, vai em frente, mas para de me atormentar — cuspo as palavras com raiva e quando vou fechar a porta ele me impede.

— Devia gritar com ele, eu apenas te mostrei a verdade. — não sei como, mas quando dou por mim, minha mão está no rosto dele. Mikhail me olha admirado. Ele põe sua mão no lugar onde a minha esteve e parece não acreditar que levou um tapa de alguém que ele poderia ter matado.

— Olha aqui... — ele começa mas não o deixo terminar.

— Olha aqui você! — esbravejo — Lorenzo está quase morto, você já conseguiu, então poupe a todos e volta para o lugar de onde não deveria nem ter saído — digo e desta vez consigo fechar a porta.

Obsessão De Um Mafioso Onde as histórias ganham vida. Descobre agora