Capítulo 45

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Mikhail

— Você também vai desistir? — pergunto a Natasha que me olha e nega com a cabeça.

— Eu sinto muito Mikhail, muito mesmo, mas não posso continuar com você nisso. Eu escolho a minha família, se você quer continuar com essa loucura, tudo bem. Eu ainda tenho o que perder.

Não continuo tentando convencê-la. Ninguém entende o meu lado.

— Preciso de um último favor — ela me olha desconfiada.

— Preciso das chaves do nosso galpão aqui em Veneza — até isso eles tiraram de mim.

— O que você está planejando Mikhail?

— Vou fazer o que você e todos me exigiram esse tempo todo — olho nos olhos dela — Vou matar Lorenzo.

Ela me analisa, como se tentasse saber se estou falando a verdade ou não. Mas no final parece acreditar.

— Não faça uma besteira — diz pegando um molho de chaves no bolso da jaqueta — Não sei qual delas é, mas está aí. — sei que ela sabe, mas não vou insistir.

— Obrigado — digo e ela assente, saindo.

Meu pai reassumiu a liderança da máfia e me afastou, ou seja, perdi todos meus soldados, armas e dinheiro. Disse que só me aceitaria de volta quando eu tivesse resolvido isso.

Então decidi unir o útil ao agradável.
Percebi que Antonella não é capaz de deixar Lorenzo, não sei se é pelo acidente, ou ela realmente o ama ao ponto de perdoar o que ele fez. O que agora percebo que não é algo totalmente improvável, Antonella tem o sangue de mafiosos, mesmo que tenha crescido em um convento, ela tem isso no sangue.

Tenho vigiado Lorenzo e Antonella nos últimos meses. Lorenzo voltou a trabalhar, passa o dia na empresa, excepto pelas vezes que vai para o consultório da psicóloga. Antonella faz algumas caminhadas, vai a compras com a irmã de Lorenzo e raras vezes, sai para comer. Fora isso, passa dias inteiros na casa.

•••

Caminho até o carro de Lorenzo, no estacionamento da empresa, no mesmo lugar de sempre, a vaga do CEO. Olho em volta para ver se alguém me vê. E ninguém está no lugar.
As câmeras podem me pegar, quero mesmo que ele tenha certeza de que eu deixei isso.

Colo o bilhete no vidro do carro e saio andando.

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Lorenzo

Alguns minutos depois que Antonella deixou o quarto Graziela apareceu, me olhando furiosa, não sei por que motivo.

— O QUE ACONTECEU COM VOCÊ? — grita me fazendo olhá-la sem perceber.

— Como assim? — pergunto.

— VOCÊ ESTÁ DEIXANDO O AMOR DA SUA VIDA CARALHO.

— Primeiro, para de gritar por favor — peço calmo — Segundo, isso é entre Antonella e eu.

— Lorenzo, você é meu irmão, então isso me envolve também sim. Eu nunca tinha visto você tão feliz, Antonella é a mulher da sua vida, você tem que parar de ser babaca, que porra, eu entendo que o acidente mexeu com a sua cabeça, mas isso não é justificativa para você se transformar em um medroso de merda e deixar a mulher da sua vida.

— O que você quer? Eu matei o pai dela porra — digo me sentindo chateado, estou sofrendo muito mais que ela com isso tudo.

— Você lembra o que me prometeu quando me mandou para Paris e estava decidido a voltar para Roma? — pergunta olhando em meus olhos.

Eu lembro, muito bem na verdade.

— As coisas mudaram — digo baixo.

— O que mudou? Lorenzo o que mudou?

— AGORA EU SINTO CULPA CARALHO — grito — Eu me sinto culpado por destruir a vida dela. Eu matei a única família que ela tinha, depois afastei o melhor amigo dela. E para piorar, ela está na mira do Mikhail, você sabia que ele a sequestrou? Como eu posso querer cobrar algo dela?

— Lorenzo — ela nega com a cabeça — Antonella não precisa que você cobre nada, ela só precisa que você seja o mesmo de antes, que a ame. Ela nem conheceu o pai direito merda, mas ela te conhece e te ama. Ela voltou quando soube que você podia morrer, e te suportou por meses enquanto você nem olhava para a cara dela. E ela já sabia que você matou o pai dela, acha mesmo que ela não te perdoou?

Penso em suas palavras. Graziela está certa, de alguma forma. Antonella já sabia da verdade, mas mesmo assim continuou aqui.

— Você precisa perdoar a si próprio, só isso. Antonella te ama e sei que você também a ama.

Não consigo achar a melhor resposta, então não digo nada. Só consigo pensar em como eu não percebi isso. Ela ficou aqui mesmo sabendo da verdade.

•••

Dia seguinte

Preciso falar com Antonella, mas quando vou até ao seu quarto, ela ainda está dormindo, com os olhos inchados e o rosto vermelho, com certeza ela passou a noite inteira chorando, não me sinto no direito de acorda-la.

Decido ir para a empresa. Minha secretária reagendou as reuniões de ontem para hoje, todos no período da manhã. Vou participar delas e volto para falar com Antonella assim que terminar. E desta vez, vou pedir seu perdão.

Ao chegar na empresa, tudo corre perfeitamente, acho que sou melhor como empresário que mafioso.

Depois de três reuniões, a primeira com os diretores das filiais, a segunda com potenciais investidores americanos e a última com clientes que faziam questão de falar com o CEO antes de assinar o contrato.

Quando termino são duas horas da tarde, informo a secretaria que estou saindo e vou ao elevador. Ao chegar no estacionamento, vou em direcção ao meu carro, mas no vidro da frente tem um pequeno bilhete. Tiro-o e um sentimento que a meses não tinha me invade ao lê-lo: raiva.

"Se quer que sua queridinha Antonella não tenha o mesmo final que Irina, me encontre no endereço no verso. Estou esperando por você"

Não precisa de uma assinatura para que eu saiba de quem se trata. Viro o papel e tem o endereço que conheço muito bem, o galpão dos russos, eu mesmo fechei o negócio, antes de Mikhail decidir me trair.

Sei que ele não vai desistir até conseguir sua vingança, e preciso proteger Antonella e Grazi, então não tenho outra escolha, se não enfrentar isso de uma vez.

Entro no carro decidido, mas quando penso que para me livrar de Mikhail terei que matá-lo, um arrepio percorre meu corpo.
Talvez eu fizesse isso com mais facilidade antes, mas agora não sei.

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