Obsessão De Um Mafioso

Capítulo 41

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Antonella

Ele continua encarando o teto, como se não me ouvisse. É como se eu não estivesse aqui. Não sei se ele está me ignorando ou está apenas digerindo ainda as informações que recebeu.

— Lorenzo? Você está bem? Está me ouvindo? — pergunto um pouco mais alto, me aproximando mais.

Ele fecha os olhos.

— Antonella, me desculpe, eu não ouvi — diz já com os olhos abertos, mas não olha para mim.

— Tudo bem? Quer que eu chame o médico?

— Não não, ele está praticamente saindo daqui, e disse que está tudo bem. Eu me sinto bem, estou um pouco tonto e mais nada. — ele finalmente me olha, mas seu olhar é distante, como se ele não quisesse me olhar, como se eu fosse uma estranha.

— E você? Tudo bem? Me falaram que fiquei aqui por quase dois meses — pergunta se ajeitando na cama.

— Está sim, tudo bem. Na verdade eu só estava com medo — suspiro — Medo de que você... — engulo em seco.

— Está tudo bem. Obrigado por se preocupar — ele diz sem emoção alguma.

Não sei o que dizer.
Ele está distante, diferente. Mas me lembro das palavras do médico. Ele está confuso e precisamos ser compreensivos.

— Grazi e Luigi estão lá fora, ficamos felizes quando o hospital ligou e disse que você estava acordado. Mas infelizmente só uma pessoa poderia entrar.

— Graziela voltou? Ela não está segura aqui, e nem você. — diz completamente frio.

— Parecia o melhor, você precisava da gente — ele não responde.

— Me falaram que Mariano não sobreviveu — engulo em seco.

— Infelizmente ele e o outro homem faleceram. Os médicos falaram que você só sobreviveu porque... — paro de falar. Não sei se posso continuar por esse caminho, falaram que precisamos ser cuidadosos e não deixá-lo ainda mais confuso.

— Tudo bem. Já me falaram que bati com a cabeça em algo, ou algo bateu em mim, provavelmente no início da queda. Eu já estava em coma quando os outros morreram.

Apenas fico olhando para ele. Quero tocá-lo, mas tenho medo de como ele pode reagir.
Então continuo o observando, não estou nem muito perto e bem muito distante.

— Preciso descansar, minha cabeça está doendo.

— Ah, claro, tudo bem. Eu, eu já estou saindo.

— Obrigado. E obrigado por vir, agradeça por mim a Grazi e Luigi também. — desta vez, tenho seus olhos sobre mim enquanto ele fala — Você está magra, tente comer mais. Eu estou bem.

Suas palavras me fazem sorrir.
Ele se preocupa comigo. Talvez ele só esteja confuso mesmo. Não está com mudança de personalidade.
Quando descobri que uma das sequelas que Lorenzo pode ter é a mudança de personalidade, li que pessoas com esta condição, podem passar a detestar coisas que amavam ou amar coisas que detestavam.

— Até amanhã. — digo e vou beijar a testa dele, e o vejo ficar desconfortável.

[...]

— Você não disse quase nada. Ele parecia bem? — Grazi pergunta quando entramos na casa. São quase 23 horas.

— Não sei. Ele me tratou de um jeito estranho.

— Estranho como? Ele não se lembra? — Luigi pergunta preocupado.

— Não, lembra, mas ele estava frio, indiferente, sei lá, deve ser o que os médicos falaram. Ele está confuso.

Ninguém diz mais nada. Sei que estamos todos cansados e com muita coisa na cabeça. Foi difícil viver sem Lorenzo, e agora talvez teremos que aprender a viver com uma nova versão dele.

— Estou cansada, vou tomar um banho e dormir. Boa noite para vocês.

— Boa noite — os dois respondem em simultâneo.

[•••]

Alguns dias depois

Os exames não constataram a presença de nenhum problema grave em Lorenzo. Graças a Deus. Além das alterações comportamentais, ele está como novo. E recebeu sua alta hoje, Luigi foi buscá-lo.

Na mansão, Madrinha, Grazi e eu estamos organizando uma pequena festa para recebê-lo. Estão algumas pessoas que presumi deram parte da máfia, Grazi disse que são pessoas próximas, que para Lorenzo são como família. Nina também está aqui, mas em nenhum momento ela me desrespeitou. O único momento em que falamos foi quando ela chegou e tive que recebê-la.

— Luigi disse que eles estão entrando na mansão — Grazi informa a todos para que se escondam em seus lugares como foi ensaiado. E quando cada um o faz, ela apaga a luz.

Ficamos assim, no escuro, em silêncio, esperando que Luigi e Lorenzo abram a porta e todos gritem "surpresa".
Foi ideia da Graziela e sinceramente não sei se é tão boa quanto parecia no início.

Passam mais dois ou três minutos até que ouvimos a porta sendo aberta. Mesmo no escuro consigo ver que quem entra na frente é Lorenzo, e logo depois Luigi que liga as luzes.

— SURPRESA — todos gritam. Eu deveria fazer o mesmo, mas não consigo, quando vejo que Lorenzo se assusta.

Ele põe a mão na cabeça, como se ela estivesse doendo e isso me preocupa.

— Está tudo bem? — pergunto indo até ele.

— Está sim — ele força um sorriso — Obrigado a todos.

Todos vão até Lorenzo para dizer o quão estão felizes por ele estar de volta, mas em menos de dez minutos ele diz que precisa subir para tomar um banho e tirar o cheiro de hospital.
Pergunto se ele precisa de ajuda, mas ele responde que é melhor que eu fique para ajudar Grazi com os convidados e sobe.

O tempo passa, passa e passa, mas nada de Lorenzo voltar. Então, não ligo se ele me mandou ficar aqui, subo até o quarto e o encontro deitado na cama.

— Você está bem?

— Precisa parar de me perguntar isso — pela primeira vez em muito tempo o vejo sorrir espontaneamente.

— Eu me preocupo — digo, mas ele volta a ficar totalmente inexpressivo.

— Estou bem. Só não preciso de muita agitação ainda. — olho para baixo — Agradeço por tudo que fizeram, eu só preciso me acostumar a tudo isso.

— Tudo bem. — me aproximo mais da cama — Posso me deitar aí com você?