Capítulo 28

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Lorenzo

Não consegui dormir nem por um segundo.
Passei a noite do lado de fora do quarto, ouvindo os gritos de Antonella, e depois ouvindo meu próprio choro.

Acho que não chorava desde que era um bebê. Nem quando meu pai morreu eu derramei uma lágrima que fosse.
Sempre aprendi que homens de verdade não demonstram fragilidade.

Mas nada disso é o que eu planejei. Não quero manter Antonella presa, não quero que ela me ache um filho de uma puta. Tudo o que eu queria era simplesmente amá-la, e fazer dela minha mulher. Não sei porquê tem tudo que ser tão complicado.

— Eles não fizeram nada, se nós agirmos primeiro seremos vistos mais uma vez como os errados da história — a madrinha diz. Nada disso me interessa, mas infelizmente preciso cuidar de tudo, manter Grazi e Antonella em segurança.

— Mas eles estão em Veneza, e todos sabemos o porquê — Luigi está certo, mas não é assim como as coisas funcionam.

— A cidade é livre — digo pela primeira vez na conversa — Apenas os mantenha vigiados — digo directamente a Luigi — Qualquer movimento suspeito reporte a mim. Mesmo que pareça algo irrelevante.

— Entendido. — ele se levanta — Então vou lá.

Luigi deixa a sala.
Estamos só eu e a madrinha agora. Neste momento não quero que ela diga nada inconvincente porque sei que não respondo por mim se isso acontecer.

— Grazi está segura? — seu tom é como o de uma mãe quando sabe que errou.

— Metade dos nossos homens estão fazendo a guarda dela e de Antonella em casa, mas sabemos que nunca é o suficiente.

— Você vai resolver isso como sempre.

— É. Eu sei — digo sem olhar para ela.

— Me refiro a tudo, você pode resolver isso com Antonella — suas palavras chamam minha atenção. Então a olho.

— Você precisa contar tudo. Eliminar todas as mentiras agora.

— Isso não vai acontecer. — não é que eu não queira, mas isso não a faria me perdoar, pelo contrário ela iria embora na primeira oportunidade.

— Lorenzo aquela garota é uma Valentini. Está no sangue dela, mesmo que tenha crescido com freiras, ela tem os genes da máfia, uma hora ela vai compreender tudo, e se ela realmente te ama... — a interrompo.

— Ela me ama!

— Então ela vai te perdoar por mentir.

Suspiro — Por favor, preciso ficar sozinho.

Ela não discute e sai.
Isso pode até parecer o mais correto, mas eu não sei se Antonella perdoaria o facto de que eu matei seu pai, ameacei seu amigo, ou que matei várias outras pessoas inocentes, como Irina Barkov.

Acho que em todo esse tempo idealizando meu encontro com Antonella não pensei muito bem nisso. Sempre achei que explicaria a ela que o que aconteceu com Valentini não tivesse acontecido se eu soubesse da sua existência.
Mas para mim mesmo isso parece uma grande idiotice agora. Ninguém perdoa o assassino de alguém amado assim.

Se Alguém tirasse a vida da minha irmã ou de Antonella eu não aceitaria nenhuma explicação, qualquer que fosse. Eu nunca perdoaria. Pelo contrário, me vingaria da pior forma possível.

[...]

Já passaram algumas horas e estou tentando continuar com os negócios ignorando o facto de que minha vida está um caos. A máfia e o grupo Marchetti não podem sofrer qualquer impacto directo de tudo isso que está acontecendo.
A pior parte de ser líder da máfia, é que você só é o chefe quando as coisas estão boas, porque quando há crise, todos querem sua cabeça, então enfraquecer está fora de questão.

Estou assinando alguns documentos da empresa, quando Luigi entra sem bater me fazendo olhá-lo preocupado.
Só consigo pensar em Grazi e Antonella. Com os russos aqui, elas não estarão seguras.

— O que aconteceu? — pergunto me levantando pronto para voar para onde quer que elas estejam.

— Mariano tentou te ligar, onde está seu celular? — com tanta coisa acontecendo, deixei ele descarregado. Merda. Pior momento para isso.

— O que aconteceu porra? — esbravejo sentindo as batidas do meu coração a mil. Em alguns segundos minha mente cria inúmeras situações e em todas elas Antonella e Grazi estão em perigo e tudo porque eu não as protegi.

— Antonella sumiu.

Merda. Merda. Merda.

— Como isso aconteceu? — pergunto enquanto saio do escritório apressado e Luigi me segue explicando.

— Não sei, mas pelo que Mariano me falou, não há nenhum sinal dos russos. — ele suspira — Eles acham que ela fugiu por conta própria.

— Merda. Ela voltou pra Roma.

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