Capítulo 25

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Antonella

Enrico não me deixa dizer mais nada e desliga.
Penso em ligar uma outra vez. Preciso de uma explicação. Ou ele está enlouquecendo ou está querendo me deixar louca.

— Antonieta?

Olho para o lado. Era só o que me faltava. Nina de Angelis está do meu lado com seu olhar de superioridade.
Não pode ser coincidência. Será que está todo mundo armando para me deixar maluca? Não é possível.

— Desculpa, a conheço? — retribuo o tom e também banco a desapercebida. Se ela acha que eu me chamo Antonieta, eu sequer sei como ela se chama.

Ela ri de forma debochada e senta na cadeira vazia ao meu lado. Merda. Eu só precisava de um tempo para pensar.

— Acho que nós duas nos conhecemos muito bem — diz enquanto guarda sua bolsa na mesa e tira os óculos do rosto.

— O que você quer? Eu já estava de saída — no mesmo momento está passando um garçom próximo a minha mesa. Pela primeira vez no dia algo de bom acontece.
Faço um sinal para o chamar e ele se aproxima — A conta por favor — digo.

— Então, você é a famosa Antonella Valentini.

— Pensei que fosse Antonieta — digo de forma sarcástica — Acho que a famosa aqui não sou eu!

O garçom volta com a conta. Pago e me levanto. Não digo nada e caminho para fora do café. Mas de nada vale, pois Nina vem logo em seguida.

— Precisa me falar algo?

— Na verdade só quero te dar os parabéns.

— Parabéns? — pergunto sem entender.

— Sabe, você parece uma menina nova, é corajoso entrar em um relacionamento com um homem como o Lorenzo.

— Olha, se tem algo para me dizer, fale de uma vez. Não estou com paciência para joguinhos — nesse momento consigo parar um táxi.

— São poucas mulheres, ainda mais tão novas, que conseguem estar em um relacionamento com um Mafioso. Ainda mais o Don Lorenzo.

— O quê? — minha voz quase não se ouve.

Não.
Não.
Não.

Lorenzo não é mafioso. Lorenzo não é mafioso.
Merda! Por quê isso está acontecendo comigo?

Nina diz algo, mas não consigo ouvir, tudo está girando. Meu coração está acelerado, minhas mãos tremendo. Minhas pernas não estão tão firmes quanto deveriam. Na verdade, se não fosse pelo táxi ao meu lado, eu estaria no chão.

Quando finalmente consigo voltar a processar como uma pessoa normal, ouço a voz do motorista — Você vem ou vai ficar aí?
Olho para Nina que se diverte no a situação. Procuro alguma resposta, mas não consigo pensar em nada, então, prefiro entrar no táxi.

— Para onde vamos?

— Não sei. Só dirige.

[...]

Depois de quase duas horas girando pela cidade, não tenho outra escolha senão encarar a realidade. Encarar Lorenzo, que já ligou umas vinte vezes, mas não quero ouvir sua voz; não sem olhar para seus olhos. Preciso que ele responda as perguntas que tenho olhando para os meus olhos.

— Antonella onde você estava? Meu irmão passou o dia como louco atrás de você!

Olho indignada para Grazi. Será que ela sabe disso tudo?
Porra. Ela sempre disse que somos amigas. Será que alguém não contaria isso a uma amiga?!

— Onde ele está?

— No escritório, mas... — antes que ela termine saio correndo em direcção ao escritório.

Tenho um monte de perguntas formuladas na minha cabeça e preciso fazê-las agora.
Não posso esperar mais.
Preciso saber se cometi o maior erro da minha vida.

Quando chego na porta, ouço vozes, mas não hesito em abri-la.
Lorenzo, Luigi e a madrinha me olham surpreso. Lorenzo caminha em minha direcção.

— Você está bem? Eu estive preocupado sem saber sua localização.

Suspiro. Minha cabeça me diz para me acalmar e falar com ele quando estivermos só nós dois. Mas não posso. Não consigo.

— Você é da máfia?

— O quê? Como assim? — ele pergunta no mesmo momento. Se estivéssemos só nós dois talvez ele me enganasse, mas a reação de Luigi não deixa qualquer dúvida.

— VOCÊ É A PORRA DE UM MAFIOSO LORENZO? — grito com raiva.

— Antonella, se acalme, por favor — ele tenta segurar meus braços mas me afasto.

— Não toque em mim — falo quase tremendo de raiva e já com lágrimas descendo por meus olhos — Você não respondeu Lorenzo.

Ele suspira e olha para baixo — Sim. Me perdoa eu queria te contar, mas... — o interrompo.

— Você mandou bater no Enrico? — pergunto olhando para os olhos dele.

— Antonella, você precisa me deixar explicar.

— Só responde. Você fez isso?

— Por favor...

— REPONDE MERDA! — grito chorando.

— Me perdoa — quando ouço suas palavras, rio, rio sem acreditar, rio de raiva, mas não dele, raiva de mim por ser tão burra. Como eu não consegui perceber? Ele não é nada do que eu pensei.

Novamente Lorenzo tenta segurar meu braço enquanto se explica, mas me recuso a ouvir qualquer palavra dita por ele, ou deixar que me toque — Não-toca-em-mim — digo de forma pausada enquanto me afasto.

— Tudo isso tem uma explicação.

— QUE EXPLICAÇÃO? Como você explica o facto de que me conhecia antes do dia em que nos encontramos pela primeira vez? — ele arregala os olhos. Seu rosto fica vermelho, pela primeira vez. Pela primeira vez parece que eu disse algo que o afectou.

Espero que ele diga algo, mas não. Ele se mantém em silêncio.

— Eu vou embora. — me afasto ainda mais — Eu quero voltar para Roma hoje mesmo Lorenzo. Quero que você me esqueça e nunca mais olhe para mim.

— Eu não posso te deixar ir Antonella.

— Não pedi sua permissão, estou apenas te informando que essa merda acabou e que eu vou embora.

— Você está nervosa demais para entender. Se quiser voltar para Roma, tudo bem, eu vou com você, mas eu vou te explicar tudo, e você vai entender que eu sou a pessoa que mais te ama nesse mundo.

Antes que eu possa responder alguém limpa a garganta. Lorenzo e eu olhamos em direcção a Madrinha. Merda. Eles ainda estão aqui.

— Lorenzo você não pode sair de Veneza, Mikhail Barkov está aqui.

— O quê? — Lorenzo e Luigi perguntam exactamente no mesmo momento. E incrivelmente, os dois estão pálidos como se tivessem visto um fantasma.

— Quem é Mikhail Barkov?

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