Capítulo 34

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Antonella

Parece que mafiosos têm a mania de deixar as pessoas em cárcere privado.

A ruiva levou apenas meu celular, então, pelo relógio, consigo ver que passam trinta e duas horas desde que ela me deixou nesse quarto trancada, com apenas uma garrafa de água.

Estou com raiva do Lorenzo, por ele ser um desgraçado filho da mãe que matou uma mulher inocente e deixou crianças sem sua mãe. Mas não sinto pena de Mikhail, ele está prestes a fazer o mesmo, então eles são iguais, Lorenzo apenas fez isso primeiro.

Independentemente de querer vingança, o que diabos eu tenho a ver com tudo isso? Eu nem conhecia ele quando tudo isso aconteceu. Ele também está prestes a resolver seus problemas matando uma inocente, e isso não o torna menos culpado.

[...]

— POR FAVOR! Estou morrendo de fome — Orgulho nenhum resiste a fome. E sei que ela está do outro lado. Se eles ainda não decidiram me matar, não quero que isso aconteça acidentalmente.

— POR... — paro quando a porta é aberta e Natasha aparece com uma caixa de pizza e uma garrafa de água. Ela me olha com desdém e joga o que estava em suas mãos no chão com brutalidade.

— Obrigada — digo depois que ela fecha a porta. Mas não muito algo, não quero mesmo que ela ouça.

Vou o mais rápido que consigo para o chão e ao abrir a caixa de pizza me deparo com apenas uma metade de uma fatia. Merda. Essa mulher é doente. Para piorar, a merda de pizza tem algumas dentadas. Ela me deu suas sobras.
Sinceramente por que eles não fazem isto com o Lorenzo?! Pensei que mafiosos fossem uma classe de bandidos com honra.

[...]

— Ei, Antonella — abro os olhos com dificuldade. Nem sei em que momento dormi.

— Já decidiu o que vai fazer comigo? — pergunto ainda na posição em que me encontrava. Sei que é ele.

— Por enquanto só quero levá-la para comer alguma coisa. Natasha confessou que a deixou passando fome. — olho para ele indignada. Fiquei por mais de quarenta e oito horas sem comer absolutamente nada e ele fala como se fosse a coisa mais sem interesse do mundo.

— Ela tem alguma coisa contra mim ou é assim com todos que vocês sequestram? — desta vez pergunto enquanto olho em seus olhos.

— Eu não te sequestrei — ata.

[...]

Mikhail saiu deixando uma muda de roupa e me pediu para me arrumar.
Depois de tomar um banho longo, visto a calcinha que me alegro ao ver que tem a etiqueta ainda, então é nova. O vestido xadrez preto e branco que vai até pouco abaixo do joelho e o salto nude já não parecem nunca terem sido usados, mas ainda assim, visto-os e me sinto bonita quando olho para o espelho.

 O vestido xadrez preto e branco que vai até pouco abaixo do joelho e o salto nude já não parecem nunca terem sido usados, mas ainda assim, visto-os e me sinto bonita quando olho para o espelho

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Vejo que ao lado das peças está um "la vie est belle". E depois de sentir seu aroma doce e floral, não penso duas vezes para passá-lo pelo corpo, tentando não exagerar.

Pronta, vou até a porta, e ao abri-la me espanto com Mikhail. Ele ficou me esperando aqui?
Ele está usando um Ermenegildo Zegna preto. A camisa também é preta e está com os botões do topo abertos deixando à mostra algumas tatuagens em seu peito.
Quem diria? Lorenzo não só me fez conhecer marcas de ternos, mas reconhecê-las sem precisar fazer esforço algum.

— Você está linda — diz enquanto se aproxima.

— Essa foi a roupa que Irina vestiu no nosso último jantar romântico — faz uma pausa e continua chegando mais perto até que para quando míseros centímetros separam nossos rostos.

Não consigo esconder minha respiração acelerada. Meu rosto não expressa nada. E não consigo esconder isso, por mais que eu tente.

Inesperadamente ele leva seu rosto para o meu pescoço, cheirando-o, e o toque do seu nariz em mim faz um arrepio percorrer minha espinha.

— O cheiro dela — diz ainda sem olhar para mim.

Engulo em seco. Será que de alguma maneira ele pensa que eu posso substituir a esposa morta dele?

Mikhail fica na mesma posição por alguns minutos então mesmo com medo de como ele vai reagir, me afasto.

— Eu... humm — não sei o que dizer.

Mas ele não me olha furioso ou com raiva. Pelo contrário, parece envergonhado.

— Me perdoe — se afasta — Você deve estar com fome, vamos.

Concordo com a cabeça e descemos para a sala onde a mesa está posta. Graças a Deus é comida italiana, mas olho para ele que parece entender o questionamento em minha expressão.

— Contratei uma cozinheira do seu país — diz sem dar muita importância.

Antes que eu possa reponder Natasha passa por nós resmungando alguma coisa que não entendo. E quando deixa o apartamento bate a porta com força.

— Vem, sente-se — diz Mikhail que já está do outro lado da mesa, então faço o mesmo e me sento.

[...]

— Então, você gostou?

— Sim, obrigada — sorrio.

— Seu pai gostava muito de cannelloni — arregalo os olhos.

— O quê? Você conheceu ele? — Mikhail sorri de lado enquanto assente.

— Lorenzo também o conheceu, nunca te falou? — depois de um tempo nego com a cabeça. Não sei quem é mais confiável, Mikhail que pode acabar com a minha vida a qualquer momento ou Lorenzo que diz me amar mas mente sobre tudo.

— Então você não sabe como seu pai morreu? — não respondo. Apenas suspiro. Por quê isso agora?

— Não, eu não sei e já passou muito tempo, não é algo tão importante.

Mikhail não diz nada. E ficamos assim por alguns minutos, em silêncio. E pela primeira vez tomo o vinho que ainda estava intacto no meu copo.

— Tem certeza? — Mikhail pergunta sem olhar para mim.

— Você tem certeza que não quer saber como seu pai foi morto?

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